Reflexos de uma tragédia
No domingo a Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi palco de um dos maiores incêndios do país nos últimos 50 anos. Este comoveu e fez refletir sobre um dos temas mais polêmicos, a segurança. O incêndio começou por volta das 2h30min de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
No domingo a Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi palco de um dos maiores incêndios do país nos últimos 50 anos. Este comoveu e fez refletir sobre um dos temas mais polêmicos, a segurança. O incêndio começou por volta das 2h30min de domingo, durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico. Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como “sputnik” atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Foram 231 mortos e mais de uma centena de feridos, alguns ainda estão internados devido à intoxicação pela fumaça e outros por ferimentos durante o tumulto. Muitos foram os erros apontados pela justiça, envolvendo desde os donos da boate até os músicos. O país ergueu-se em um grito de dor que ficara marcado para sempre, autoridades locais de Santa Maria tentam achar os culpados e puni-los. Que a justiça seja feita, mas nada trará de volta as jovens vidas tiradas naquela noite. O foco discutido em todo o país é a prevenção contra incêndio, bombeiros ganham mais força e poder de polícia. Novos projetos estão sendo discutidos e novas leis devem ser aprovadas em breve.
Muitos são os questionamentos, quanto às saídas de emergência, extintores, pessoal treinado para utilizá-los, se é permitido show pirotécnico, entre outros. Segundo relatos dos mais diversos meios de comunicação do país, a boate não estava de acordo com todas as normas de funcionamento para estar aberta. De todas as exigências, uma das mais importantes, se não a mais importante, é o alvará cedido pelo Corpo de Bombeiros. Este é o que define, de acordo com a quantidade de pessoas que frequentam o local, os meios de extinção de incêndio que o proprietário deve disponibilizar.
Para que um estabelecimento possa abrir, seja ele um comércio ou uma casa noturna, deve-se solicitar a vistoria do Corpo de Bombeiros. Este é um documento oficial, emitido pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, é um dos principais requisitos para se obter a Licença de Funcionamento dos estabelecimentos. Em Pomerode as vistorias são realizadas pelos Bombeiros Militares, situados à Rua dos Atiradores, 45. Este serviço é feito em todas as edificações e áreas de risco por ocasião da construção, da reforma ou ampliação, regularização, e mudança de ocupação, e necessitam de aprovação no Corpo de Bombeiros, com exceção das residências onde só more uma família.
Para se obter a mesma é necessário se adequar as normas de segurança requisitadas pelos Bombeiros, constando no projeto. Hoje a principal casa noturna de Pomerode (Place Club) esta de acordo com as normas exigidas, bem como a nova casa noturna Wox Club, que abrirá em breve. O 2º Tenente BM Comandante da 2ª Companhia do Bombeiro Militar de Timbó, responsável por Pomerode, Felipe da Silva Daminelli, reforça a importância de manter em ordem as vistorias do bombeiro. Segundo ele, Pomerode encontra-se muito bem na questão segurança.
“Não cabe aos Bombeiros aplicar multas ou fechar estabelecimentos, cada proprietário deve saber o vencimento de seu alvará e procurar o Bombeiro Militar para renovação”. Caso não renove, não terá a liberação dos alvarás junto à prefeitura municipal. Se denunciado, cabe ao Ministério Público aplicar as devidas providências. Em caso de uma fatalidade, poderá responder processo civil ou criminal.
A exigência deste documento se justifica em função dos seguintes objetivos:
• Proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de incêndio;
• Dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao patrimônio;
• Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;
• Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros.
Este documento é obrigatório por lei para prédios comerciais, industriais e até residenciais de determinado porte. Normalmente é um dos primeiros documentos que as companhias de seguro verificam antes de fecharem um contrato ou os órgãos de fiscalização, antes de licenciarem um negócio. É solicitado ainda em caso de sinistros no imóvel, para efeitos de processo.
Como conseguir a vistoria do Corpo de Bombeiros – Conseguir uma vistoria depende de alguns requisitos. Primeiro é montado um “Projeto de Segurança Contra Incêndio”, onde constam todas as medidas de situação de emergência que o imóvel terá, incluindo luzes de emergência, (caso necessite) porta corta fogo, extintores, sinalização de saídas de emergência e outros.
Existem Normas e Instruções Técnicas, Decretos, Leis Municipais, Estaduais e outras legislações que são específicas para cada localidade, por isto o interessado deve contratar profissionais qualificados e experientes para elaboração do projeto e buscar orientação quanto à obtenção e renovação periódica do alvará, que será emitido após vistoria e aprovação do serviço local de segurança contra incêndio.
A validade do alvará dos Bombeiros é de um ano, dependendo do uso, da edificação e da legislação local. A não obtenção ou não renovação, após vencimento, pode invalidar apólices de seguro, ocasionar o fechamento do imóvel, não liberação de outros alvarás por parte das prefeituras, entre outras complicações.
Um país em luto
O Brasil parou no último domingo em frente a televisores e computadores que garantiram a cobertura completa do incêndio em uma boate localizada na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, causado durante a apresentação de uma banda, que utilizou em seu desempenho, sinalizadores, no palco.
Agravado pelo fato de que a boate não apresentava saída de emergência e que funcionava sem os alvarás necessários, o incêndio acabou vitimando 231 pessoas, em sua maioria, jovens com idade média entre 16 e 22 anos. Além dos mortos, mais 70 pessoas encontram-se em estado grave, e mais de 30 sob cuidados médicos, mas sem correr risco de morte.
