Esporte

Rompendo barreiras e fazendo história

Esta é a primeira vez que uma mulher comandará um time no Campeonato Integração de Bairros de Futebol 7 Society.

16 de fevereiro de 2020

Como diz o velho ditado, a primeira vez sempre é inesquecível. E, com isso, vem as responsabilidades, as cobranças, as angústias, mas também, o sentimento de estar marcando algo na história, tanto pessoal, quanto de algum setor da comunidade. E quando se fala de esporte, esse sentimento é ainda mais especial. Denise Zilse, que faz parte do mundo do futebol desde a sua infância, terá um novo desafio pela frente, pois ela foi convidada a assumir o time do Centro / Celtic Pomerode, para a disputa do 15º Campeonato Integração de Bairros de Futebol 7 Society.

Esta é a primeira vez que uma mulher comandará um time na competição comunitária, o que está sendo bastante engrandecedor para Denise. “Pra mim, está sendo uma nova experiência, afinal, é um time que também está começando e os dirigentes do time me convidaram para ser a técnica. É diferente, até porque eu sempre estive dentro de campo e nunca comandei um time, por isso, acredito que vai ser, praticamente, uma ‘faculdade’ para mim”, comenta, com bom humor.

 

É diferente, até porque eu sempre estive dentro de campo e nunca comandei um time, por isso, acredito que vai ser, praticamente, uma ‘faculdade’ para mim.

 

O convite para comandar o Celtic surgiu no fim ano passado, quando Denise acompanhava o seu marido, nos jogos do time. “Assistindo as partidas, comecei a perceber algumas jogadas que não estava dando muito certo, tanto que, eles tiveram três derrotas em três confrontos. Isso me deixou chateada, pois não gosto de perder. Então, no fim de uma dessas partidas, eu comecei a dar o meu ponto de vista sobre o time, como ele deveria ser armado, alterando algumas posições de jogadores. E os dirigentes concordaram comigo, inclusive, mantendo uma postura de respeito com relação às minhas ideias. Aí veio o convite para que eu assumisse o cargo de técnica. Lógico, fiquei surpresa e prometi que iria pensar sobre o assunto. Conversei com meu marido, que me deu todo o apoio e, no começo deste ano, respondi que toparia este desafio, até como uma maneira de incentivar outras mulheres a seguirem pelo mesmo caminho. E como será um trabalho inédito, sei que ficará para a história”, destaca.

 

(Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode)

Denise é uma apaixonada pelo futebol, tanto que, desde a sua infância, está inserida neste meio, portanto, acredita que não terá muitas dificuldades para passar os seus ensinamentos para os jogadores. “Eu sempre trabalhei e joguei com mulheres, que possuem um estilo diferente de conversar e de agir. Mas, como desde pequena joguei no meio dos homens, eu já tenho essa ‘manha’ para me comunicar com eles, conheço a linguagem que precisa ser utilizada. E a minha experiência, com certeza, vai ser fundamental, pois amo futebol, aprendi muita coisa com esse esporte, além de assistir e pesquisar muito sobre este universo”.

 

Respondi que toparia este desafio, até como uma maneira de incentivar outras mulheres a seguirem pelo mesmo caminho. E como será um trabalho inédito, sei que ficará para a história.

 

Só que a comandante do Celtic Pomerode faz uma revelação. “É mais fácil estar dentro de campo. Até porque, não adianta eu ficar gritando para meus jogadores pois, dependendo da situação, não vai resolver o problema. Se o time não obtiver os resultados, eu tenho que assumir a ‘bronca’, afinal, sou eu que estou comandando o time. E de fora, muitas vezes, você pode até opinar, mas nem sempre você será escutada”, comenta Denise, que está se recuperando de uma cirurgia no joelho. “Infelizmente, para mim está sendo complicado voltar a jogar, em virtude da cirurgia que fiz no joelho, a pouco mais de um ano, por conta de um rompimento de ligamento e menisco. Atualmente, estou com dois parafusos no joelho e vou precisar passar por uma nova intervenção cirúrgica. Este também foi um dos motivos que aceitei esta nova batalha. O Bairros é bem visto aqui em Pomerode, na minha opinião, até mais que o próprio Campeonato da Liga Pomerodense”, acrescenta.

 

A ascensão do Futebol Feminino

Não é novidade nenhuma que, há muito tempo, o futebol deixou de ser um terreno exclusivamente masculino. Isso também motivou Denise a estar neste meio e encarar o desafio de comandar a equipe. “O futebol feminino vem crescendo muito, nos últimos anos, tanto que a mídia deu a oportunidade dele ter mais visibilidade, principalmente, após a última Copa do Mundo, realizada ano passado. Isso serve para mostrar que nós, mulheres, também podemos ser grandes protagonistas no esporte. Temos que ‘matar’ a bola no peito e partir para cima”, diz, aos risos.

 

(Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode)

Só que, para isso, o apoio e a união da família é fundamental. E isso, a Denise tem de sobra. “Pelos nossos dois filhos, batalhamos dia após dia, para que sintam o prazer de estarem no meio esportivo. Eu sou mais para o lado do futebol, já o Marcelo é professor de boxe, mas também bate a sua ‘bolinha’. E meus filhos amam jogar futebol, só que, hoje em dia, a tecnologia está estragando muito as crianças. Por isso, sempre tentamos inseri-los neste mundo esportivo, como chegar mais cedo nos jogos e deixar eles jogar um pouco de bola. Gostaria muito que algum deles – ou os dois – dessem certo em algum esporte. O importante é sempre estarmos juntos neste universo e sentir o coração bater mais forte, assim como acontece comigo, sempre que piso em um campo de futebol. E, a partir de agora, essas batidas serão ainda mais fortes”, finaliza a técnica do Celtic.

 

(Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode)

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