Esporte

O sonho que se tornou uma realidade dourada

Nos Jogos Abertos de SC, em 2014, atleta do Tiro ao Prato colocou Pomerode no lugar mais alto do pódio.

19 de julho de 2020

Uma medalha em Jogos Abertos de Santa Catarina é algo que fica marcado, para sempre. Ainda mais em uma modalidade que não possui muita visibilidade, mas que, à época, vinha em franca ascensão no município. Nesta semana, retornamos ao ano de 2014, quando a competição estadual desembarcou em Itajaí, para a disputa da sua 57ª edição. E as lembranças daquela passagem estão presentes na vida de Ivair José Dalcanali, de 50 anos. Isso porque, na oportunidade, o atleta conquistou a medalha de ouro individual, na modalidade de Tiro ao Prato.

Com uma pontuação de 199 acertos, em 200 tiros possíveis, Dalcanali subiu ao lugar mais alto do pódio, auxiliando os pomerodenses a conquistarem a prata por equipe, na mesma competição. “Foi um dos maiores sentimentos de felicidade extrema que já senti na minha vida, até posso comparar com a alegria e felicidade que senti quando minhas filhas nasceram. Quando o último dos possíveis atletas, que poderia igualar o meu resultado, errou um tiro, já veio a notícia pelos próprios integrantes da equipe: ‘Ivair, você é campeão dos Jasc 2014’. Naquele momento, não pude mais conter minha emoção, chorei de alegria e, até hoje, fico extremamente emocionado, por ter colocado Pomerode no lugar mais alto do pódio”, ressalta.

 

O resultado teve um gosto todo especial. Eu sabia do meu potencial, entretanto, o resultado me surpreendeu. Foi a medalha da superação.

 

Para muitos, aquele resultado pode até ter sido surpreendente, mas não para o Gerente Industrial, que sempre foi às disputas apenas com um pensamento: vencer. “Claro, nem sempre consegui, mas a minha meta é o topo. Tanto que, em 2014, conquistamos nossa primeira medalha de prata por equipe e, daí em diante, vieram bons resultados individuais. Mas, até então, eu nunca havia acertado tantos pratos em uma competição, ainda mais nos Jasc, onde até os atletas mais experientes tremem as pernas quando começa a prova”, conta, aos risos. “Por isso, o resultado teve um gosto todo especial. Eu sabia do meu potencial, entretanto, o resultado me surpreendeu. Foi a medalha da superação”, complementa.

Outro diferencial para a conquista, inclusive, por equipe, foi o foco e a determinação daquele grupo, que não mediu esforços para a prova estadual. “Treinávamos frequentemente e, naquela época, eu podia ‘queimar’ uns cartuchos a mais. Infelizmente, hoje está mais difícil, do ponto de vista financeiro. Mas sempre houve um companheirismo e respeito muito grande entre nós, com uma pitada de descontração, o que resultou na medalha de prata. Nossa equipe teve um desempenho incrível, era um sonho se realizando e não conseguimos esconder tanta felicidade. Essa prata teve um gostinho de ouro”, frisa o atleta.

 

Atirador guarda, com carinho, sua medalha conquistada em 2014 (Foto: Divulgação)

Foco e determinação

Natural de Jaraguá do Sul, Dalcanali tem na cidade de Pomerode num lugar especial, justamente, por causa do Tiro ao Prato. Em janeiro de 2005, o atleta teve o seu primeiro contato com a modalidade, durante o Torneio da Festa Pomerana. “Na sexta-feira que antecedeu a prova, eu recebi um e-mail de um amigo, me convidando para irmos lá e conhecer o ‘tal do Tiro ao Prato’. Eu tinha marcada uma pescaria em alto mar, mas resolvi fazer a troca e foi uma das melhores coisas que fiz na vida, pois acabei encontrando o que procurava. Além disso, tive a sorte de ‘bater na porta certa’, pois quem me orientou, nos meus primeiros tiros, foi o Dr. Ronaldo Ortiz Fugihara, um entusiasta do esporte. Tanto que me sagrei campeão dos iniciantes”, exalta.

