Sobras de madeira são matéria prima para marceneiro
Talento. Ou você tem, ou não tem. Ele pode aparecer na infância ou se manifestar bem mais tarde. De uma coisa pode-se ter a certeza: não dá para comprar.
Talento. Ou você tem, ou não tem. Ele pode aparecer na infância ou se manifestar bem mais tarde. De uma coisa pode-se ter a certeza: não dá para comprar. E já que o assunto é talento, há um nome: Luiz Carlos Carneiro dos Santos, 30 anos, e que há três anos, voltou-se para a marcenaria. Ou melhor, reciclagem de madeira, como ele define seu trabalho.
Registrado como marceneiro autônomo, o paranaense Luiz Carlos Carneiro dos Santos, da cidade de Chopinzinho (a qual cita com orgulho) saiu rumo a Pomerode há 12 anos. De profissão cozinheiro e garçom típico, é hoje um verdadeiro escultor aproveitando sobras de madeira.
Com um olhar especial sobre a madeira, olhar este que nós não temos, Luiz Carlos vê objetos onde nem sonhamos que possa haver. O que não serve para os outros, viram, em suas mãos, as mais diversas peças. Troncos de árvores, raízes, tocos de madeira, sobras de serrarias, troncos retirados do rio, galhos retorcidos, tudo se transforma em matéria prima para mais de 200 itens fabricados artesanalmente por Luiz Carlos.
De um tronco, Luiz Carlos obtém uma gamela rústica. De um nó de pinho, uma cuia. De um galho retorcido, a base de um abajur. De outro pedaço de tronco, um animal. De um pedaço de árvore, retirada do rio, uma concha, uma colher de pau e até um rústico socador.
Aliás, é do rio que Luiz Carlos retira grande parte da matéria prima. “Encontro pedaços de madeira e troncos trabalhados pela própria água e trabalho neles”. E aqui que entra a criatividade e o desenvolvimento do seu trabalho.
Consciente da preservação do meio ambiente, Luiz Carlos diz que ao mesmo tempo em produz seu trabalho, limpa o leito do rio, sem prejuízo a natureza. “Tem gente que desmata e joga a madeira fora ou queima. Isso é um crime”, acredita, citando que o que é lenha para os outros, é artesanato para ele.
Entre os diversos itens que Luiz Carlos produz, sem contar os objetos de decoração, estão tábuas de carne, porta espeto giratório, mesas e banquinhos e uma infinidade de outras peças. De uma simplicidade marcante, diz que o que arrecada com a venda de seu artesanato dá para sobreviver. “Não preciso de muita coisa e gosto de viver assim, mais isolado, junto à natureza, minha grande fonte de inspiração”.
E para quem gosta do artesanal, Luiz Carlos é uma grande fonte. Máquinas são utilizadas muito pouco e quando, só para acabamento. Suas ferramentas básicas se compõem de formões de várias medidas, machadinhos de diversos tamanhos, grosa, martelos e lixadeiras. Através delas, da natureza e do talento de Luiz Carlos, nascem as peças que lhe dão o sustento.