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Comando feminino

Desde o dia 16 de dezembro, Pomerode conta com o comando da Tenente Carolina Maria Bachmann no Pelotão da Polícia Militar da cidade.

1 de junho de 2015

Desde o dia 16 de dezembro, Pomerode conta com o comando da Tenente Carolina Maria Bachmann no Pelotão da Polícia Militar da cidade. Em pouco menos de um mês, a nova comandante da PM demonstra simplicidade, carisma e pulso firme.

A carreira na polícia iniciou há oito anos, quando efetuou o concurso para oficial da Polícia Militar. Eu estava no quinto semestre do curso de letras, habilitação em português, na Federal, quando, por incentivo da família, decidi ingressar na carreira. Somos uma família de três militares, onde um dos meus irmão é sargento do exército e o outro era soldado, quando decidiu fazer concurso para a polícia militar e me incentivou a fazê-lo também. Fui conhecer a academia e, como gosto de desafios, decidi seguir em frente, mas antes disso, fiquei um ano no exterior, o que já havia decidido fazer. Quando retornei, prestei o concurso para oficiais, conta.

Após a aprovação, o curso de formação durou mais de três anos. O meu concurso foi o último em que apenas o ensino médio era necessário, por isso o curso demorava três anos e meio e a formação era bacharel em segurança pública. Atualmente, para efetuar o concurso é preciso ter ensino superior completo em direito e o curso dura apenas dois anos, por conta disso, explica.

Sabendo que segurança pública é e sempre será pauta, a tenente revela que gosta de desafios e sabe das dificuldades e deficiências. Depois que fui conhecer a academia e decidi seguir neste caminho, também aprendi que é difícil em alguns aspectos, pois o clamor pela segurança é veemente e deficiências do estado também existem, mas gosto de desafios e acredito que Pomerode tenha sido um presente para mim, pois eu queria comandar um pelotão, completa.

Segura e objetiva, a tenente Maria falou sobre diversos assuntos à equipe do Jornal de Pomerode. Confira os temas abordados abaixo:

 

Segurança – Temos trabalhado bastante, mas também temos as nossas limitações. Então, o que a gente puder vamos fazer, mas algumas posturas podem ser tomadas pela população e, com isso, auxiliar na segurança.

Pomerode está crescendo e, querendo ou não, com o crescimento as pessoas acabam perdendo um pouco do contato com seus vizinhos e esse ponto do vínculo com os vizinhos é muito importante, pela questão da vigilância.

O efetivo de Pomerode trabalha e demonstra trabalho, só que a cidade está crescendo, não apenas um crescimento populacional, mas também econômico e essa relevância econômica acaba atraindo, também, a criminalidade.

Vamos buscar formar parcerias dentro do município, com o Conselho Comunitário de Segurança que temos aqui, que foi reativado e ainda está engatinhando. No entanto há muita coisa que eles também podem fazer, principalmente fomentar a prevenção primária, que é aquela dentro da escola, família, igreja.

Trabalhando com esses níveis, que não atuam na segurança pública, mas que influenciam diretamente nela. Muito de prevenção em segurança pública se faz com a comunidade como, por exemplo, falta luz na minha rua e vou resolver isso. Essa ação torna o local menos vulnerável e interfere diretamente nesse quesito.

Buscar aproximar, também, a relação entre as polícias, já que somos poucos em ambas as instituições, cada uma com suas atribuições, mas agindo em parceria.

 

Número de efetivo – Temos uma limitação numérica hoje, que é nosso principal empecilho, mas dentro das nossas possibilidades estamos trabalhando bem.

Em nosso estado há um problema bem grave quanto a isso e a tendência é piorar. Por exemplo, na área da 2ª Companhia, que são nove municípios, onde mais de 33% do efetivo vai atingir nos próximos cinco anos, a idade para aposentadoria. Na verdade, 33% já chegou a esta idade e outros 33% vão atingir. Isso é reflexo da falta de inclusão de 10, 15, 20 anos que reflete agora. Temos que arregaçar as mangas e trabalhar com o que nós temos e buscar outras formas de ação.

A criminalidade vem mudando de estratégias e também temos que buscar novas formas de agir.

 

Videomonitoramento – Teremos ainda esse ano a nosso favor, a implantação do sistema de videomonitoramento. Acredito que ainda no primeiro semestre as 20 câmeras serão instaladas em diversos pontos do município.

O convênio tem vigência de cinco anos, onde a contrapartida do município é a manutenção do sistema e da sala. As imagens serão armazenadas em um servidor e, com isso, serão guardadas.

Esse sistema auxilia em muitos pontos, pois a população se beneficia ao poder solicitar as imagens por questões cíveis, como acidentes de trânsito. Além disso, ajudam nas investigações de crimes que já ocorreram, coibir a criminalidade e de forma preventiva.

