Registrando a história, por meio das fotografias
Ingo Penz, um dos fotógrafos mais conhecidos da região, comenta sobre o amor por Pomerode e a gratidão por registrar a história, por meio das fotos
Foto: Isadora Brehmer / JP
Registrar histórias e momentos, por meio da fotografia documental, é uma das grandes paixões da vida do fotógrafo Ingo Penz, conhecido em Pomerode e na região pelos retratos da vida nas cidades, especialmente no interior.
Natural da região do Rio Cerro, no município de Jaraguá do Sul, a relação de Penz com a fotografia começou na década de 60, conforme conta o fotógrafo.
“Minha história com a fotografia começou em Pomerode, em 1967, quando meu tio, Germano Grützmacher, me ofereceu uma oportunidade de trabalho como fotógrafo e balconista na antiga Foto Único. Eu tinha 14 anos e trabalhava inicialmente com uma Rolleiflex 6×6”, relembra Penz.
Ano a ano, o fotógrafo se aprimorou cada vez mais nas técnicas de fotografia, aplicando também o seu olhar em cada imagem. Segundo Penz, no início dos anos 70, ele fez algumas fotos do relógio do sol, do atual Colégio Doutor, que chamaram a atenção do Jornal de Santa Catarina. “A equipe do Jornal fez contato comigo e fui contratado por eles. Assim começou a minha carreira profissional”, revela.
No Jornal de Santa Catarina, Penz se tornou chefe do departamento de fotografia, cargo que ocupou por três anos, e também foi editor de fotografia no veículo de comunicação. Além disso, o fotógrafo trabalhou com audiovisual, como cinegrafista na TV Coligadas, bem como produções institucionais para empresas em Blumenau.
Paralelamente à fotografia profissional, Ingo Penz foi um dos criadores da Bierfahrrad e da Choppmotorrad, os dois primeiros veículos de irreverência da Oktoberfest, que estiveram presentes desde a primeira edição da Festa. Inclusive, com estes veículos, participou de diversas outras festas da cultura germânica, na América do Sul.
Voltando à fotografia, Penz afirma que seu trabalho sempre passou pela vertente documental, registrando momentos e a história das cidades, de certa forma. Inclusive, segundo o fotógrafo, uma parte fundamental da fotografia documental é registrar as pessoas, ao longo do tempo.
“Nos anos 80, quando era necessário economizar chapas e filmes, o meu olhar já era voltado à fotografia documental, dos colonos, das pessoas daqui. E me questionavam do porque ‘gastar meus filmes e chapas’ com os colonos, que não teriam dinheiro para pagar pelas fotos. Mas para mim sempre foi algo do coração, algo que eu gostava de fazer. A fotografia não é feita somente com os olhos, mas também como coração, é algo que eu não sei explicar”, declara Penz.
Criado em uma geração diferente de fotógrafos, Penz comenta sobre a transição da tecnologia analógica para a digital, que para ele demorou a acontecer, devido à preocupação com a qualidade da fotografia.
“Também nos anos 80, trabalhava com filme positivo, que era para projeção nas paredes e para impressão. Na época, para ser feita a impressão e, com qualidade, era preciso ter filme positivo. E as primeiras tecnologias digitais não forneciam esta qualidade. Por ser descendente de alemão, acho que fui mais teimoso (risos), fui um dos últimos a migrar para o digital, eu acredito”, admite.
Porém, logo as dificuldades de seguir sem o digital começaram a aparecer. “Como trabalhava mais com fotografia institucional, com o cromo, passei a ter mais dificuldade para revelar. Primeiro o mais próximo era em Floripa, depois passou a ser Curitiba, então ficou cada vez mais demorado para ter a revelação da foto. Mas ainda assim valia a pena pela qualidade final da foto, até que a tecnologia digital passou a entregar esta qualidade também”, afirma.
O fotógrafo frisa, também, que sempre foi necessário esforço em busca de imagens marcantes. Segundo Penz, um dos exemplos era a necessidade de acordar cedo, para aproveitar a luz da manhã e também para visualizar a rotina dos colonos, que acordam cedo para iniciar sua rotina diária.
E foi desta forma que Ingo Penz foi trilhando a sua trajetória e ajudando a registrar a história de Pomerode e de outras cidades.
“É uma satisfação muito grande ter feito parte de tantas histórias aqui. Através da fotografia, também é possível marcar a vida das pessoas, das que lembram de fotos que eu fiz, ou das que ilustraram aa fotografias. É um orgulho saber que consigo fazer um diferente na área fotográfica e marca as pessoas, de certa forma. Fotografia e música são a minha a vida, penso hoje que o principal é ser feliz. Sou um apaixonado por Pomerode, inclusive a Choppmotorrad tem a placa de Pomerode”, finaliza.