Do erudito ao popular

Quando a noite caiu no último domingo, dia 3 de agosto, os músicos já estavam com seus instrumentos afinados para a apresentação que fariam na Associação Cultural Musical TXAI. A recepção calorosa e tranquila da coordenadora e também musicista, Dalci Valentin, de 64 anos, somada à bucólica atmosfera do espaço, davam um tom de uma calma poética, que trazia a sensação de se entrar na residência de um artista.

A pequena casa lotou, os assentos foram pouco a pouco ocupados e quando se viu, havia gente sentada no chão, de pé e até observando o pequeno palco pela janela do lado de fora. Mais de sessenta pessoas compareceram para prestigiar os professores e escutar as belas melodias que soavam de notas e acordes dos violões, piano, pandeiro, violoncelo e flauta.

O repertório foi bastante variado, com base na escolha pessoal e nas experiências musicais de cada professor e nos diferentes estilos que caracterizam cada instrumento.

A professora Letícia Wolf com seu violoncelo, trouxe-nos a Chanson Berceuse, de Henrique Oswald, pianista e compositor do período romântico e que era, sem dúvida, um romântico, no melhor sentido da palavra. O piano ficou por conta de Weider Martins.

A professora Sandra Irber, optou por sambas-choro de compositores brasileiros (Vou Vivendo de Pixinguinha e Polichinelo, de Almanyr Grego e Gadé), bem à vontade com sua flauta transversa, tanto no popular quanto no erudito, e encontrou forte ressonância nos colegas Oscar Silva, que domina com naturalidade o violão e Mayla Iara, que arrasa no pandeiro.

Pelas experiências com jovens alunos, Oscar e Mayla optaram pelo Jazz do saxofonista Charles Parker Jr e a poesia de Chico Buarque, dois mestres singulares em seus estilos distintos.

Weider Martins, o pianista, harmonizou-se do erudito ao popular acompanhando os colegas e também mostrou sua habilidade vocal participando das duas peças populares que fecharam a noite – o quinteto vocal formado por Mayla, Sandra, Weider e Matheus Gorigoitia, este representando os alunos, e a professora Dalci, responsável pelo evento.

A coordenadora conta que, possivelmente, esse foi o primeiro projeto aberto à comunidade, mas certamente não será o último. Nossa intenção é repetir a dose, com os professores, com os alunos e eventualmente convidados especiais, grupos ou solistas, que queiram compartilhar sua música com a comunidade pomerodense. Todos os presentes manifestaram-se, cumprimentando e parabenizando, agradecidos, os professores e a iniciativa. Se o repertório era desconhecido para muitos, foi por todos muito bem recebido. A platéia, entre 08 e 80 anos, apreciou com sensibilidade e aplaudiu euforicamente todas as interpretações. Todos elogiaram a iniciativa, o cuidado e o carinho que se percebeu nos detalhes de preparação do espaço e de cada performance, enaltece Dalci .