“Se meu Fusca falasse…”
Muita gente conhece essa famosa frase, título de um filme, cujo personagem principal, é claro, é um Fusca. No enredo, Herbie, um Fusca com personalidade própria, é desprezado por um mau caráter que é dono de uma agência de automóveis de luxo e piloto de corridas. Mas o Fusca é acolhido por um piloto boa praça e, em gratidão, o pequeno carro lhe dá diversas vitórias, acabando com a maré de azar.
Muita gente conhece essa famosa frase, título de um filme, cujo personagem principal, é claro, é um Fusca. No enredo, Herbie, um Fusca com personalidade própria, é desprezado por um mau caráter que é dono de uma agência de automóveis de luxo e piloto de corridas. Mas o Fusca é acolhido por um piloto boa praça e, em gratidão, o pequeno carro lhe dá diversas vitórias, acabando com a maré de azar do piloto, que inicialmente não entende que foi o fusquinha quem ganhou as corridas. Porém, ele aos poucos entende que o carro é o principal responsável pelas vitórias e decide correr sempre com ele. Mas ambos têm que lutar contra um rico rival, que usa toda a espécie de golpes sujos para derrotá-los.
Seja na ficção, ou na vida real, o fato é que os Fuscas, carinhosamente apelidados de “besouros da Volkswagen”, se tornaram uma paixão.
Exemplo disso, é o casal Eduardo Nuss e Andreia Krieser, que comprou o veículo que serviria de transporte diário e para deixar o outro carro em casa, apenas nos finais de semana. Mas os noivos, contam que a história virou já durante a primeira semana. “Nos apegamos tanto ao carro, que acabamos deixando o Fusca na garagem e assim utilizando-o apenas para passeios de finais de semana”, diz Eduardo.
O casal conta que o Fusca azul, ano 72, com cerca de 54 mil quilômetros originais, se tornou uma grande paixão. “Gostamos muito de, no final de semana, passear a bordo do Fusca, se torna um passeio muito agradável e prazeroso”, ressalta Andreia.
Como o veículo se tornou um xodó, ele também recebe cuidados especiais, dignos de um integrante da família. Apesar de básicos, os cuidados com o carro o tornam ainda mais especial. “Sempre mantemos o Fusca limpo, brilhando e com a manutenção em dia. São os cuidados que temos com algo que gostamos”, explica Nuss.
Para muitas pessoas, o Fusca é um carro feio, velho, e que não vale a pena. O casal, porém, tem uma outra visão sobre o conceito. “Acreditamos que isto seja apenas uma questão de gosto. Se você gosta de algo, você dá valor a isto. Um fato que responde a isto, é o aumento do número de participantes nos diversos encontros realizados na região e a valorização do automóvel”.
Conceitos à parte, algumas curiosidades rondam o veículo que está na vida de Eduardo e Andreia há quatro meses. “Diversas vezes em que estacionamos o Fusca em alguns lugares na cidade, muitas pessoas ficam curiosas em saber como é ter um Fusca e se gostamos do automóvel. Sempre respondemos que adoramos o Fusca e que é muito prazeroso de dirigir. Geralmente nos questionam se o venderíamos. Mas logo respondemos que nosso ‘xodó’ não esta à venda”, finaliza Andreia.
Outra história de amor com o Fusca é de Rodrigo Lehn. Ele conta que ganhou o carro. “Na época em que fazia faculdade, o dinheiro que sobrava no final do mês, era mínimo, quase nada, então acabei ganhando e foi meu pai quem insistiu e achou um modelo muito bem cuidado – 1971 – e com o tempo, só fui cuidando e fazendo algumas mudanças”.
Ele conta que com carro antigo é preciso se preocupar com tudo, no geral são coisas comuns como em qualquer carro. A parte mais difícil é a lataria e o interior, principalmente pra manter o mais perto possível do padrão original, que é o que dá valor ao Fusca. “E para isso é preciso muito tempo, vontade e gostar do negócio, porque Fusca sujo é velho, fusca limpo é carro antigo”, explica.
Rodrigo conta ainda que o ‘Fuscão’ amarelo é uma de suas grandes paixões, principalmente por todo o cuidado que tem com o veículo, para que ele sempre esteja limpo e brilhando. “Quando passo na rua com ele, uma pessoa chama a outra pra olhar, ou cutuca, é sempre engraçado e legal, além dos vários amigos que se faz, principalmente de cidades distantes, mas que compartilham curiosidades e conhecimentos”, revela.
Apesar dos olhos curiosos de quem vê o carro passando pelas ruas da cidade, Lehn conta que, ultimamente, anda acordando alguns vizinhos quando volta do trabalho. “É por causa do ronco, mas eu não me incomodo. O piso da garagem de casa já está meio lascado. Por que? Fica pra reflexão”, conta bem humorado.
Para quem não tem um Fusca ainda, mas pensa em ter ele deixa um recado: “ter um Fusca pode parecer pouco, mas é valorizando as ‘pequenas’ coisas, que se dá mais valor para as coisas maiores”.
O Fusca: uma história (e uma paixão) de décadas – No dia 20 de janeiro, comemora-se o Dia Nacional do Fusca. Com mais de 70 anos de idade, esse “vovô” é um dos carros mais queridos da história do automobilismo. Se o vovô Fusca falasse, por certo, não deixaria de contar que foi o único automóvel a voltar para a linha de produção por um pedido de um Presidente da República. No caso, Itamar Franco, em 1993.
O projeto do Fusca foi um pedido de Adolf Hitler ao projetista Ferdinand Porsche, ainda antes da guerra. O ditador alemão queria um carro que fosse prático, de fácil manutenção e que durasse bastante.
Em 1935, o carro é lançado oficialmente com o nome de “Volkswagen”, que em alemão significa “carro do povo”. Equipado com motor refrigerado a ar, sistema elétrico de seis volts e câmbio seco de quatro marchas, o Fusca foi uma revolução para uma época em que os automóveis não tinham mais do que três marchas.
No Brasil, o primeiro Volkswagen foi fabricado há 53 anos, mas desde 1950 os “besouros” já passeavam pelas ruas do país. Por uma corruptela do nome, acabou sendo chamado de Fusca e assim ficou conhecido. Desde então foram vendidos no Brasil mais de 3.350.000 “fucas”, outra versão do apelido.
A Volkswagen deixou de fabricar o Fusca no Brasil em 1986. Mas no ano de 1993, o então presidente Itamar Franco, com a ideia de lançar um carro popular, incentivou o relançamento do Fusca. Foram vendidas mais de 40 mil unidades até julho de 1996, quando saiu novamente de produção.
A última montadora Volkswagen a produzir o Fusca encerrou a fabricação do modelo em 30 de junho de 2003, no México, totalizando 21.529.464 de unidades no mundo.
O New Beetle, montado sob a plataforma do VW Golf, foi a alternativa que a Volkswagen encontrou para oferecer uma versão do Fusca que pudesse contemplar todos os avanços tecnológicos da indústria automobilística. O New Beetle segue as linhas arredondadas do velho Fusca, mas as semelhanças param por aí. Diante de tanta sofisticação para alcançar uma boa posição de mercado, venceu a corrida da modernidade, mas deixando para trás o título de “carro do povo”.