Saúde

Quarentena exige atenção também com a saúde mental

Problemas relacionados ao bem-estar psicológico podem aparecer no período de isolamento social

2 de agosto de 2020

De acordo com especialistas da área da saúde, o isolamento social é uma das formas mais eficazes de se evitar o contágio por coronavírus e, claro, cuidar de nossa saúde física é fundamental, uma vez que o vírus pode causar diversas complicações e, inclusive a morte.

Porém da mesma forma, o cuidado com a nossa saúde mental em tempos de pandemia, é igualmente fundamental. A psicóloga Claudete Soethe (CRP 12/10942) explica que a mudança drástica na rotina é um dos principais impactos causados pela pandemia, uma vez que as novas gerações, incluindo pessoas que tem entre 30, 40 e 50 anos, não vivenciou uma pandemia antes, tratando-se de uma situação completamente atípica.

“Antes dessa pandemia, até então, tínhamos conquistado uma certa liberdade, tínhamos autonomia de ‘ir e vir’, de passear e caminhar em praças, parques, ir a cinemas e podíamos confraternizar com nossos pares, nossos amigos e familiares sem preocupação, expressávamos nosso amor de maneira presencial. Como podemos perceber, estamos vivendo múltiplas perdas de maneira coletiva. Para alguns isso é encarado de maneira tranquila e mais resiliente, outros, que possuem necessidades mais empáticas de aproximação, estão sentindo uma inquietação e uma aflição que parece não ter fim”, avalia Claudete. 

 

Segundo a psicóloga, como seres de apego que somos, nós, seres humanos, precisamos do olhar do outro, precisamos do outro para nos completar, para nos apoiar e nos acalentar. Essa distância física e mais afetiva, nesse momento está fazendo uma falta grande na vida de muita gente. 

“Essa falta de ‘calor humano de toque’ é explicada igualmente pela Neurociência. A pesquisadora Cristina Marquez Veja, do Instituto de Neurociências de Alicante e integrante do Conselho Superior de Pesquisa Ciêntifica da Espanha e da Universidade Miguel Hernández, explica que, desde o nosso nascimento, o primeiro sentido que é desenvolvido em nós é o tato, então precisamos que nos toquem, precisamos sim dos abraços, dos beijos e de todo carinho que pode ser sentido em nossa pele. Cristina ainda destaca, aprendemos sobre o mundo através do tato. Portanto, para nossa espécie humana, esse contato afetivo é vital para todo processo de desenvolvimento emocional, cognitivo, fisiológico e social”, ressalta.

As reações humanas perante a uma situação de crise são moldadas de acordo com os processos de sofrimento e estresse pelos quais a pessoa passou ao longo da vida. Isso quer dizer que cada indivíduo escolhe uma estratégia de enfrentando diferente, de acordo com o que viveu, de acordo com suas experiências que são únicas.  

Antes de sermos acometidos por esta grande crise chamada pandemia, segundo a avaliação da psicóloga, a sociedade vivia o “botão automático da vida” para muitos de nós era uma correria desenfreada. Como medida protetiva, até, Claudete afirma que “vivemos como se nunca fossemos morrer”. Trabalhamos, sonhamos, projetamos planejamos! Toda situação de crise, como no caso uma doença, uma pandemia, faz nos lembrar que temos prazo de validade nessa terra, que podemos ir a qualquer momento e nossos planos e sonhos podem não se concretizar. Quando alguém passar por uma crise muito grande, então, a tendência é avaliar as escolhas, o caminho e toda a vida. A circunstância atual que estamos vivenciando, então nos pede exatamente uma ressignificação de vida.  

“Descobrimos ou nos demos conta, que não temos o controle de tudo! Essa falta de ‘controle’ é justamente o que nos angustia, não é fácil conviver com tantas incertezas e medos. Será que posso adoecer, posso morrer? Será que vou perder alguém que amo? Será que manterei meu emprego? Quando isso tudo vai ter fim? A história da humanidades, revela que não estamos acostumados a lidar com um inimigo que é invisível aos nossos olhos, como é o caso da Covid-19”, afirma a psicóloga.

Ao ficarem em isolamento social, visando proteger a si e sua família, as pessoas isoladas do convívio social e familiar podem começar a apresentar sinais de estresse e de ansiedade. 

“Mesmo que de maneira forçada, essas pessoas precisam se recolher um pouquinho para olharem a sua volta e prestar atenção em que convive ao seu lado, e principalmente, vão ter que ‘bater de frente’ com seus próprios medos e toda fragilidade que, antes, estava lá bem escondidinha. Muito provável que, por falta de tempo antes, não acessavam esse mundo interno misterioso, que vive dentro de cada um de nós”, reflete.

