Osterfest

Conheça a família criadora da arte do Maior Ovo de Páscoa do Mundo, da 17ª Osterfest

Família Raduenz conta como foi o processo de criação da arte e fala sobre suas tradições e memórias relacionadas à Páscoa

22 de março de 2025

Foto: Isadora Brehmer / JP

Uma das principais atrações da 17ª Osterfest é o maior ovo de páscoa decorado do mundo, que neste ano homenageia a tradição de tingir os ovos de galinha com Eierkraut, a “Erva do Ovo”.

Desta vez, a obra de arte a ser reproduzida no ovo ficou sob a responsabilidade de uma família: a Raduenz. Há mais de uma década o casal Genemir e Jerusa, e o filho Gustav resgataram a tradição dos antepassados de decorar ovos com pigmentos naturais.

Jerusa é professora de Artes e Genemir, além de administrador, tem como hobby a pesquisa sobre a história de Pomerode. O interesse em comum os levou a procurar o Eierkraut, guardada na memória afetiva de muitos pomerodenses.

“Retomamos a prática da pintura das casquinhas de forma natural, antes da Páscoa e, eventualmente, postávamos nas redes sociais sobre isso. Nossa intenção sempre foi mostrar que a tradição da pintura com o Eierkraut existia. Então a base da pintura das casquinhas, em nossa casa, era o roxo do Eierkraut e usávamos folhas ou flores para fazer o que chamamos de decalque no ovo, com folhas e flores que tínhamos em nosso quintal, como a Schmetterlingsblume, uma flor que deixa a coloração laranja ao ser feito o decalque”, contam

Em 2024, quando surgiu o convite, por parte da Associação Visite Pomerode (Avip), para fazer uma arte para o ovo, a família produziu alguns modelos baseados na forma como faziam há alguns anos, até chegar à arte final. O maior desafio, para a família, foi encontrar harmonia entre as plantas que seriam os elementos do decalque, ou seja, achar as plantas mais adequadas.

“Todas as plantas retratadas, simbolizando os decalques, são do nosso jardim, então houve essa preocupação de utilizar coisas nossas, mantendo a harmonia. Até porque é bem diferente utilizar estes elementos em um ovo de tamanho tradicional, de galinha, porque as folhas ficam grandes e em uma dimensão maior tínhamos que deixar tudo harmonioso. Nos preocupamos em não perder a essência dos elementos, mas que visualmente fosse atraente na arte do ovo gigante”, comentam.

Além da arte do ovo gigante, a família também produziu uma serie de ovos decorados inspirados no Maior Ovo de Páscoa do Mundo, o que foi um desafio, pois a floração já estava caindo, além do excesso de chuva, então foi necessário procurar por flores e folhas menores, encontrar os brotinhos e fazer em proporção menor.

Para a família, também é um orgulho ver que uma tradição familiar da nossa região está sendo resgatada e que a arte desperta nas pessoas as memórias afetivas, estimulando a volta do uso do Eierkraut para a pintura das casquinhas.

“É gratificante ver o reconhecimento acerca da nossa produção e, melhor ainda, receber as pessoas perguntando como se faz, para reproduzir com seus filhos, isso é mais gratificante ainda”, pondera Jerusa.

“Muitas pessoas nos perguntam como é feito e, diferente do que muitos acham, não temos uma plantação de Eierkraut (risos), então não temos em grande quantidade, apenas para nosso consumo. Mas nos dá orgulho ver que as pessoas estão interessadas em resgatar estas tradições, ver que uma festa, uma arte inspirada nosso trabalho é capaz de ativar a memórias das pessoas para resgatar tradições. Este era o objetivo maior de todo o processo, que conseguimos atingir. Ficamos orgulhosos pelo contexto histórico cultural agregado”, declara Genemir.

A Páscoa como um momento em família

A celebração da Páscoa sempre foi um momento especial para a família Raduenz. O filho Gustav relembra algumas das memórias de momentos especiais de sua infância, com diversas atividades em família.

“Quando eu era pequeno, na época antes da Páscoa, meus pais faziam os ovos pintados e eu achava muito legal, por ser um ovo todo decorado, que antes era branco. Conforme fui crescendo, comecei a ajudar em algumas coisas, como mexer os ovos na panela na hora de fazer a coloração, por exemplo. Também sempre fazemos a Osterbaum, cortando um galho de uma árvore e decorando com casquinhas, que pintávamos em casa. Na manhã de Páscoa, lembro de procurar os ovos no jardim da minha casa”, conta.

Genemir comenta, também, que suas pesquisas revelaram um pouco da origem da tradição da pintura dos ovos. Segundo ele, antigamente, os alemães tinham como hábito comer um ovo cozido pela manhã. “Como a Páscoa era um dia especial, eles coloriam os ovos para depois comê-los, e assim surgiu esta tradição que já dura por séculos, embora tenha passado por adaptações. Lembro da minha avó e da minha mãe (Dona Elsira Ewald) fazendo a pintura com o Eierkraut”, conta.

Jerusa, por outro lado, teve na infância a tradição da pintura das casquinhas já com a tinta sintética, além de relembrar os momentos de decoração das cestinhas com papel de cedo. “Pintávamos as casquinhas para depois minha mãe enchê-las de balas, para procurarmos na manhã de Páscoa”.

Depois, já como professora, Jerusa conta que realizava a pintura de casquinhas com seus alunos, inclusive participando do concurso municipal. E foi durante as aulas que alguns alunos trouxeram a técnica de pintura natural e Jerusa comentou sobre com o marido, Genemir.

“Ele, então, contou que tínhamos o Eierkraut em casa e que era algo que os avós dele faziam. Tentamos fazer a pintura usando o Eierkraut em casa, e depois fui para a sala de aula explicar para os alunos como era feito”, conta.

“Neste sentido foi feita a pesquisa história para contextualizar a prática. E depois muito se comentou sobre isso, resgatando histórias e memórias sobre o uso do Eierkraut, que é uma prática de Pomerode e da região, onde há descendência alemã. Há cerca de 10, 15 anos, no local onde moramos, havia uma lavoura, e que foi onde achei o Eierkraut”, completa Genemir.

Hoje, a Páscoa da família Raduenz sempre tem a decoração da casa e do jardim, com a montagem da Osterbaum e, na Semana Santa, são mantidas as tradições como o cozimento dos ovos no sábado. “Ficamos mais introspectivos, em casa, fazendo reflexão e aproveitando o tempo em família”, finalizam.

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