Esporte

Uma experiência especial e inesquecível

Pomerodense supera seus limites e se prepara para alçar voos ainda maiores.

11 de novembro de 2021

Dona de duas medalhas de bronze em Jogos Paralímpicos, a modalidade de Vôlei Sentado ocupa uma posição de destaque, pelo fato de se tratar de um esporte verdadeiramente inclusivo, o qual qualquer um pode participar. Tanto que, desde março de 2020, uma pomerodense ocupa uma das posições da Associação de Paradesporto de Blumenau (Apesblu), o que a fez vivenciar um dos maiores momentos em sua vida.

A levantadora Marciana Seiler Piske, de 37 anos, foi convidada para participar do Campeonato Brasileiro de Vôlei Sentado Feminino, que ocorreu no Ginásio Municipal de Esporte José Maria Paschoalick, em Ourinhos (SP) entre os dias 1º e 06 de novembro. Acompanhada pela companheira de equipe, Suzi Pasquali, e do técnico Anderson Ronchi, Marciana disputou a competição pela Adesul, do Ceará.

 

Time da Adesul, do Ceará  |  Foto: Divulgação


 

A oportunidade surgiu mediante um convite muito especial. “O técnico da Seleção Brasileira, José Antônio Guedes Dantas foi quem me convidou, me indicando para jogar pela equipe do Ceará, para que eu pudesse agregar conhecimento no Vôlei Sentado e saber mais sobre técnicas e jogadas. Então, pedi para que convidasse a minha companheira de time Suzi. Eles aceitaram e acabaram levando o Anderson, para ser assistente técnico da equipe. Como a Adesul também é uma equipe iniciante, foi um grande aprendizado para todos”, destaca a pomerodense.

A campanha iniciou contra a Adap (GO), comandada pelo técnico da Seleção, cuja partida terminou 3 a 0 para as goianas, mas nada que tirasse a confiança de Marciana. “Foi o primeiro contato que tive com minhas novas companheiras de time. E mesmo com o resultado adverso, posso dizer que conseguimos superar limites e fazer bons pontos. Eu, inclusive, marquei alguns ‘aces’, o que me deixou muito feliz”, relata.

 

Marciana em ação, durante a competição nacional  |  Foto: Divulgação


 

No segundo jogo, a Adesul foi novamente derrotada, pela Adfego, também de Goiás, por 3 a 0. No entanto, na partida seguinte, diante da ADM (SE), o resultado positivo apareceu, por 3 a 0. “Foi sensação maravilhosa, pois tivemos a experiência de ganhar uma partida oficial. Naquela hora, me emocionei muito, pois sabia que tinha deixado tudo dentro de quadra, com um resultado favorável. Este foi o jogo onde conseguimos nos entrosar e superar limites”.

Já na decisão do quinto lugar, o adversário também contava com jogadoras da Seleção Brasileira. “Jogamos contra o Antares, de Alagoas, e acabamos derrotadas, novamente, pelo placar de 3 a 0. Terminamos na sexta posição, mas à frente de outras equipes iniciantes. Ou seja, podemos dizer que, entre as estreantes, ficamos em primeiro”, ressalta, aos risos.

 

Seleção Brasileira

Aliás, “tietar” as medalhistas de bronze nas Paralimpíadas de Tóquio foi uma das principais “atividades” da pomerodense durante a sua estadia em Ourinhos. “Conhecer essas meninas foi uma experiência enorme, afinal, elas são um exemplo. Aliás, não só exemplo, mas também, um objetivo, pois quero chegar ao nível delas. Inclusive, tenho um contato virtual com a Adria Silva, que vem me ajudando no desenvolvimento das minhas técnicas. Infelizmente, não pude conhecê-la pessoalmente durante a competição, pelo fato dela ter se lesionado no punho. E jogar contra elas foi uma experiência fantástica, um misto de medo e gratidão. Sabia que seria difícil, mas acredito que nos saímos muito bem. Por exemplo, a Pâmela Pereira é a melhor sacadora do Vôlei Sentado, cujo saque dela chega a 60km/h. Quem é que não teria medo? (risos) Mas, no fim, deu tudo certo”.

 

 

Pomerodense fez questão de conhecer as atletas da Seleção Brasileira  |  Fotos: Divulgação


 

Após esta primeira experiência, Marciana garante que não pretende parar que vai participar de outras competições nacionais, visando algo muito maior. “Em 2022, serão dois brasileiros, mas dessa vez, queremos ir com a Apesblu, para bem representar Santa Catarina e tentar melhorar a minha colocação. Só que, para que isso possa acontecer, é preciso treinar muito. Hoje em dia, não digo mais ‘não’ para as oportunidades que eu tenho. E se a oportunidade surgir, quero fazer parte da Seleção Brasileira que irá às Paralimpíadas de Paris, em 2024. É o meu objetivo e vou correr atrás dele”, enfatiza, com muita confiança. “Desde quando comecei, em março do ano passado, soube que era isso que eu queria para a minha vida. O Vôlei Sentado me fez ter uma razão para continuar e sonhar com voos ainda mais altos”, acrescenta.

 

Em busca de apoio

Uma das grandes dificuldades deste esporte é, ainda, a falta de apoio. Mesmo com a repercussão das Paralimpíadas na grande mídia, Marciana diz que ao atletas precisam enfrentar muitas dificuldades, além das já impostas pela deficiência. “Tenho que agradecer à Apesblu e à Confederação Brasileira de Voleibol Para Deficientes (CBVD), que custearam todas as nossas despesas, durante o Campeonato Brasileiro. No entanto, para nós, atletas, ainda é um pouco complicado se manter neste esporte, devido ao grande investimento. Eu, por exemplo, tenho que ir a Blumenau para treinar, além das despesas de academia e suplementação. Seria importante que empresas ou pessoas abraçassem essa causa, a fim de fazer com que o esporte seja a mola propulsora desta inclusão”, finaliza a futura atleta da Seleção Brasileira.

 

Suzi e Marciana, com o técnico Anderson  |  Foto: Divulgação


 

A Apesblu oferece treinamento gratuito às pessoas que possuem algum tipo de amputação, deficiência física ou relacionada à locomoção. Os treinos ocorrem às sextas-feiras, das 18h30min às 20h30min, e aos sábados, das 8h às 10h, na quadra de esportes da Escola Básica Municipal Francisco Lanser.

Os interessados, que tenham acima dos oito anos de idade, poderão entrar em contato pelo telefone 3381-7035 ou pelas redes sociais da Apesblu. Além disso, quem quiser, pode ir até o local de treinamento e falar com o professor Anderson Ronchi.

 

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