Claudete cita um estudo publicado pela revista The Lancet, em março de 2020, que revisou o equivalente a três mil artigos científicos para verificar os efeitos psicológicos em situações quarentena, sobre a nossa saúde mental. O mesmo concluiu que longos períodos de isolamento social acarretam um quadro grande de transtornos emocionais na população, como estresse crônico, depressão, estresse Pós-Traumático, distúrbios de sono, distúrbios de humor, entre outros. “Realmente, um número grande de pessoas relatam que passaram a desenvolver quadros de enxaquecas, seguidos de insônia e até vômitos. Outras, ainda, relatam que estão mais tensas do que nunca, que vão muito no banheiro (Síndrome do intestino irritado) por conta do quadro ansioso, devido a tantas preocupações que esse cenário atual traz diariamente.

Várias pessoas admitem que o nível de ansiedade subiu drasticamente, desde o início da pandemia. Há quem relate, também, que o nível de estresse e irritabilidade está aumentando muito. Relatam, ainda, que o medo e a insegurança ‘vem em ondas’ e isso faz com que as emoções oscilem o tempo todo, fazendo com que a pessoa sinta-se mais cansadas e esgotadas, mentalmente e fisicamente”, enumera a psicóloga.

Diante destes problemas de saúde mental, que podem se tornar situações mais graves se não tratados com seriedade e cuidado, a psicóloga enumera algumas estratégias que podem ser adotadas para manter imunidade emocional em períodos de “quarentena” e isolamento social.

 

Limitar o tempo de exposição a notícias  

Se você reconhecer que está com medo, ansioso, perturbado e fica mais irritado sempre que acessa as notícias em veículos de comunicação, proteja sua saúde mental, tome uma ação! Limite o tempo de exposição a esse conteúdo. Invista sua energia em outros recursos e atividades que vão gerar uma sensação de “conforto emocional e bem estar psicológico e físico”.

Mesmo que você não possa sair, em casa também é possível fazer atividades físicas que sejam boas para o corpo e a mente. Através da plataforma Youtube, você pode selecionar músicas e um circuito de exercício para dançar e para se exercitar. Assim liberará os hormônios de estresse (cortisol, adrenalina e Noradrenalina).

 

Estimule seus neurotransmissores da alegria com coisas simples

Ouça uma boa música. Sabe aquela canção que lhe traz aquelas doces recordações? Ouça! Sabe, aquela pessoa que quando você conversa, o sol aparece na sua vida? Aquela pessoa que te faz dar boas risadas, que só de ouvir a sua voz, você relaxa, fica leve, então ligue para ela, converse com ela.

Dance, cante, sorria, confie seu coração em oração, eleve sua alma, eleve sua alegria. O cuidado precisa ser integrado, cuide do seu corpo, cuide da sua mente, cuide do seu espiritual.

 

Não confunda isolamento social com abandono. Ame, cuide!

Manter todo cuidado de saúde e higiene conforme orientações dos setores da saúde, para não propagar o vírus por aí é necessário. É nossa responsabilidade cuidar dos mais vulneráveis, cuidar para não adoecermos, porém, não podemos abandonar nossos idosos e as pessoas que amamos.  Distanciamento social não sinônimo de Abandono! Para quem não pode estar presente fisicamente nesse momento, use a tecnologia a seu favor. Você pode manter o vínculo de amor de outra forma. É importante mostrar que você se importa com seu ente amado, ligue com uma certa frequência, converse, ouça o que ele tem a falar. Fale o quanto essa pessoa é importante na sua vida. Não deixe que ela sinta-se esquecida ou abandonada. Quando conversar espalhe palavras que levem esperança, que levem alegria. 
O amor é como um jardim. Você escolher amar o seu jardim. No jardim haverá períodos de seca, em que suas flores vão murchar, haverá também pragas e você precisará combater para que elas não matem suas plantinhas, você não desiste do seu “jardim” você cuida dele.

No amor é a mesma coisa, assim como uma plantinha, você terá que cuidar do seu “amor” e ter muita paciência, pois haverá “períodos de seca” haverá do mesmo modo, ervas daninhas O amor precisa ser regado diariamente através de boas palavras e boas atitudes. Não podemos “abandonar nosso amor” o que precisamos é oferecer o alimento que ele precisa para nunca morrer.

Em tempos de pandemia ou não, cuide do jardim de sua vida. Porquanto se vier acontecer uma fatalidade, sinto muito, mais vale lembrar que o tempo não voltará…
“Se eu pudesse voltar atrás, faria tudo diferente”. O “SE” não existirá! Viva hoje, seja feliz HOJE, declare o seu amor hoje, seja grato pelas bênçãos da sua família, da sua saúde, do sol e da chuva, da casa, de tudo que o cerca. O agradecimento, a comunhão com seu mundo espiritual e emocional devem ser um hábito em sua vida, para que o equilíbrio não falte. Decida viver bem, ame a sua vida cuide dela, cuide de você, cuide de quem você ama.

 

 

 

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