Manifestação pacífica

Alguns aplaudiram, outros reclamaram a presença dos manifestantes que protestaram em frente ao Portal Norte, na rua Presidente Costa e Silva. Por ironia, a manifestação ocorreu na rua que leva o nome do governante conhecido por ter marcado a época de chumbo da ditadura no Brasil.

O número de adesão não foi dos maiores, mas a causa que levou cerca de 30 pessoas à rua em pleno sábado, 28 de fevereiro, dia de confraternização do Stammtisch em Pomerode, a apoiarem uma causa bem maior, que ameaça paralisar de vez o país, com a greve dos caminhoneiros. 

De acordo com um dos organizadores da ação, o taxista John Zibell, de 44 anos, a ideia surgiu quando começaram os protestos dos caminhoneiros por causa do aumento do combustível. Um grupo foi formado em uma rede social para a troca de informações sobre a greve e os diálogos acabaram culminando na realização do ato do último sábado. “Decidimos organizar um ato de protesto em repúdio a forma que nosso país está sendo administrado e, principalmente, mostrar nosso apoio aos amigos caminhoneiros, pois não é certo eles carregarem esse fardo sozinhos. Tivemos pouco tempo hábil para organizar e convidar todos os amigos para participar deste ato. A princípio, o objetivo era bloquear a SC-110 por um determinado período, mas ao conversar pessoalmente com o Capitão Kleine, da Polícia Rodoviária Estadual, pedindo o apoio de uma guarnição, ele nos informou que como várias rodovias poderiam ser paralisadas, ele só poderia nos ajudar por uns 20 minutos. Decidimos, então, junto com o Capitão, que faríamos nosso protesto no Portal Norte da cidade. Já que o intuito era de mostrarmos nosso apoio aos caminhoneiros e nossa indignação ao desgoverno. “Foi entregue um oficio a nossa Policia Militar e a Getran que iríamos fazer o nosso ato”, explica o manifestante.

O protesto durou cerca de duas horas, com início às 15h. Por volta das 16h, houve a paralização do trânsito, mas ao invés da bagunça esperada para uma manifestação, os participantes cantaram o hino nacional. O gesto agradou a maioria dos presentes, tanto que alguns motoristas saíram dos próprios carros para cantar junto. Após o ato de patriotismo, o transito foi liberado e os manifestantes realizaram uma passeata pelo Centro da Cidade. “Tirando a baixa adesão ao protesto, o resultado foi muito positivo. As pessoas que passaram buzinavam e agradeciam pela nossa iniciativa. Isso mostra que muita gente também está insatisfeita com o que está ocorrendo em nosso país”.

Para John, a manifestação é um ato de demonstração pública sobre o descontentamento com o atual governo. “Acho que é uma das maneiras de mostrar ao governo que não estamos satisfeitos. Infelizmente, a nossa região não esta acostumada com esses atos. Mas agora é o momento de nos unirmos, dar as mãos e mostrar ao governo que não somos palhaços e não somos nós que devemos pagar a conta da corrupção”.

Para uma solução mais efetiva, o manifestante enxerga a necessidade de haver muitas mudanças. “Do jeito que está a situação, não restam dúvida que as leis contra os corruptos deveriam ser mais rigorosas, devíamos pedir a repatriação do dinheiro que está nos paraísos fiscais. E outra coisa, como é possível os ministros do STF responsáveis pelo julgamento dos corruptos, serem escolhidos por partidos que estão no poder? As coisas iriam funcionar muito melhor caso o dinheiro arrecadado com impostos retornassem a origem. Pois todos sabem que o Brasil está em último lugar no ranking dos países em aplicação do dinheiro arrecadado. Fazendo isso tudo melhoraria, saúde, educação, estradas, etc. Temos que nos conscientizar. É o futuro de nossos filhos que está em jogo. Temos que mostrar a eles que nós, pais, lutamos por eles. O impeachment só, não resolverá o problema, pois o legado corrupto continuará no poder. Por isso temos que exigir condenação severa aos que estão destruindo o Brasil. Queria deixar aqui meus agradecimentos a todos que participaram deste evento, em especial a Polícia Militar, que ajudou e colaborou o tempo todo. Estou sempre frisando que o caminho da vitória se dá com o primeiro passo”, finaliza John.