Novos modelos para a educação
Por meio Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, futuros professores vão às salas de aula para
acompanhar o dia a dia dos alunos e avaliar possíveis melhorias nos moldes atuais de educação
Desde meados de março deste ano, os alunos dos primeiro e segundo anos da escola José Bonifácio estão passando por uma espécie de laboratório junto aos nove bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, o PIBID.
Supervisionados pelo professor de filosofia, Isaias Kniss Sczuk, os futuros docentes, e atuais alunos do curso de ciências sociais da Furb, vivenciam o dia a dia da escola, bem como os desafios do papel do educador atualmente. Os principais objetivos do PIBID estão relacionados a valorização do magistério na educação básica, bem como a elevação da qualidade inicial dos professores nos cursos de licenciatura ao promover uma integração entre educação superior e educação básica.
Para tanto, os licenciandos são inseridos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, com a possibilidade de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem
Isaias acredita que a iniciativa é uma boa oportunidade para a semeação de novas ideias ao trazer para a escola conceitos mais liberais, com a intenção de verificar o que funciona e o que pode ser melhorado em sala de aula. Cada “pibidiano”, como se auto intitulam os estudantes em tom de descontração, precisa passar quatro horas semanais acompanhando as aulas do supervisor.
Isaias explica que para tornar a aula mais dinâmica, passa uma introdução sobre o assunto a ser discutido, separa os alunos em grupos e cada “pibidiano” desenvolve a pesquisa de acordo com os métodos que consideram cabíveis a cada núcleo.
A estudante de ciências sociais e futura professora, Paula Angelas, de 21 anos, explica que o PIBID é um incentivo à docência. “Esta iniciativa tem contribuído para a avaliação da metodologia de ensino atual. Hoje em dia é possível vislumbrar alternativas ao sistema hierárquico tradicional, no qual o professor fala e o aluno escuta, quando na verdade, ambos podem aprender uns com os outros”, defende.
Para o também bolsista Cleber Valente, de 29 anos, o programa tem sido útil principalmente na ambientação para a profissão que pretende exercer. “O PIBID permite inserir com mais efetividade os profissionais de licenciatura. Assim é possível desde cedo ter familiaridade com a sala de aula. Concluí o ensino médio há 11 anos e fiquei impressionado, ao retornar para a sala, ter encontrado o mesmo sistema de educação daquela época, nos dias atuais. Falta uma sintonia do atual panorama da educação brasileira com os alunos. O país mudou e é importante acompanhar essa mudança e se possível, fazê-la refletir como uma alternativa na grade curricular”, argumenta. O universitário Hugo Komuro, de 19 anos, acredita que o sistema é benéfico em virtude das inovações que permite. “Quando a sala é dividida, conhecemos mais de cada aluno e compreendemos que algumas coisas podem ser feitas de modo diferente. A maneira de se aplicar as avaliações por exemplo, podem ser acordadas junto com os alunos e não ser simplesmente por meio da linguagem escrita. Uma boa alternativa seriam avaliações por meio de encenações teatrais, por exemplo”, justifica.
A proposta também tem agregado valor aos alunos do José Bonifácio. Maria Gislon considera importante a obtenção de novas informações. “O projeto é muito legal, pois os bolsistas trazem um diálogo novo para a sala de aula. No início nem todos estavam participando, mas agora todos compartilham ideias e pontos de vista diferentes”, enaltece. A colega Lorena Borba concorda. “É uma experiência legal. Temos trocado conhecimento. São pessoas novas que nos proporcionam um pensamento diferente, assim como nós alunos, também passamos o nosso ponto de vista”, explica a jovem. Outra aluna, a Gabriela Maas concorda e complementa. “É diferente. Nem todos participam o tempo todo, mas a turma toda está envolvida e podemos expor nossas opiniões, pois somos ouvidos, além disso as aulas são bastante dinâmicas”, conclui.
Isaias enaltece que a prática do projeto pode contribuir até mesmo para que o licenciando tenha a certeza de que quer seguir pelo caminho escolhido. “Muitas vezes a pessoa que deseja se tornar professor o faz motivado por razões, que na prática não são exatamente como o previsto. Um bom exemplo ocorre quando um candidato a docente justifica o desejo de educar, por gostar de crianças. Mas a qual criança ele está se referindo? A algum familiar? A realidade em uma sala de aula é bastante diferente do que se pode imaginar e isso deve ser considerado para aqueles que escolhem seguir o caminho da docência”, finaliza o professor.
Sobre o PIBID – O PIBID é um Programa do Ministério da Educação, gerenciado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), cujo objetivo maior é o incentivo à formação de professores para a Educação Básica e a elevação da qualidade da escola pública.
Sendo um programa de iniciação à docência, os participantes são alunos dos cursos de Licenciatura que, inseridos no cotidiano de escolas da rede pública, planejam e participam de experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar, e que buscam a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem.
As equipes, em diversas áreas do conhecimento, são formadas por: estudantes de graduação (licenciandos), professores das escolas públicas conveniadas (supervisores) e Coordenadores de Área . Para participar do programa, cada membro da equipe recebe uma bolsa mensal.