Bicos e mamadeiras prejudicam a amamentação
As chupetas e mamadeiras são responsáveis, entre outros fatores, por retirada insuficiente do leite do peito, ganho inadequado de peso e desmame precoce ? até sérios problemas dentários e de fala.
As chupetas e mamadeiras são responsáveis, entre outros fatores, por retirada insuficiente do leite do peito, ganho inadequado de peso e desmame precoce ? até sérios problemas dentários e distúrbios na fala. Na busca de incentivar a amamentação exclusiva e garantir a saúde das crianças, o governo desaconselha o uso desses produtos. Na maioria das vezes, quando os bebês utilizam bicos e mamadeiras paralelamente à amamentação, passam a não querer mais sugar o leite do peito ou sugam com menor intensidade. Assim, eles não conseguem retirar a quantidade de alimento necessária para sanar a fome e desenvolver-se adequadamente. Como os bebês não se sentem satisfeitos, choram de fome minutos após a mamada, levando as mães a acharem que seu leite é fraco ou pouco, e a substituírem a amamentação pelo uso de leites industrializados ofertados em mamadeiras. Com isso ocorre o desmame precoce, que leva à perda de oportunidade de fortalecimento do sistema imunológico da criança, aumentando a incidência de doenças, principalmente diarréias e doenças respiratórias como pneumonia e gripe. As diarréias e os problemas respiratórios são as mais importantes causas de mortalidade em crianças com mais de 28 dias de vida e menos de 1 ano. Muitas mães pensam que a chupeta é útil porque ajuda o bebê a parar de chorar. No entanto, pode apenas mascarar algum problema. O choro da criança é uma forma de comunicação. Pode ser um sinal de que algo não vai bem ou de que ela quer a presença de alguém, colo ou carinho. Quando uma criança chora, espera sempre como resposta um aconchego, um afago, e nunca ser condicionada a ficar calada com uma borracha na boca. O Brasil dispõe de uma legislação forte e consistente para normatizar a promoção comercial de chupetas, bicos e mamadeiras, assim como dos alimentos indicados para consumo de lactentes e das crianças até os 3 anos de idade. A lei proíbe a propaganda desses produtos em qualquer meio de comunicação, incluindo merchandising e divulgação por meios eletrônicos, escritos, auditivos e visuais. Também proíbe a realização de estratégias promocionais para induzir vendas ao consumidor no varejo. Isso inclui exposições especiais, cupons de desconto ou preço abaixo do custo, prêmios, brindes e vendas vinculadas a outros produtos não cobertos pela norma. Segundo a coordenação da Política Nacional de Aleitamento Materno, a legislação tem o objetivo de proteger, promover e apoiar a amamentação, com base nas recomendações do código internacional de comercialização de alimentos para lactentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). A coordenação assinala a importância da regulamentação do comércio de bicos e mamadeiras para o resgate da prática do aleitamento materno exclusivo. O Ministério da Saúde vem fortalecendo o sistema de monitoramento e vigilância do cumprimento das normas previstas na legislação. Para isso, tem capacitado profissionais de Saúde com atuação nas áreas materna, infantil e de vigilância sanitária. Com o trabalho, espera-se que esses profissionais reconheçam a importância da amamentação e os malefícios do uso de chupetas e mamadeiras, e denunciem as infrações observadas, principalmente nos serviços de saúde e nos pontos de venda. As capacitações realizadas pelo ministério são finalizadas com uma ação efetiva de monitoramento da norma. Os profissionais treinados visitam hospitais e pontos de venda desses produtos, e checam o real cumprimento da lei. Eles observam se há distribuição de amostras grátis dos produtos, propagandas em cartazes, outdoors e outras ações que ferem a lei. Os profissionais de Saúde também são responsáveis por esclarecer e orientar a população sobre os riscos do uso de bicos e mamadeiras para a criança. Legislação normatiza comercialização A legislação brasileira não proíbe a fabricação dos bicos, chupetas e mamadeiras, apenas normatiza sua comercialização. No País, o consumo desses produtos ainda é considerado bastante elevado. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em 1999, a média de uso de mamadeiras no Brasil é de 62,8% e de chupeta, de 52,9%. A partir da pesquisa, foi possível estabelecer a relação do uso desses produtos com o desmame precoce. Foram avaliadas as capitais de 26 estados brasileiros. Somente o Rio de Janeiro não fez parte da pesquisa. O trabalho apontou Maceió como a cidade com maior proporção de crianças alimentadas por meio de mamadeiras ? 75,5% dos bebês de 0 a 364 dias de vida. Já o Distrito Federal foi o local que apresentou o menor índice, com 48,5%. Em relação ao índice de uso de chupetas, Porto Alegre mostrou a maior prevalência, com 69,2%, e Macapá, a menor, com 32%. A meta do ministério para o aleitamento materno exclusivo é aumentar a prática no País em 20% até 2006. Desse modo, a meta com relação ao uso de mamadeiras e chupetas é uma redução também de 20% até 2006. Maternidades devem evitar uso de bicos Uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) determina que as maternidades inseridas na iniciativa Hospital Amigo da Criança não ofereçam bicos e mamadeiras aos recém-nascidos. No Brasil, existem leis específicas sobre esse assunto. O Distrito Federal é um exemplo. Por meio da lei de número 454/93, proíbe-se o uso de bicos, chupetas e mamadeiras em todas as maternidades públicas e privadas. O interesse do Ministério da Saúde em relação à legislação é garantir um excelente padrão à saúde das crianças brasileiras”, destaca a coordenadora da Política Nacional de Aleitamento Materno do ministério, Sônia Salviano. “Defender a norma significa defender a criança”, completa.