Transplantes de rim: quando são necessários e como alguém pode ser um doador
Dos quase 2,4 mil transplantes já acompanhados pela Associação Renal Vida, 17 foram em pacientes de Pomerode
Foto: Gabriel Silva/Comunicação HSI
Você sabia que 90% dos pacientes que possuem doença renal crônica desconhecem o diagnóstico, já que é uma condição silenciosa, geralmente assintomática? É o que afirma o médico nefrologista e presidente da Associação Renal Vida, responsável por oferecer atendimento ambulatorial, hemodiálise e diálise peritoneal para pacientes de mais de 75 municípios catarinenses, incluindo Pomerode.
Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) revelou que uma em cada 10 pessoas no mundo está em risco de desenvolver problemas renais. A pesquisa também apontou que a doença renal crônica será a 5ª maior causa de morte no mundo até 2040, ou seja, em menos de 20 anos.
Além de proporcionar tratamentos como a diálise, a Associação Renal Vida também acompanha a realização de transplantes. Segundo dados da Renal Vida, dos 2.397 transplantes já acompanhados pela associação, 17 foram feitos em cidadãos de Pomerode.
De acordo com o Hospital Santa Isabel, referência no assunto, os transplantes de rim são os mais comuns, tendo o maior número de registros. Em 2024, levando em conta os dados até o mês de agosto, a instituição já havia realizado 121 transplantes de rim. No ano anterior, levando em conta os 12 meses, foram 154.
O maior número deste tipo de transplante, até o momento, foi registrado em 2018, quando o Hospital Santa Isabel realizou 166 operações deste tipo. Nos últimos 10 anos, foram quase 1,5 mil transplantes de rim feitos no HSI e, desde 1980, foram mais de 2,3 mil transplantes de rim na instituição.
Mas a partir de qual momento há a indicação para a necessidade de um paciente passar por um transplante de rim? O médico nefrologista e presidente da Associação Renal Vida, Luis Cláudio Francalacci, explica que, todo o paciente em diálise – tratamento no qual o aparelho realiza parte das funções do rim – desde que não tenha contraindicação absoluta ao transplante, deve ser incentivado e encaminhado a um serviço de transplante renal para avaliação.
“Quando a função renal cai abaixo de 20%, inicia-se a preparação para o transplante, que será realizado no momento mais adequado, conforme o quadro clínico e os resultados laboratoriais do paciente”, esclarece o nefrologista.
Segundo o especialista, 70% das pessoas que realizam a diálise têm hipertensão arterial, diabetes ou ambas as condições. Por isso, as causas mais frequentes de doença renal são a hipertensão e o diabetes.
“Um ponto importante é que 90% das pessoas com Doença Renal Crônica desconhecem o diagnóstico, pois essa é uma condição silenciosa, geralmente assintomática. No entanto, com dois exames simples e de baixo custo, chamados creatinina e albuminúria, que estão disponíveis no SUS, é fácil fazer o diagnóstico. Esses exames devem ser feitos todo ano nas pessoas do grupo de risco, especialmente em diabéticos e hipertensos”, afirma Francalacci.
Sintomas e tratamento
Outro ponto destacado pelo nefrologista é com relação aos sintomas das doenças renais. Em muitos casos, os sintomas só se manifestam em estágios mais avançados das doenças, quando as opções de tratamento se restringem a intervenções mais invasivas, como a diálise ou o transplante.
“Entre os sintomas, que costumam ser inespecíficos, estão cansaço, perda de apetite, emagrecimento, náuseas e, em casos mais graves, vômitos. Um sinal de alerta é o edema (inchaço), inicialmente nas pernas, mas que pode se espalhar pelo corpo em estágios avançados. A presença de espuma na urina também pode indicar lesão renal”, esclarece.
A partir do diagnóstico, começa a avaliação para que se decida qual a melhor forma de tratamento. No caso da diálise, segundo o dr. Francalacci, ela é geralmente indicada quando a capacidade dos rins de filtrar o sangue cai para menos de 10%, bem como surgem outros sintomas característicos da doença renal em estágio avançado. Ainda segundo o especialista, os pacientes diabéticos tendem a precisar de tratamento dialítico de forma mais precoce.
Cuidados em caso de transplantes
Quando o quadro do paciente exige o transplante, conforme já explicado pelo nefrologista, alguns cuidados pós-operatórios são fundamentais para que o resultado do transplante seja o melhor possível, para que o paciente siga sua vida com tranquilidade.
“Há orientações importantes em relação à alimentação, higiene e contatos, além de profilaxias, especialmente no início do processo. O cuidado com a medicação, especialmente os imunossupressores, é crucial para manter o transplante viável. Além disso, é necessário seguir cuidados gerais de saúde”, reforça o nefrologista.
Do outro lado do transplante, há o doador. No Brasil, para que uma pessoa se torne uma doadora de órgãos, basta informar aos familiares ou ao responsável sobre o desejo de doar.
“No caso de doação em vida, como um dos rins, você pode doar legalmente para parentes de até terceiro grau. Para doações a pessoas fora desse grau de parentesco, é necessária autorização judicial. Quanto aos cuidados pós-operatórios para os doadores, é é fundamental cuidar da cicatrização da ferida operatória. No entanto, em pouco tempo, ele poderá retomar suas atividades diárias”, afirma o Dr. Francalacci.
A Associação Renal Vida
A Associação Renal Vida é uma instituição filantrópica especializada no cuidado de pessoas com doença renal, que atua em todas as fases da doença, oferecendo uma linha de cuidado integral e avançada.
A instituição tem como objetivo promover desde a prevenção até a reinclusão social do indivíduo. “Somos um dos mais importantes centros transplantadores do Brasil, sendo reconhecidos como a Capital Catarinense dos Transplantes, responsáveis por 2/3 dos transplantes renais em nosso estado. Nosso objetivo é garantir um atendimento ágil, para que o paciente seja rapidamente inscrito na lista de transplantes e realize o procedimento o quanto antes, uma vez que o transplante é a melhor opção para essas pessoas”, destaca o presidente da Associação.
Atualmente, a estrutura da Renal Vida conta com cinco unidades – Blumenau, Itajaí, Rio do Sul, Timbó e Brusque -, além disso, há uma nova sede em construção, em Florianópolis. Com essas cinco unidades, a Renal Vida atende a 75 municípios da região para atendimento ambulatorial, hemodiálise e diálise peritoneal. Hoje, a Associação atende cerca de 1,2 mil pacientes.