A sua performance com armas já vem de criança, quando ganhou, de presente, um estilingue de seu falecido pai, Osni. “Desde aquela época, sempre tive muita afinidade com armas, até os dias de hoje, com uma espingarda calibre 12 que uso para quebrar os pequenos pratos de 11 centímetros, voando a 67 km/h. Por isso, valorizo a experiência do primeiro contato com a modalidade às pessoas que nunca deram um tiro. É assim que conseguimos novos adeptos às práticas esportivas. Quando tive a oportunidade de conhecer esse esporte, que une ação rápida, reflexo instintivo e emoção, eu só ficava pensando no próximo treino, para praticar. Foco e determinação: essas palavras fazem diferença na vida de qualquer atleta”.

 

Equipe foi prata na competição estadual (Foto: Epa Machado)

Desde então, Dalcanali vem colecionando bons resultados na modalidade. “No fim daquele ano, participei dos meus primeiros Jasc, em Chapecó, e a imagem do campeão daquele ano, Neimar Suzim, me fez sentir o desejo de ocupar aquele lugar. Prometi para mim mesmo, que, um dia, chegaria no lugar mais alto do pódio. E esse dia chegou em 2014, o melhor e mais expressivo resultado em toda minha trajetória de atirador esportivo. Em 2017 e 2019, ‘belisquei’ a medalha, ficando na quarta posição. Já no ano passado, trouxemos mais um bronze, que também foi muito importante e comemorado”, frisa.

 

Amuleto da sorte

Além dos treinamentos, dedicação e muita persistência, o segredo do sucesso de Dalcanali pode estar associado a um pequeno objeto que sempre carrega consigo. “Antes de sair para as competições, minha filha sempre me presenteou com algum objeto, para me dar sorte. Tudo o que recebia dela eu levava: uma pedra, um pedaço de papel com alguns rabiscos ou um fio de cabelo, que me acompanhava até os mais longínquos locais das provas. Até que, em um belo dia, no ano de 2010, ela tirou um pequeno tigre de pano, que estava pendurado em sua mochila da escola, e me entregou dizendo: ‘Pai, esse aqui é para te dar sorte’.  Desde então, ele faz parte da minha vestimenta e sempre está presente, onde quer que eu vá praticar o Tiro ao Prato”, conta, emocionado.

 

Desenho evidencia o seu “amuleto da sorte” (Foto: Divulgação)

Dentro deste contexto, o atleta destaca que a equipe de Pomerode tem condições de conquistar novas medalhas, em futuras competições. “Descrevo nossa equipe como uma engrenagem, onde você conhece todos e todos conhecem você. Sabemos do potencial de cada um e essa unidade, essa energia positiva, é que faz a gente superar até o que parece insuperável. Sabemos que podemos contar com cada dente dessa engrenagem, e nesse momento é que nos superamos. Por isso, tenho total confiança nos meus amigos e a certeza de que, apesar dos tempos difíceis, o Tiro ao Prato dará muitas alegrias à cidade de Pomerode”.

 

Hoje, é preciso fazer o máximo com o mínimo, afinal, nosso esporte não é barato e precisamos de políticas seriamente voltadas para o esporte amador. Temos muito potencial por aí, mas, infelizmente, talentos serão desperdiçados se não houver apoio e sustentação.

 

Mas, para isso, é preciso o apoio de todos os setores, para que a modalidade volte a crescer na nossa cidade. “Gostaria de aproveitar o espaço para agradecer, de coração, a ajuda que tenho de alguns amigos. Sem eles, o Ivair já teria parado de atirar. Gostaria de ressaltar, também, o auxílio que temos por parte da Funpeel, sempre presente. Hoje, é preciso fazer o máximo com o mínimo, afinal, nosso esporte não é barato e precisamos de políticas seriamente voltadas para o esporte amador. Temos muito potencial por aí, mas, infelizmente, talentos serão desperdiçados se não houver apoio e sustentação”, comenta.

 

Agradecimentos

Dalcanali também externa o seu profundo agradecimento a todos que o apoiaram, nestes 15 anos de convivência com o Tiro ao Prato. “Minha gratidão eterna a Deus e a Nossa Senhora Aparecida; à minha família que, por tantas vezes, deixei, para participar das provas; à equipe que me acolhe e me ajuda; e, por fim, a todas as pessoas que torcem por mim. No início, elegi minhas referências nesse esporte, sempre tentando me nivelar pelos melhores e, hoje, é muito gratificante saber que sirvo de referência para alguns praticantes. Por isso, gostaria de deixar uma recomendação aos que estão iniciando: acredite no seu sonho e você chegará ao pódio”, finaliza o medalhista de ouro.

 

Comemorando o resultado, nos Jasc de Itajaí (Foto: Epa Machado)

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