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Magrit Krueger presta esclarecimentos à população

A ex-prefeira Magrit Krueger reuniu a imprensa para esclarecer alguns fatos com relação à condenação de sua pessoa, no processo envolvendo ainda outros ex-prefeitos de Pomerode.

1 de setembro de 2005


A ex-prefeira Magrit Krueger reuniu a imprensa para esclarecer alguns fatos com relação à condenação de sua pessoa, no processo envolvendo ainda os ex-prefeitos de Pomerode, Henrique Drews Filho e Reimund Viebrantz, em ação civil pública, movida pelo Ministério Público de Santa Catarina, aforada pelo promotor de Justiça Odair Tramontin e sentença proferida pela juíza de Direito Iraci Satomi Kuraoka Schiocchet. Da decisão cabe apelação ao Tribunal de Justiça.


Demonstrando tranqüilidade, disse que sua conduta sempre foi esclarecedora, e assim vai continuar. “Gostaria de esclarecer ao povo o que aconteceu e o que diz respeito à minha pessoa, tanto na vida particular, quanto na pública”, frisou a ex-prefeita, hoje secretária da Agricultura, Indústria e Comércio.


Ressaltou que, em momento algum, se sente culpada do que a acusam. “Não assumo responsabilidade nenhuma quanto a administrações anteriores à minha. Mesmo tendo sido vereadora na época, não tenho nada a ver com a situação já criada”.


Questionada sobre a continuidade da URBE em obras no município, quando assumiu em 2001, esclareceu que isso se deu em função de vários projetos em andamento. “A nossa preocupação foi a continuidade dos trabalhos da Secretaria de Planejamento, pois na época não existiam profissionais técnicos na área em Pomerode”.


Ela ressalta que, também para esta continuidade, foram feitas novas licitações, sendo que a URBE venceu. “Existe uma comissão responsável pela análise das propostas de licitação e desta, eu nunca fiz parte”. A respeito do valor pago à empresa em sua gestão, ela frisa que de janeiro a junho de 2001 foram pagos somente R$ 14.250,00.


Reafirmando que sua consciência estava tranqüila, disse que se houve irregularidade por parte da empresa, ela não sabia. Foi enfática ao dizer que não sabia que o deputado João Pizzolatti fazia parte do quadro de sócios, embora a empresa fosse de seu irmão, Ariel Pizzolatti.


“Quando fui procurada pelo promotor público, na época Odair Tramontin, que levantou o assunto, fui imediatamente procurar o deputado Pizzolatti. Tive a garantia pessoal de que não havia nada de ilegal e que ele não era sócio”, revela. Ressalta que, naquela época, confiava muito no deputado João Pizzolatti, até mesmo porque os dois eram do mesmo partido (PP), tendo inclusive apoiado a campanha do mesmo.


Conta que assim como todos os políticos que assumem, ela também teve que prestar contas e declaração de bens próprios quando foi eleita chefe do Executivo pomerodense. “O que tenho até hoje é fruto de anos de trabalho meu e de meu marido (Elmo Krueger), como empresários. E estes bens hoje estão indisponíveis”.


Depois desta situação, a ex-prefeita declarou que a confiança no deputado terminou. “As conseqüências desta confiança estão aí, com a criação de toda esta situação, que é bastante complicada”, lamenta. Disse ainda que se sentiu traída e que dificilmente conseguirá confiar novamente em Pizzolatti. “Também me senti traída pelo próprio PP, pois consultei a diretoria estadual na época e não obtive respaldo”.


Em junho de 2001, Magrit Krueger resolveu reincidir o contrato com a URBE. “E se eu assim o fiz, é porque realmente havia algo de irregular. Esta decisão não agradou ao deputado, tanto que não me atendeu mais. Na eleição passada, me disse claramente que eu não era de confiança e que eu havia deixado seu irmão desempregado”, desabafou.


Antes disso, em 16 de fevereiro de 2001, a Secretaria de Planejamento foi reformulada, sendo que Ariel permaneceu ainda como funcionário, até que o novo secretário, Cláudio Krueger se inteirasse dos projetos e processos em andamento. “Depois, verificamos que Ariel Pizzolatti não era imprescindível na secretaria e também por recomendação do Ministério Público, o demitimos”.


A ex-prefeita diz ainda que, com o amadurecimento da nova equipe do Planejamento, levantou-se algumas suspeitas na contratação da empresa e a confirmação do deputado João Pizzolatti como sócio, mesmo que não gerenciador, quando então houve a rescisão de contrato.


Já com recurso da ação na Justiça, a ex-prefeita salienta que se sente entristecida em sofrer as conseqüências por uma coisa que é inocente. Ela aproveitou a oportunidade para falar sobre as muitas críticas que sofreu ao colocar seu filho, Cláudio Krueger, como secretário do Planejamento. “Ele é engenheiro civil, competente e nada mais justo do que contratar alguém em quem a gente confia plenamente”. Ela lembrou que o nome de Cláudio foi aprovado para o cargo pela Câmara de Vereadores.


Inconformada com a situação, Magrit Krueger tem hoje suas contas bancárias bloqueadas pela ação judicial, assim como indisponíveis todos os seus bens patrimoniais. “São 40 anos de trabalho duro e que hoje estão à mercê da Justiça. E isso por conta de R$ 14.250,00, o que daria hoje aproximadamente R$ 35 mil”.


Magrit Krueger está hoje afastada (férias) do cargo de secretária da Agricultura, Indústria e Comércio. Mesmo assim, diz que realiza contatos diários com os funcionários. E enquanto isso, aguarda a resolução dos problemas. “Conto com o apoio do prefeito Ércio e da vice-prefeita Ivone Spranger.


Quando indagada sobre o futuro político, abre um sorriso e diz que nasceu para a política e não a descarta de sua vida. “Só não me conformo é com tudo o que está acontecendo. Para mim, dinheiro público é sagrado. Não admito desvios e mensalões. Prefeitos, deputados, senadores, todos ganham seu salário e têm que fazer jus a ele e não se aproveitar do que é do povo”.


Entenda como se deu a condenação


A condenação pelo Ministério Público dos três ex-prefeitos se deu por fraude na contratação, de 1997 a 2001, pela prefeitura do município, da empresa Urbe Engenharia e Consultoria Ltda., anteriormente denominada Pizzolatti Engenharia e Consultoria Ltda., de propriedade do parlamentar e de seu irmão, o engenheiro Ariel Arno Pizzolatti. Segundo a ação, foram pagos à empresa mais de R$ 220 mil, de agosto de 1997 até junho de 2001. Mas antes mesmo da realização da licitação, a empresa já havia recebido da prefeitura de Pomerode, no dia 22 de julho de 1997, o valor de R$ 1.920.000,00.


Em graus variados, todos foram condenados civilmente à suspensão dos direitos políticos, a exceção para a ex-prefeita Magrit Krueger, perda da função pública, ressarcimento integral e solidário do dano equivalente aos valores pagos à empresa, pagamento de multas civis e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.

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