Carta do Leitor
No último domingo (17/02), recebi uma ligação pela manhã, bem cedo, avisando-me que meu sogro dera entrada no hospital, sendo atendido primeiramente pelo Dr. Cleiton, que encerrava seu plantão. Pensei, 'deve ser mais uma das crises de falta de ar, ficaria internado, e depois de alguns dias retornaria para casa'.
Fé na vida
No último domingo (17/02), recebi uma ligação pela manhã, bem cedo, avisando-me que meu sogro dera entrada no hospital, sendo atendido primeiramente pelo Dr. Cleiton, que encerrava seu plantão. Pensei, 'deve ser mais uma das crises de falta de ar, ficaria internado, e depois de alguns dias retornaria para casa'. Meu noivo dirigiu-se imediatamente ao hospital, e pouco tempo depois, retorna-me comunicando que a situação era mais grave do que imaginávamos e que ficaria por lá com ele. Decidi ficar com meu noivo no hospital, dando apoio. Enquanto esperávamos, e nessa situação o tempo parece ser dolorido demais, vi pessoas entrando e saindo do pronto atendimento, pessoas compreensivas e pessoas que reclamavam da demora, ainda que atendente avisasse a cada uma, que havia emergência e o médico demoraria um pouco para prestar o atendimento. Quando a gente está do outro lado, compreende o que as pessoas passam. As pessoas que esperavam não poderiam imaginar o que se passava na sala de emergência… Enquanto elas esperavam, a equipe de trabalho do plantão de domingo estava tentando manter viva uma pessoa muito querida para nossa família. Agradeço a compreensão e peço desculpas pela demora, no entanto, sugiro que as pessoas pensem antes de simplesmente julgar. Aproveito a oportunidade para agradecer o Dr. Tiago, médico plantonista, e a equipe que com ele trabalhou, pela dedicação e empenho. Principalmente, por terem acreditado e feito cumprir com o juramento que um dia fizeram: o sim pela vida. Obrigada, por terem acreditado que meu sogro valeria mais uma tentativa, ainda que o quadro dele fosse grave. Em nenhum momento o médico, Dr. Tiago, negou a gravidade do quadro. Mas também não desistiu. ACREDITAR e LUTAR PELA VIDA. Agradeço ainda aos dois socorristas que, por coincidência ou 'destino', estavam no hospital trazendo uma emergência e auxiliaram o médico num dos momentos mais críticos. Desconheço o nome de todas as pessoas que por ali passaram e nos prestaram ajuda, um olhar atencioso ou simples sorriso de compreensão. Obrigada pelo apoio! Passei o dia no hospital e vi as pessoas trabalhando sem parar, correndo de um lado para outro, se desdobrando, mas procurando atender, com o melhor humor, as pessoas que ali se encontravam. Às vezes penso o quanto criticamos e julgamos sem saber. Criticar é fácil e muitas vezes preciso, mas hoje venho agradecer pelo que recebi da equipe do pronto atendimento no domingo. Graças ao médico que, desconhecendo meu sogro, ACREDITOU e fez valer que enquanto o coração bater ou houver um sopro de vida, ou mesmo que tenhamos ínfimas chances…..elas devem ser tentadas. Como escreveu Fernando Pessoa: tudo vale a pena quando a alma não é pequena! O Dr. Tiago acreditou e no final do dia, meu sogro começou a responder à medicação e foi encaminhado para a UTI… Não sei quanto tempo ficará, se haverá ou não recuperação…. Mas pelo menos tentamos!!! Embora naquela manhã, tenha ouvido de outro médico que pelo quadro clínico do meu sogro não valeria a pena tentar, e que talvez não passasse daquele dia, ele continua vivo até o momento! Se é justo tentar ou não… Não sei… Deus que sabe… Mas cabe a Ele decidir, ainda que façamos tudo que pudermos… Sou professora/ educadora, e o dia que deixar de sentir um frio na barriga ao entrar numa sala de aula, é porque a profissão que escolhi deixou de valer a pena. E procurarei outra coisa que me desperte vida… Não seria justo com meus alunos fazer do momento de aprendizagem algo maçante e sem vida. Assim, ao médico, que possa ter deixado de acreditar, que enquanto há vida, ainda que pequena, não vale a pena lutar e tentar, mude de profissão! Não há pecado ou problema em mudar e ser feliz de outro modo, há sim, em matar os sonhos de quem acredita ou de simplesmente decretar a morte de quem ainda vive! Obrigada pelo apoio e orações!
Vanessa Kohls