Passar trote é crime
Ato prevê detenção de um a seis meses ou multa. Em Pomerode, casos ainda são registrados
Infelizmente um antigo e conhecido problema dos órgãos de segurança ainda ocorre em nossa cidade: os trotes.
E apesar de parecer brincadeira, o assunto é sério e considerado crime, conforme art. 340 do Código Penal – Decreto Lei 2848/40, que diz: Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. A pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Pomerode, não é possível identificar o número de trotes recebidos pela corporação, mas, em sua maioria, são crianças. “Na maioria das vezes ao atendermos o telefone já identificamos o trote com algumas perguntas. É muito comum crianças fazendo uso dos orelhões e telefones celular”, explica.
É importante ressaltar que o Corpo de Bombeiros possui identificador de chamadas. Logo, toda e qualquer ligação fica registrada e é de conhecimento sua origem.
O comandante lembra de um caso em que questionou ao informante sobre o número de onde ligava e, ao perceber que foi descoberto, desligou o telefone. “Já houve uma caso de chamado de acidente onde eu questionei ao solicitante qual era o número de telefone do qual ligava, pois sabia que era de um celular. No entanto, ele me informou um telefone fixo e ao ser questionado sobre isso, desligou”, revela.
No entanto, nem sempre os trotes são descobertos ainda pelo telefone e, nestes casos, os bombeiros acabam deslocando-se à ocorrência que, na verdade, não existe. “Já nos deslocamos para atender ocorrências que não existiam. Lembro de uma chamada em que informaram que havia uma pessoa caída na beira da estrada. Estes chamados geralmente vem de motoristas que passam pelo local. No entanto, quando chegamos lá não havia ninguém, pode ter sido um caso de embriaguez onde a pessoa pode ter levantado e ido embora”, esclarece.
Apesar de ter sido um caso de menor gravidade, é importante ressaltar que enquanto os bombeiros, Samu, Polícia Militar ou Polícia Civil estão atendendo uma ocorrência falsa, outra verdadeira pode estar ocorrendo. “Até hoje, graças a Deus, não aconteceu”, conta.
Porém, outros registros foram efetuados onde, além de descobertas as pessoas que ligaram, uma delas tornou-se bombeira posteriormente. “Há alguns anos eu estava de plantão quando em uma ligação, efetuada de um orelhão em frente ao Pavilhão de Eventos, ouvia-se crianças dando risadas e logo o telefone era desligado. Mas como os orelhões recebem ligações, eu liguei de volta e uma delas atendeu bastante ofegante, dando a entender que estava correndo. Aí a questionei sobre o porquê dela estar ligando aos bombeiros, além de alertar que isso não deveria ser feito pois outra pessoa poderia estar de fato precisando de ajuda e poderia ser prejudicada. A criança respondeu que não era ela e eu disse que a estava vendo fazer isso. Foi quando ela confessou e disse que nunca mais o faria. Outro caso foi de uma menina de 10 anos que nos passava trote da Praça Hans Erns Schmidt. Então a seguramos na linha até que um bombeiro saísse da Corporação e a pegasse com a “mão na botija”. Por coincidência, essa menina era filha de uma faxineira amiga nossa e o bombeiro que a flagrou a levou até sua mãe e explicou sobre os riscos do trote. O bombeiro aproveitou e falou sobre o Programa dos Bombeiros Mirins, do qual ela acabou participando, tornou-se aspirante, atingiu a maioridade e formou-se como bombeira voluntária, junto com a irmã mais velha”, relembra.
Que efetuar trote é crime todos sabem, mas ainda é necessário que as pessoas se conscientizem sobre os prejuízos que uma ação destas pode causar. “O fato dos trotes nos atrapalha muito, pois ficar atendendo ligações e ouvir risos ou chamados falsos não é fácil. Além de atrapalhar o nosso emocional, porque, às vezes, também vem as ligações e ninguém fala nada, geralmente de celular, e quando você liga de volta ninguém atende. Isso nos preocupa, pois não sabemos se é uma pessoa que está sozinha passando mal tentando contato. E, claro, também tem a perda de tempo, uma vez que neste momento alguém de verdade poderá estar precisando de socorro e esta pessoa poderia ser até algum parente de quem está passando o trote”, finaliza.
Por isso lembre-se: é uma questão de educação e conscientização! Não passe trotes e repasse esse ensinamento aos seus filhos, netos, sobrinhos e familiares.