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Reaproveitamento dos alimentos

A falta de conhecimento da população sobre as propriedades nutricionais dos alimentos é um dos fatores que levam ao desperdício. Além da conscientização sobre o desperdício dos alimentos, a população também precisa conhecer os que farão bem ou mal para a saúde.

1 de junho de 2015

A falta de conhecimento da população sobre as propriedades nutricionais dos alimentos é um dos fatores que levam ao desperdício. Além da conscientização sobre o desperdício dos alimentos, a população também precisa conhecer os que farão bem ou mal para a saúde.
No entanto, há uma diferença entre reaproveitar os alimentos e aproveitá-los de forma integral. Quando falamos em reaproveitamento, estamos falando, por exemplo, de reaproveitar a sobra do arroz de um dia para fazer um risoto no outro, ou então, de usar os pãezinhos amanhecidos para fazer farinha de rosca. Mas quando falamos em aproveitamento integral dos alimentos, estamos nos referindo ao uso de sementes, talos, folhas e outras partes de hortaliças, frutas e grãos. Nos dois casos estamos tratando de algo muito importante nos dias de hoje, quando discutimos tanto a preservação do meio ambiente, sustentabilidade, consumo consciente, controle de desperdício, etc., explica a nutricionista, Aline Beatris Pruner.
De maneira geral, para uma família tanto o aproveitamento quanto o reaproveitamento de alimentos pode representar muita economia. Mas eu diria mais, é também importante sempre planejar bem as compras e controlar as quantidades dos ingredientes na hora de preparar as refeições. Enfim, sempre tratar os alimentos e os recursos naturais com respeito. Quando praticamos o aproveitamento integral vamos além, pois estamos aproveitando as partes mais nutritivas das frutas e das hortaliças, ricas em vitaminas, minerais e fibras fundamentais para a nossa saúde, ressalta.
E se a ação pode ser feita em casa, escolas e empresas não podem fazer o mesmo, por conta da legislação. A legislação que dispõe sobre a produção de alimentos em restaurantes, cozinhas industriais, escolas, hospitais, lanchonetes e bares não permite o reaproveitamento de alimentos, quando estes já foram servidos aos clientes, por questões de controle sanitário. Mas, infelizmente, esta é uma prática bastante comum, principalmente nos restaurantes tipo buffet, e na minha opinião, na maioria dos casos, por falta de planejamento. E o que me entristece mais ainda, é que por outro lado, também percebo que é muito raro encontrar estabelecimentos que pratiquem o aproveitamento integral de talos, sementes e cascas. Não é à toa que o Brasil é um dos países com o lixo mais rico do mundo. São toneladas de frutas, hortaliças, cascas e talos descartados por dia. Ou seja, reaproveitam  o que não era para reaproveitar e deixam de aproveitar o que deveria ser aproveitado, completa.
Atendendo às normas sanitárias, as escolas do município também não realizam essa prática. Mas trabalhamos bastante com as merendeiras questões sobre planejamento, para que haja o mínimo de sobra possível e evitar o desperdício. No entanto, na questão do aproveitamento sim, os alimentos são usados, sempre que possível, na sua totalidade, não descartando talos e folhas. As merendeiras aprendem até receitas com a utilização de sementes de abóbora e melancia e cascas de banana e laranja, ressalta.
Outra técnica muito utilizada nas escolas pomerodenses é a do branqueamento de legumes e verduras, que nada mais é que o choque térmico antes do congelamento. Isso é efetuado, principalmente, com o que colhemos de nossas hortas, já que nem sempre vamos utilizar tudo de uma única vez. Assim conseguimos manter as características e o valor nutricional das hortaliças, conta.
Quando preparados em boas condições de higiene e armazenados na temperatura correta, boa parte das preparações podem ser reaproveitadas usando a criatividade. Posso citar maneiras bem simples de reaproveitamento ou aproveitamento, como: sobra de arroz – arroz de forno com legumes ou risotos com talos, sobras de frango assado ou cozido, sobras de carne; podemos liquidificar as sobras de arroz e acrescentar em massas de pães e tortas; sobra de feijão – viradinho de feijão e feijão tropeiro; ou podemos escorrer os grãos de feijão e acrescentar em farofas; sobras de macarrão – macarronese com legumes e talos; sobras de carne moída – recheios para panquecas, pastelões ou outros recheios; pães amanhecidos – farinha de rosca, farofas, torradas e brusquetas; frutas muito maduras – geleias, doces e compotas e cascas de maracujá torradas e trituradas – ótimo para enriquecer massas de pães, biscoitos, pastelões, etc. Esta farinha é muito boa para o controle do açúcar no sangue, principalmente para os diabéticos, enumera.
Sempre que se fala em reaproveitamento de alimentos, as questões que envolvem higiene e a segurança preocupam bastante. Casos de infecções e intoxicações alimentares são mais frequentes do que imaginamos. E muitas vezes, elas acontecem dentro de nossas casas. Neste sentido, é bom lembrar que os alimentos que serão reaproveitados precisam ser guardados bem protegidos e sob refrigeração ou congelamento. Outro ponto é sempre que se for reaproveitar alguma sobra do almoço ou do jantar, logo deve-se guardar na geladeira ou no freezer, e jamais deixar os alimentos nas panelas ou em temperatura ambiente, explica.
Uma orientação dada pela nutricionista é de que, na geladeira, os alimentos não devem ficar abaixo dos 5ºC, e no freezer, devem ficar abaixo de -18ºC. Esse controle de temperatura é fundamental para não colocarmos a saúde de nossa família em risco, além de preservar o sabor, as cores e a textura das preparações, finaliza.
Confira a receita vencedora do Concurso de Aproveitamento Integral de Alimentos para Alimentação Escolar de Pomerode, em 2010:

Pão Folha de Brócolis

Ingredientes:

• 01 xícara de folhas de brócolis

• 01 CS de sal

• 02 CS de açúcar

• 01 ovo

• 04 xícaras de trigo

• 01 CS de fermento de pão

 

Modo de preparo: Muito importante higienizar adequadamente as folhas. Liquidificar as folhas de brócolis (mais ou menos cinco folhas grandes), em um pouco de água. Colocar em uma vasilha e acrescentar o trigo, o sal, o açúcar, o ovo e o fermento. Misturar os ingredientes e amassar. Levar para assar, por aproximadamente 45 minutos.

 

Número de Porções: 02 pães de 500 gramas cada.

 

Auxiliares: Nair Romig e Mônica Maas Black

 

Unidade: CEIM Nora Krueger Dallmann

 

Colocação no concurso: 1º Lugar na categoria de Pães e Bolos.

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