O incêndio começou por volta das 2h30min e em poucos minutos o fogo se espalhou pelo estabelecimento. Desesperado, um grande número de pessoas correu para os banheiros, que não tinham janelas, morrendo amontoadas, por sufocamento e inalação de gás carbônico e substancias tóxicas oriundas da queima de materiais, como os utilizados para garantir a acústica da boate.
Entre as várias vítimas, quatro eram catarinenses. Os corpos chegaram ao estado no início da manhã de segunda-feira, 28 de janeiro. O corpo de Marina de Jesus Nunes chegou em Maravilha, no Oeste, por volta das 5h. O enterro da jovem de 20 anos aconteceu às 15h do mesmo dia, no Cemitério Municipal da cidade. A jovem morava no Rio Grande do Sul há dois anos para cursar pré-vestibular e pretendia fazer medicina.
Os corpos de Isabella Fiorini, Thaís Zimmermann Darif e Bruna Karine Occai saíram de Santa Maria às 22h de domingo e chegaram em São Miguel do Oeste às 8h.
Isabella era estudante de medicina veterinária e foi velada na Igreja Matriz de São Miguel do Oeste, o corpo da jovem foi cremado na tarde de segunda-feira na cidade. Ela tinha 19 anos e estava matriculada na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Os outros dois corpos foram encaminhados para Belmonte e Guaraciaba, também no Oeste de Santa Catarina. Thaís Zimmermann Darif, de 19 anos, também estudava medicina veterinária e dividia apartamento com Isabella Fiorini. Ela foi velada na Igreja Matriz de Guaraciaba e o enterro ocorreu na tarde de segunda-feira.
Bruna Occai, de 24 anos, era formada em biomedicina e estava em Santa Maria cursando mestrado em bioquímica toxicológica na UFSM. A jovem foi velada em Belmonte, sua cidade natal. O enterro aconteceu no Cemitério Municipal.
Vítimas ainda correm risco de morte
As autoridades de saúde do Rio Grande do Sul e do governo federal estão especialmente preocupadas com os 75 pacientes vítimas do incêndio em Santa Maria que permanecem em estado crítico de saúde, com risco de morte. Somente na cidade onde ocorreu a tragédia com 231 mortos, há 83 pacientes internados, sendo 33 em estado grave.
Os pacientes em estado mais crítico são, em geral, os que estão intoxicados gravemente com a fumaça do incêndio ou sofreram queimaduras intensas. Para este último caso, o Ministério da Saúde pediu ajuda a profissionais de hospitais de referência no Rio de Janeiro e do Paraná, além do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os 75 casos gravíssimos incluem pacientes que precisam de diálise permanente, medicação para manter a pressão sanguínea e ventilação mecânica, por exemplo. Em dois casos, a situação é tão crítica que as pessoas não puderam ser transferidas de Santa Maria para Porto Alegre, porque não suportariam a viagem.
O número de pacientes graves, no entanto, vem sendo reduzido e alguns já deixaram a UTI. Apesar disso, novos casos críticos ainda podem surgir. Segundo o ministro, 30 pacientes procuraram na segunda-feira, dia 28 de janeiro, a Unidade de Pronto Atendimento 24 horas de Santa Maria porque apresentaram sintomas como tosse e falta de ar. “Depois da data do incêndio, mesmo pessoas que inicialmente não tiveram nenhum sintoma, começaram a aparecer com sinais de tosse, falta de ar e começaram a evoluir para o que nós chamamos de uma pneumonite química”, disse.
Hoje, no entanto, apenas duas pessoas apresentaram os sintomas da intoxicação pela fumaça do incêndio. Entretanto, o ministro alerta que os casos de pneumonite podem se agravar rapidamente e levar o paciente à morte se não forem tratados. Por isso, pede que qualquer pessoa que esteve na boate no momento do acidente e inalou a fumaça procure uma unidade de atendimento, se vier a se sentir mal.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os 75 casos gravíssimos incluem pacientes que precisam de diálise permanente, medicação para manter a pressão sanguínea e ventilação mecânica, por exemplo. Em dois casos, a situação é tão crítica que as pessoas não puderam ser transferidas de Santa Maria para Porto Alegre, porque não suportariam a viagem.
O número de pacientes graves, no entanto, vem sendo reduzido e alguns já deixaram a UTI. Apesar disso, novos casos críticos ainda podem surgir. Segundo o ministro, 30 pacientes procuraram neste domingo (28) a Unidade de Pronto Atendimento 24 horas de Santa Maria porque apresentaram sintomas como tosse e falta de ar. “Depois da data do incêndio, mesmo pessoas que inicialmente não tiveram nenhum sintoma, começaram a aparecer com sinais de tosse, falta de ar e começaram a evoluir para o que nós chamamos de uma pneumonite química”, disse.
Hoje, no entanto, apenas duas pessoas apresentaram os sintomas da intoxicação pela fumaça do incêndio. Entretanto, o ministro alerta que os casos de pneumonite podem se agravar rapidamente e levar o paciente à morte se não forem tratados. Por isso, pede que qualquer pessoa que esteve na boate no momento do acidente e inalou a fumaça procure uma unidade de atendimento, se vier a se sentir mal.
Fonte: Revista Exame