Uma paixão para ficar na história
Objetos guardados por colecionadores são vistos como verdadeiras relíquias, indiferentemente do valor de mercado que possuem. A história que está diretamente ligada a estes objetos, muitas vezes, vale muito mais do que o preço real das peças. Algumas coleções são transmitidas de geração para geração. Outras viram peças de museus. Com a família Tiedt não foi diferente.
Objetos guardados por colecionadores são vistos como verdadeiras relíquias, indiferentemente do valor de mercado que possuem. A história que está diretamente ligada a estes objetos, muitas vezes, vale muito mais do que o preço real das peças.
Algumas coleções são transmitidas de geração para geração. Outras viram peças de museus. Com a família Tiedt não foi diferente. A paixão pelo antigo surgiu no coração do patriarca Egon Tiedt quando ele ainda era muito jovem. Como fazia fretes para mudanças, aproveitava a oportunidade para pedir e até mesmo comprar, móveis e objetos que as famílias desejavam se desfazer.
Alguns destes móveis eram restaurados, outros, em perfeito estado de conservação, eram revendidos. Porém, alguns destes móveis e objetos despertavam em Egon Tietd uma paixão pela história e simbolismo que possuíam. Nestes casos, desfazer-se era impossível.
Egon Tiedt costumava dizer aos seus familiares e amigos que os objetos raros adquiridos eram uma forma de valorização do passado. Assim, seus filhos foram crescendo, os netos foram chegando, e a família convivia de forma harmoniosa com o antigo, com o passado. E mesmo após cinco anos de sua morte, a residência do colecionador, hoje ocupada pela viúva, Erena Tiedt, ainda permite que se respire em seu interior a arte.
E, no mesmo terreno em que mora, a viúva ainda guarda as peças que Egon não disponibilizou à Prefeitura, que as utiliza até hoje no Museu Pomerano. O espaço, que fica ao lado de sua residência, ainda mantém os detalhes deixados pelo patriarca.
O Pommersches Museum era mantido por Egon, que ainda não morava ao lado do Museu, mas passava o domingo inteiro contando as histórias de cada peça aos visitantes.
Erena conta que turistas vinham de diversas partes, inclusive do Brasil, para conhecer o Museu. Egon passava o domingo inteiro aqui. Ele adorava fazer isso e ficava muito feliz quando encontrava uma data nos objetos, pois daí ele tinha certeza de quando eram. Mas ele sabia a história de cada uma delas e a contava repetida vezes, sem cansar, explica.
A história de Egon e sua família também pode ser observada nos quadros espalhados pela casa que eternizam os momentos, nos móveis antigos em todos os cômodos e nas lembranças que Erena conta com tanto orgulho.
O início da paixão – Erena Tiedt conta que seu marido começou a colecionar as peças, por volta de 1970. Ele procurava as coisas que as pessoas iriam jogar fora. Quando ele fazia o transporte das mudanças, ele observava o que as pessoas iriam jogar fora e comprava delas as peças. Muitas coisas ele comprou e depois revendeu, mas outras ainda estão aqui. Coisas que ele não se desfez nem para enviar ao Museu Pomerano, conta.
Instrumentos musicais, ferros de passar roupa, lamparinas, utensílios de cozinha, ferramentas de trabalho manual e até mesmo carroças e carros antigos fizeram parte deste acervo. Coisas que ele gostava, ele não vendia, sempre queria que isso ficasse em Pomerode, revela Erena.
Ciente de que muitas das peças que vendiam seriam utilizadas em decorações de residências, Egon decidiu vender a maioria de suas peças para o museu, a fim de preservar a cultura pomerodense. Durante três anos as peças foram catalogadas, para que fossem enviadas ao atual Museu Pomerano, explica. A maior preocupação de Egon era manter a cultura para que as próximas gerações pudessem conhecê-la e apreciá-la.
O reconhecimento ao trabalho realizado ocorreu quando Egon Tiedt recebeu a medalha das mãos do governador Amin. Ele foi o único pomerodense, naquela situação, que recebeu a homenagem, conta o filho Claudio.
O Pommersches Museum – A inauguração do Pommersches Museum aconteceu no dia 25 de novembro de 1982, dia em que Tiedt completou seu 48º aniversário, em um espaço de enxaimel reconstituído por ele mesmo.
O Museu era mantido por ele e também com apoio do Poder Executivo Municipal. Há mais de trinta anos, ele procurou o prefeito da época para que o museu recebesse algum incentivo, para mantê-lo, afirma Erena.
Dez anos depois de sua inauguração, o casal se mudou para a casa que também fica localizada no terreno do antigo museu. Atualmente, faz cerca de vinte anos que moramos aqui e esse era o sonho de Egon. Morar numa casa de enxaimel, coisa que ele também conseguiu realizar, conta.
A fama do Museu ficou tão grande que nem era preciso convidar os turistas para que viessem conhecer o local, eles apareciam durante todo o dia. Egon não parou de trabalhar para cuidar do Museu, afinal ele conseguia as peças através das mudanças que realizava. Só quando ficou mais velho é que decidiu parar, enaltece Erena.
Dentre as peças de maior destaque estão o carro fúnebre, o do padeiro e também do correio, todos, atualmente, no Museu Pomerano. Ao todo, mais de mil peças foram encaminhadas ao local.
O Museu Pomerano – O Museu Pomerano foi o primeiro ambiente do complexo do Centro Cultural de Pomerode a entrar em funcionamento. Aberto ao público no dia 04 de julho de 2008, desde então, seu acervo de mais de mil objetos, dos mais variados tipos e tamanhos, conta aos visitantes a história do Município a partir da chegada dos imigrantes europeus, no século 19.
Como era de seu desejo manter o museu para a cidade de Pomerode, antes de vir a falecer, em fevereiro de 2008, Tiedt entrou em negociação com a Prefeitura Municipal para a venda do acervo. Assim, sua paixão pela herança dos imigrantes se eternizou em uma preciosa colaboração para a preservação da memória, história e tradição de toda a gente pomerana.
Entre outros objetos e documentos históricos, hoje no Museu Pomerano se encontram carroças, móveis antigos, utensílios de trabalho para a cozinha, acessórios para o vestuário, aparelhos e instrumentos musicais, bibelôs de época, equipamentos e ferramentas agrícolas, além de painéis fotográficos sobre a biografia de Egon Tiedt.