Caminhoneiros protestam por valor mínimo do frete no país
Manifestações ocorrem em pelo menos 5 estados.
Reunião entre a categoria e o governo terminou sem acordo nesta quarta (22).
Caminhoneiros fazem um novo dia de protesto nesta quinta-feira (23) pelo país. Eles exigem mudanças no preço dos fretes.
As manifestações são motivadas pela falta de acordo com o governo para a fixação de um valor mínimo, obrigatório, para o frete no país.
Segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, uma tabela nacional com preços “não tem apoio constitucional e é impraticável”, devido, por exemplo, às diferenças na qualidade das estradas e dos tipos de cargas transportadas nos diversos pontos do país.
“Estudamos muito a proposta, nos dedicamos muito a examinar uma série de alternativas, mas o fato é que o tabelamento impositivo é impraticável”, disse Rossetto nesta quarta-feira (22), após reunião com representantes dos caminhoneiros.
Ocorrem e já ocorreram atos em Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Veja a seguir a situação em cada estado:
MATO GROSSO
Sete trechos de duas rodovias de Mato Grosso estão bloqueados por caminhoneiros nesta quinta-feira. Segundo a assessoria da Polícia Rodoviária Federal (PRF), as manifestações são na BR-364 e BR-163. Os caminhoneiros permitem a passagem apenas de carros, ônibus, ambulâncias e veículos oficiais. Não há registro de grandes congestionamentos.
De acordo com a PRF, em Lucas do Rio Verde o bloqueio começou por volta de 1h [horário de Mato Grosso] no km 686 da BR-163. Também existem bloqueios em Rondonópolis no km 200 e 206 da BR-364, onde 30 caminhões estão parados na pista desde as 6h30, sem grande congestionamento.
Um grupo de caminhoneiros iniciou outro bloqueio na BR-163 em Sorriso, a 420 km de Cuiabá, por volta de 10h (horário local), no km 748.
PARANÁ
Até as 11h, a PRF registrava protestos em quatro rodovias federais no Paraná. Caminhoneiros estão sendo orientados a parar em postos de combustíveis às margens das BRs 277 em Medianeira, Cascavel e Laranjeiras do Sul e, na BR-163, em Capitão Leônidas Marques. Nestes trechos não há bloqueios.
Na BR-467, em Toledo, e na BR-376, em Marialva, apenas veículos de passeio podem seguir viagem.
Em Laranjeiras do Sul, os manifestantes estavam direcionando os caminhões para o pátio de um posto de combustíveis. Carros de passeio e os demais veículos eram liberados.
De acordo com a PRF, durante a madrugada também foram registrados protestos na BR-277, em Irati, mas foram encerrados após negociações com os policiais. Os bloqueios foram parciais e os demais veículos não foram impedidos de passar.
RIO GRANDE DO SUL
Os caminhoneiros retomaram nesta manhã os protestos em estradas do Rio Grande do Sul. Pelo menos seis rodovias tinham trechos com manifestações até as 12h20. Dessas, cinco são federais, e uma, estadual.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os bloqueios ocorrem na BR-470, em Veranópolis, na BR-285, em Ijuí, na BR-472, em Santa Rosa, na BR-158, em Panambi, e ainda na BR-386, em Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) informou um ponto de manifestação na ERSC-287, em Venâncio Aires. Em Soledade e Três Cachoeiras, o fluxo foi liberado por volta das 12h desta quinta.
Motoristas de carga estão sendo obrigados a parar pelos manifestantes em todos os pontos de protestos. No bloqueio de Soledade, no km 243 da BR-386, mais de 20 caminhões que tentaram passar foram apedrejados, segundo a PRF.
SANTA CATARINA
Caminhoneiros estão desde a madrugada às margens de rodovias no Oeste de Santa Catarina para protestar. A primeira concentração registrada foi em São Miguel do Oeste, por volta da 0h. Um grupo de pessoas ligadas ao movimento chegou a solicitar a adesão de caminhoneiros, interceptando veículos, mas a Polícia Militar Rodoviária impediu.
Cerca de 20% dos quase 900 postos de combustíveis do Oeste catarinense ficaram com as bombas secas após motoristas lotarem os estabelecimentos com receio de novos bloqueios nas rodovias catarinenses entre a noite de quarta-feira (22) e manhã de quinta (23), informou Sindicato dos Postos de Combustíveis de Chapecó.
Desde de a madrugada desta quinta, caminhoneiros estão às margens de rodovias no Oeste de Santa Catarina para protestar após categoria não chegar a um acordo com o governo federal sobre o valor do preço mínimo do frete no país na quarta-feira. Entretanto, não houve bloqueios até as 9h, informou a PRF.
SÃO PAULO
Caminhoneiros estão parados em postos e estradas da região de Ribeirão Preto (SP) aguardando uma maneira de voltar para casa sem ficar no prejuízo. Eles reclamam que, além da baixa oferta de fretes, as propostas que aparecem não pagam o suficiente para compensar os gastos com a viagem de retorno.
Além da incerteza sobre quando vão voltar para casa, os motoristas dizem estar economizando com itens de primeira necessidade devido ao acúmulo de despesas causado pela espera.
“Difícil até para ficar estacionado, porque se tu não paga o estacionamento não fica. Hoje, por exemplo, se tu não paga ou não colocar uma cota de óleo de abastecimento no seu caminhão tu não tem onde ficar, tu não tem onde tomar banho de graça”, afirma o caminhoneiro Joel Corrêa.