Meio Ambiente

Novo lar: filhote de onça-pintada resgatado no Amazonas será transferido para Pomerode

Apelidado como “Golias”, o animal era criado como pet por uma família de Santo Antônio do Içá

5 de março de 2025

Foto: Divulgação

Na última semana, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou que a onça-pintada (Panthera onca) resgatada no município de Santo Antônio do Içá, no estado do Amazonas, será encaminhada ao Zoológico de Pomerode.

O Cetas-AM recebeu a onça-pintada, apelidada de “Golias”, entregue por um morador que a mantinha em cativeiro há cerca de oito meses; após encontrá-la, ainda filhote, durante uma caçada na zona rural. A ação foi conduzida pela Polícia Militar, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Turismo do município, a Defesa Civil e técnicos ambientais que realizaram a abordagem e orientaram o morador sobre a ilegalidade da manutenção do animal.

Após passar por análise preliminar, devido à impossibilidade de reinserção imediata na natureza, foi organizada a transferência do felino para o Cetas do Ibama no Amazonas, contando com o apoio do 8º Batalhão de Infantaria de Selva, do Instituto Mamirauá e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O transporte foi realizado por vias fluvial e aérea, com a colaboração do Comando do VII COMAR e da Força Aérea Brasileira (FAB).

Foto: Divulgação

De acordo com o Ibama, o animal encontra-se saudável e desenvolvendo, por meio de reabilitação, os comportamentos naturais de um felino da sua idade. Desde a sua chegada ao Cetas, em 12 de fevereiro de 2025, a onça tem recebido todos os cuidados necessários.

Após exames iniciais, foram identificadas pequenas escoriações nos coxins das patas, resultantes do transporte, e a presença de parasitas intestinais, possivelmente adquiridos pelo convívio com animais domésticos no local em que esteve em cativeiro. O felino também apresentou sinais de leve desnutrição e desgaste nas garras, o que exigiu ajustes na dieta e cuidados específicos.

Para garantir a melhor recuperação possível, o Cetas-AM implementou um plano de enriquecimento ambiental, proporcionando ao animal espaço adequado para descanso, locomoção e exercício de seus instintos naturais. O comportamento do felino tem sido monitorado pelos servidores do Cetas, que estão na unidade 24 horas por dia, para evitar estereotipias e garantir sua adaptação ao ambiente.

Considerando que a onça-pintada é uma espécie ameaçada de extinção, o Cetas-AM consultou o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio) e a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) para definir a destinação mais adequada. Após considerações, ficou definido que o felino será encaminhado ao Zoológico de Pomerode, instituição que participa do Programa de Conservação ex situ da espécie.

Foto: Divulgação

O Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA-SC) já emitiu anuência para a transferência da onça-pintada. No momento, a data do transporte depende da disponibilidade de voos comerciais capazes de realizar o translado seguro do animal. Os documentos necessários para sua destinação estão em fase final de elaboração.

A onça-pintada é o maior felino das Américas e possui uma distribuição histórica desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Entretanto, devido à destruição de seu habitat, à caça ilegal e aos conflitos com atividades humanas, sua população vem sofrendo drástico declínio. Muitos dos animais resgatados apresentam históricos similares ao do indivíduo resgatado em Santo Antônio do Içá, com a perda de suas mães em caçadas e posterior criação irregular por humanos.

Nas duas últimas décadas, o Cetas do Ibama no Amazonas recebeu e tratou mais de 30 onças-pintadas, que correspondem a aproximadamente 35% de todos os felinos recebidos nesse período (onças-pardas, jaguatiricas, gatos-maracajás e gatos-mouriscos).

Entre os contextos que motivaram o resgate ou a apreensão dos animais estão a manutenção ilegal de filhotes e adultos sob domesticação, o comércio ilegal e a caça de animais adultos, que deixam filhotes órfãos. Além dos felinos, o Cetas-AM recebe diversas outras espécies que demandam atendimento, cuidados, reabilitação e destinação.

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