Memórias esportivas, que solidificam um amor fra(eterno)
Marinho Rahn relembra momentos vividos ao lado do irmão Max, falecido no último dia 15.
Foto: Arquivo pessoal
A vida é passageira, mas o amor e as boas lembranças ficam para sempre. Apesar de ainda estar vivenciando a dor da perda, é nisso que se apega Marinho Rahn, para superar a perda de seu irmão, Max, no último dia 15 de abril.
Ao puxar pela memória, não é difícil para ele relembrar os momentos que vivenciaram juntos, principalmente, dentro das quatro linhas, em campos de Pomerode e de toda a região.
“Tínhamos três anos de diferença, então, não foi muito difícil convivermos juntos. Quando crianças, estudávamos na Escola Prudente de Morais e, quando voltávamos para casa, no Wunderwald, já íamos para o campo jogar bola, ou aqui perto de casa, no antigo Botafogo, ou no campo que tínhamos atrás da nossa residência. Ali, a gente procurava aprimorar nossas técnicas”, declara.
E nem mesmo o anoitecer era empecilho para que pudessem fazer aquilo que mais gostavam. “Conseguimos uma lâmpada de 100 watts e colocamos lá, para dar uma iluminada no campo. Esses ‘treinos’ nos ajudavam, tanto na força do chute, quanto nas suas defesas. Ele sempre falou que isso foi fundamental para o seu crescimento dentro do futebol”, acrescenta Marinho.
Aos 15 anos, Max foi para o Vasquinho, também do Wunderwald, sendo acompanhado logo depois por seu irmão. “Ali vivenciamos muitos bons momentos, como o bicampeonato da Taça Pomerode, em 1986 e 1987. O clube se afirmava no cenário futebolístico de Pomerode, então, pudemos dar nossa contribuição para este crescimento”.
Marinho conta que o irmão chegou a ter uma experiência profissional, no antigo Palmeiras, de Blumenau. “Ali, ele teve toda a estrutura à disposição e chegou a disputar algumas partidas pelo Campeonato Catarinense, como reserva de Nilson, ex-Figueirense. No entanto, por pressão da família, ele teve meio que ‘abandonar’ esse sonho, para que fosse trabalhar”.
Max ainda passou pelo Serrinha e Atlético Itoupava, onde também marcou a sua história, com boas defesas e títulos, ao lado do irmão. “Pelo Atlético, também vivenciamos vitórias e derrotas, mas sempre buscando apoiar um ao outro. Uma passagem marcante foi quando fomos campeões com quatro jogadores pomerodenses no elenco. Além da gente, o time tinha o zagueiro Amarildo e o atacante Bruno, quando fomos campeões do Torneio de Verão da LBF”.
Após este período, ambos passaram a atuar juntos em competições regionais, pelo time da Marinho Sports, criado por eles. “Jogar ao lado dele era especial. Sempre foi muito exigente e perfeccionista, mas, ao mesmo tempo, dono de um ‘coração enorme’. Apesar de ser extremamente competitivo e ficar chateado com as derrotas, nestes momentos difíceis, sempre buscava a conciliação e uma palavra de apoio. Isso o ajudou muito no período em que comandou os Veteranos do Ribeirão Areia. Essas características fizeram com que adquirisse muito respeito dentro do futebol regional”, declara Marinho, emocionado.
E nem mesmo quando passou por dificuldades de saúde, Max perdeu a fé e o amor pela bola. “No início do ano passado, ele chegou a jogar com a nossa patota, mas as dores o impossibilitaram de continuar, infelizmente. Até mesmo quando teve problemas na córnea, no ouvido e quando operou o ombro, assim que era liberado, estava eu lá, chutando para que ele pudesse defender”.
Marinho diz que em todas as equipes pelas quais atuou – Vasquinho, Botafogo, Primavera, 25 de Julho, Caramuru, Floresta, Cruz de Malta, Vitória, Aliança, Atlético Itoupava, Serrinha, entre outras, deixou a sua marca e fez amigos.
“Muitos me dizem que ele foi um dos maiores goleiros que Pomerode teve e isso é motivo de orgulho. Por isso, só tenho a agradecer por Deus tê-lo colocado na nossa vida. Foi uma perda muito grande para o futebol e para a família, mas devemos continuar, afinal, sua memória e o que ele construiu, neste mundo, devem ser preservados”, finaliza.