Esporte

Um sonho que começa a virar realidade

Por seu desempenho na Apesblu, Marciana Seiler Piske foi pré-convocada para a Seleção Brasileira de Vôlei Sentado.

27 de janeiro de 2022

Foto: Arquivo pessoal

Ela é conhecida por seu sorriso fácil, pela sua garra em superar os obstáculos e por sua obstinação em sempre querer mais. E essas caraterísticas fazem de Marciana Seiler Piske, uma vencedora. E, agora, ela se prepara para subir mais um degrau, rumo ao seu grande objetivo, dentro do paradesporto: integrar a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei Sentado.

E na última quarta-feira, 19 de janeiro, esse sonho começou a se tornar realidade. “Logo pela manhã, quando eu abri meu WhatsApp, vi que eu estava convocada para um período de treinamentos com a Seleção Brasileira. Naquele momento – eu choro só de lembrar -, foi uma mistura de emoções. Eu me perguntava: será que é verdade mesmo? Fiquei totalmente arrepiada e muito feliz, queria contar para todo mundo, afinal, sempre foi um sonho poder entrar na Seleção. É algo inédito, tanto para o paradesporto de Blumenau, quanto para Pomerode”, ressalta.

Acompanhada pela companheira de equipe, Suzi Pasquali, a levantadora vai participar da 1ª semana de treinamento do selecionado brasileiro, visando o campeonato Mundial de Vôlei Sentado de 2022, a ser realizado em Hangzhou, na China. Os testes acontecem no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, entre os dias 13 e 20 de fevereiro. “É o início de um sonho, pois a pré-convocação é uma coisa e participar efetivamente da Seleção, é outra, completamente diferente. Afinal, vou estar no meio das ‘feras’ deste esporte, que levaram o bronze em Tóquio, ano passado. Estar na lista final para o Mundial vai depender do meu esforço e dedicação, que já estão sendo reconhecidos. Mas ainda tenho algo maior: quero estar na Paralimpíada de Paris, em 2024. O primeiro passo para isso já foi dado”, destaca, com orgulho.

A partir de agora, muitas coisas poderão mudar na vida da pomerodense, principalmente, em sua rotina. “Caso eu consiga a vaga definitiva para a Seleção, vou ter que dedicar ainda mais tempo ao esporte, diminuir o meu ritmo de trabalho e focar nos treinamentos, tanto de força, quanto de técnica e tática. E tudo isso, demanda custos. Por isso, além de toda a mudança na rotina, terei que procurar pessoas, empresas ou, até mesmo, o Poder Público, para que que me apoiem, a fim de que uma pomerodense possa continuar integrando a Seleção Brasileira. Mas tudo isso vai acontecer gradativamente. Vamos esperar este primeiro período de treinamentos para ver o que o futuro nos reserva”, enfatiza.

Ainda conforme Marciana, a oportunidade de poder treinar com “nomes de peso” do paradesporto nacional será desafiador e um grande aprendizado. “Terei a oportunidade de poder interagir com a Adria Jesus, que eu conheci pelo Instagram, durante a pandemia. Então, começamos a conversar pelo WhatsApp e logo estávamos fazendo vídeo-chamadas, onde ela analisava meus movimentos, apontando os pontos em que poderia melhorar”.

Por ela, a pomerodense também pôde conhecer o técnico da Seleção, José Guedes. “Ela mandou meu perfil para ele, que entrou em contato comigo, a fim de oferecer toda ajuda que eu precisasse. Então, poder treinar com eles, será uma honra. O Guedes se preocupa, tanto com as atletas novas, quanto com as mais experientes. É uma pessoa incrível, que passa dicas, principalmente, de como não se lesionar com os movimentos de jogo. E, lógico, vou aproveitar esse conhecimento, para passar aos meus companheiros de time”, enfatiza.

 

Marciana mostra sua pré-convocação para a Seleção Brasileira
| Foto: Arquivo pessoal

 

Neste contexto, a Apesblu foi muito importante, na inserção da pomerodense na modalidade que, hoje, aprendeu a amar. “Desde a minha amputação, sempre tive convites para participar de esportes paralímpicos, mas nada me interessava. No entanto, quando o meu treinador Anderson Ronchi me chamou para fazer parte do Vôlei Sentado, comecei a ver a modalidade de outra maneira. Querendo ou não, esse é o esporte que eu amo, admiro muito e quero continuar. Eu quero ser atleta do Vôlei Sentado, e ainda mais: ser atleta da Seleção Brasileira. E posso dizer que sou grata por tudo, por eles me apresentarem essa modalidade”.

Por tudo o que está vivendo, Marciana pode expressar um grande sentimento de gratidão. “Eu agradeço muito à minha família, principalmente, ao meu marido e aos meus filhos, que sempre me apoiaram. Sei que ele não está muito presente no esporte comigo, pois trabalha nos momentos que estou envolvida com o Vôlei Sentado. Mas posso dizer que me apoia, sim, principalmente quando preciso treinar e viajar. Não posso esquecer de Deus, por me deixar viver tudo isso, e aos meus apoiadores particulares, tanto na parte nutricional, quanto nos treinos físicos e cuidando da minha prótese. Sem eles, não conseguiria chegar até aqui, e realizar o meu grande sonho”, finaliza a atleta, emocionada.

 

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