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Polícia Civil dá mais detalhes sobre atropelamento que tirou a vida de jovem, em Blumenau

Relato dos envolvidos aponta versão do que ocorreu. Entrevista coletiva foi realizada na tarde desta quinta, dia 03 de abril.

3 de abril de 2025

Foto: Raphael Carrasco / JP

Na tarde desta quinta-feira, 03 de abril, a Polícia Civil de Blumenau realizou uma coletiva de imprensa, para divulgar mais detalhes acerca da investigação sobre o atropelamento que provocou a morte de João Paulo dos Santos, de 19 anos, na noite de sexta-feira, 28 de março.

A vítima estava transitando de bicicleta pela Rua Dr. Pedro Zimmermann, no sentido Massaranduba-Blumenau, quando foi atingido por um veículo. Ele foi arremessado em uma ribanceira de 20 metros, não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local do acidente.

Logo após o ocorrido, o motorista do veículo que atingiu João Paulo fugiu do local. Em imagens divulgadas ao Jornal de Pomerode, o vídeo mostra o veículo invadindo a contramão e atingindo o ciclista. Na sequência, o carro para às margens da via e depois sai da cena do acidente.

De acordo com o delegado de Polícia Civil, doutor Antonio Godoi, após a divulgação do vídeo do momento do acidente, foram recebidas novas informações que auxiliaram na investigação. “Com base nelas, chegamos ao destino do veículo após o acidente, o condomínio onde a mulher que estava junto na caminhonete reside. Obtivemos as imagens do condomínio e conseguimos o momento exato em que o veículo chega ao local, após o ocorrido. Nas imagens, vemos o casal saindo da caminhonete e caminhando rapidamente para dentro do prédio, com a expressão tensa”, revelou.

Ainda, a Polícia Civil obteve imagens do dia seguinte ao acidente, que mostram o casal deixando o condomínio e indo em direção ao veículo. No entanto, a mulher retorna posteriormente, com um carro de aplicativo.

Tendo conhecimento de que o para-brisas estava com o vidro muito quebrado, a Polícia Civil passou a monitorar as empresas que realizam o serviço de troca e reparos para este modelo de veículo, em Blumenau e no Vale do Itajaí. Além disso, com as imagens diurnas, foi possível obter a placa do carro e, posteriormente, identificar de quem era a caminhonete.

“Descobrimos que a mulher é a proprietária do carro e, tendo as provas em mãos, apresentamos o que tínhamos para o casal e seu advogado, nesta quarta-feira (02). Eles foram ouvidos e apresentaram a sua versão do ocorrido”, completa o delegado.

Nas investigações, também foi descoberto que o condutor estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa.

O que os envolvidos relatam

De acordo com os depoimentos, o casal se conheceu há cerca de um mês, estavam tendo um relacionamento. Os dois não são naturais de Blumenau, mas a mulher reside na cidade. O homem, que estava dirigindo o carro, mora em outro município.

“Segundo o relato do homem, os dois não ingeriram bebida alcoólica e, ao saíram do estabelecimento onde estavam, ele pediu para dirigir. Na versão dele, como não mora em Blumenau, ao passar pela alça da BR-470 que segue para a SC-108, perdeu o controle da direção, atravessou a via e foi para a contramão. No entanto, ele alegou que não viu no que bateu, por isso não conseguiu identificar o que houve”, conta o Dr. Godoi.

Em seu depoimento, a mulher afirmou que não estava prestando atenção e também não viu o que aconteceu. O casal chegou a parar o veículo e afirmou que apenas olhou em volta. Ao serem questionados sobre terem deixado o local do acidente, o casal alegou que não viram que uma pessoa havia sido atingida e, como chegaram populares ao local, afirmaram terem se sentido intimidados e foram embora.

“Depois de prestarem depoimento, os dois se disponibilizaram a fazer os exames toxicológicos. Além disso, o carro está sendo trazido para a Delegacia, onde será feita a perícia no para-brisas. Analisando os danos causados no carro, conseguiremos ter uma ideia da velocidade em que ele estava. Vamos investigar meticulosamente, mostrar o que realmente ocorreu, trazendo provas de testemunhas, provas de perícia, além de analisar a bicicleta, o veículo e o vídeo. Temos o compromisso com a verdade, a segurança, sem expor desnecessariamente a vítima e os envolvidos”, frisou.

O homem que estava conduzindo o carro pode responder por homicídio, a princípio, culposo, na direção de veículo automotor. Segundo o Delegado, não houve fraude, no sentido de esconder o veículo ou trocar a autoria e ainda será analisada a responsabilidade da proprietária do veículo quanto a entregar a direção à pessoa com permissão de direção suspensa bem como a omissão de socorro e fuga do local.

“Gostaríamos de agradecer à imprensa na divulgação das imagens e também às informações que chegaram por parte da comunidade, que contribuíram para a investigação.  O importante era resolver o caso e trazer respostas. O acidente está esclarecido, mas o caso ainda não está encerrado, com pequenos pontos que iremos melhorar”, finaliza.

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