Apesar de hoje em dia a função de coibir esteja cada vez menos efetiva, pois hoje os roubos acontecem de cara limpa e os criminosos sabem que tem monitoramento. Infelizmente a viatura não consegue estar em todos os locais, mas com o videomonitoramento ações suspeitas podem ser comunicadas.

O monitoramento acontece 24 horas por dia e vem para somar e facilitar o trabalho. O policial que está no Copom também auxilia no monitoramento, mas haverá um profissional dedicando-se somente a isso, pois são 20 câmeras e o fluxo é intenso durante o dia, necessitando de bastante concentração e foco para fazer bem feito.

Devido aos últimos acontecimentos percebemos que a população pede pelas câmeras e que elas já teriam auxiliado em muitos casos. Até então, busca-se pedir as imagens de estabelecimentos privados, mas a qualidade nem sempre é boa e não nos permite identificar ou ver placas. É um fator que vem agregar e será uma mudança importante para 2014.

 

Festa Pomerana – Até agora não tivemos nenhum incidente de furto na área da Festa. As vias de fato foram mínimas, onde tivemos duas situações no sábado, dia 12 de janeiro. Onde uma delas os seguranças levaram os envolvidos até nós e o caso foi resolvido ali mesmo, em nosso posto. E o outro caso, um pouco mais grave, que envolveu lesão, foi feito boletim de ocorrência.

A festa é extremamente tranquila, segura e familiar. O público da Festa é diferenciado, vem realmente para se divertir, curtir a música, a gastronomia, não para promover tumulto, sendo raríssimas as exceções. Pude perceber isso olhando os relatórios de festas passadas também.

Também percebo a preocupação da comissão organizadora em manter esse perfil da Festa. Há um número bom de seguranças na parte interna, sendo a nossa função externa, tendo surtido um bom efeito, onde ninguém vem nos procurar para notificar furtos o que, infelizmente, ocorre em outros eventos devido ao acúmulo de pessoas.

Também tivemos um caso de embriaguez, onde o cidadão que avistou a polícia teve um comportamento estranho e foi abordado, percebendo que havia grandes indícios de embriaguez. Isso não ocorreu nas barreiras da Festa, mas em uma das transversais, foi efetuado o etilômetro e constatada a embriaguez.

 

Trânsito – Acidentes de trânsito ainda têm grande demanda e é o que mais toma tempo da polícia militar atualmente. Não teve nenhum dia em que não há registro de acidente de trânsito e há dias em que ocorrem mais de três. São situações que demandam tempo, justamente onde há lesões.

A maioria destas situações acontece durante o dia, pelo menos no período em que estou aqui.

A embriaguez ao volante também demanda atenção, cuidado e trabalho preventivo, para que possamos diminuir o número de acidentes de trânsito. Mesmo que, em sua maioria, os acidentes durante o dia não possuam registros de embriaguez, embora tenhamos feito alguns flagrantes de condutores dirigindo sob a influência de álcool.

É bom quando podemos abordar o cidadão antes que algo pior aconteça.

 

190 – É muito comum que a população ligue direto para o telefone da Polícia Militar. O policial que está aqui conhece a realidade, sabe quem são as pessoas que estão nas ruas e são suspeitos.

Blumenau atende 10 municípios através do 190, sendo eles pertencentes à 10ª Companhia. Se essa realidade for para ser alterada a decisão virá do comando geral, uma política que vem sendo implantada no estado inteiro.

Com isso, um dos principais objetivos é reduzir o número de efetivo e, também, pela dificuldade de telefonia em algumas áreas. Por exemplo, há cidades onde existe apenas dois policiais. Eles não vão aguardar as ligações, mas estarão nas ruas e um sistema transfere as ligações para o celular. No entanto, em áreas remotas ele talvez não funcione. Em nossa região essa dificuldade de comunicação também acontece.

O fato é que, apesar dessa descentralização, muitas ligações ocorrem diretamente ao Copom, seja por conhecer algum policial ou pela facilidade do policial em reconhecer os locais, mesmo que o nome da rua não seja dado. Em cidades menores isso ocorre muito.

 

Mulher no comando – Por incrível que pareça, não percebi nenhum tipo de resistência. Trabalhei desde que me formei em Blumenau e lá também nunca tive problemas com isso, com menos acatamento de ordens e decisões. Pelo contrário, nossos homens são de respeitar e tratar de forma neutra a todos.

Aqui em Pomerode não tive nenhum problema interno ou externo, mas percebo uma boa aceitação com pessoas da comunidade e autoridades, sendo a receptividade muito boa. O que importa é mostrar trabalho e vamos nos esforçar para isso.

Pomerode tem essa facilidade, pois já se tem mulheres a frente há muitos anos. Sendo prefeita, juíza, promotora, já tendo uma boa aceitação das mulheres em cargos estratégicos no município.

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