Um ato mais do que especial

Nada pode ser mais saudável para um bebê do que o leite materno. Agora imagine ter o seu filho internado em uma Unidade de Terapia Intensiva e não conseguir ou possuir leite para poder alimentá-lo e, assim, também auxiliá-lo em sua recuperação? A história aconteceu com Ivone Medeiros Raimondi, de 39 anos, que vivenciou dias de angústia quando viu sua pequena Samara internada na UTI, em Jaraguá do Sul, por conta do pulmão esquerdo ter sido tomado pela água do parto.
No entanto, após um dia na UTI, dois dias no Centro de Cuidado Especial da UTI e outros dois dias internada no setor da pediatria, Samara pôde ir para casa com a família e Ivone decidiu que a experiência também serviria de estímulo para ajudar outras crianças.
O estímulo faz referência à doação de leite ao Banco de Leite de Blumenau, unidade que atende Pomerode também. Quando percebi que minha filha precisaria do leite materno do Banco de Leite, eu também me sensibilizei e entendi que uma ação tão pequena é, ao mesmo tempo, tão necessária, conta Ivone.
Ivone possuía leite, mas não conseguia retirar a quantidade necessária para sua filha e, às vezes, nem conseguia retirar. Você fica numa situação em que o psicológico te afeta diretamente e isso reflete na amamentação, explica.
Depois de alguns dias, quando foi para a enfermaria, Ivone sabia que sua filha estava bem e a amamentação foi possível. E, com o incentivo do Banco, Ivone também passou a efetuar a doação.
Samara nasceu no dia 07 de março e hoje, com pouco mais de dois meses, é uma menina saudável, forte e cheia de vida, comprovando que a doação do leite em nada reflete no seu crescimento. É um tabu a ser quebrado. Não estou deixando de alimentar a minha filha para doar o leite. Tenho tanto, que a noite eu tiro, guardo e o próprio Banco de Leite vem a minha casa para buscá-lo, afirma.
O gesto, tão bonito e nobre, é também gratuito. Não há custo algum. Há apenas a força de vontade da mãe, ressalta Ivone.
Além de não possuir nenhum tipo de custo, retirar o leite é rápido. Eu retirei 70ml de leite, manualmente, em cerca de 10 minutos. Não leva tempo e tenho a certeza de que estarei ajudando uma criança, afirma.
Samara é a primeira filha de Ivone e a certeza de que seu leite está sendo sustento e sinônimo de crescimento para ela e também para outras crianças que estão internadas em UTIs é imensurável. Não existe leite que não sustenta. Ele tem, sim, três camadas, mas é relevante para cada caso e saber disso é muito especial, revela.
O Banco de Leite fica em Blumenau e atende as crianças da UTI. No entanto, uma vez por semana a coleta é realizada em Pomerode que possui, apenas, duas doadoras, atualmente.
Após a coleta, o leite é levado para o Banco, em Blumenau, e pasteurizado. Na quinta-feira, eu doei uma garrafa e meia de leite, o que equivale a 750 ml para crianças que teriam que tomar leite em pó, mas poderão se alimentar de forma saudável, fala.
A necessidade de leite materno nos Bancos é tanta, senão mais, do que o sangue nos centros de coleta. Quando a Samara estava no hospital, havia a possibilidade de não ter mais leite por conta dessa escassez na doação. Às vezes é preciso passar por isso para compreender essa necessidade, mas, de qualquer maneira, há tantas crianças nascendo e ajudar o próximo nunca é demais. São bebês, pequenos e indefesos, que precisam disso, finaliza.
As mamães pomerodenses que desejam doar leite ou que estejam apresentando dificuldade na amamentação podem procurar sua unidade de saúde de referência para obter ajuda e orientação adequadas.