Perpetuando a cultura do Bandoneon
A relação com a música sempre foi uma constante na vida do professor Rodrigo Kienen, que ministra aulas de Bandoneon em Pomerode. Hoje, ele dá aula para cerca de 50 alunos, em Pomerode e Timbó
Foto: Isadora Brehmer / JP
A relação com a música sempre foi uma constante na vida do professor Rodrigo Kienen, que ministra aulas de Bandoneon em Pomerode. Ele conta que ganhou o seu primeiro instrumento – um Acordeon – aos cinco anos de idade.
Hoje, ele dá aula para cerca de 50 alunos, em Pomerode e Timbó, além de fazer apresentações solo em eventos e estabelecimentos, e tocar com o grupo Die Lustigen Musikanten.
Como começou a sua relação com a música?
“Ganhei o meu primeiro Acordeon com cinco anos de idade. Na época eu levava como uma brincadeira. Eu colocava para tocar os discos do meu pai, escutava tentava reproduzir a música, conforme eu ouvia e assim fui aprendendo, até os meus 13 anos. Naquele momento, eu já sabia tocar várias músicas, mas não tinha conhecimento sobre a parte técnica. Então, meu pai comprou um Acordeon para mim e eu fui estudar o instrumento. Mas a minha paixão maior era o tal do Bandoneon, mas não havia professores que ensinassem a tocar o instrumento, então fiquei dois anos estudando Acordeon. No entanto, quando eu tinha 15 anos, eu encontrei um rapaz tocando Bandoneon e perguntei a ele onde era possível aprender, e ele falou de um senhor que era professor, o senhor Alfredo Radloff, de quem eu tinha disco em casa e escutava muito.
O senhor Alfredo já tinha 94 anos, mas aceitou ser o meu professor de Bandoneon. Fiz dois anos de aula com ele. Desde então, sempre fui tendo contato com os dois instrumentos. Quando eu completei 16 anos, comecei a dar aula, já que o senhor Alfredo não queria mais lecionar. Neste ano, completaram 20 anos em que estou atuando com professor de Bandoneon”.
Você também realizava apresentações?
“A minha história como musicista começou com uma dupla, como rapaz que eu encontrei tocando bandonenon, em 2004, já que formamos uma amizade. Éramos os ‘Zwei Lustigen Musikanten’ e gravamos dois CD’s. Depois toquei com o Hausmusikanten, aos quais eu assistia muito quando era criança, toquei mais de sete anos com o senhor Roland, levando em paralelo o projeto solo. Por fim, formamos o grupo em que estou hoje, o Die Lustigen Musikanten”.
Para quantos alunos e onde dá aulas hoje?
“Atualmente eu ministro aulas em Pomerode e em Timbó, com cerca de 50 anos. No projeto de Pomerode são 26 anos, de todas as faixas etárias, mas principalmente jovens. Inclusive, recentemente, muitos jovens manifestaram interesse em aprender a tocar o bandoneon, diferente da minha época de criança e adolescente, quando apenas pessoas mais velhas tocarem. Além disso, quando eu comecei a aprender, só escutava músicas germânicas no bandoneon, mas depois conheci outros estilos que poderiam ser tocados no bandoneon”.
O que representa para você continuar a música e ser um professor na área?
“É muito gratificante poder dar continuidade a esta cultura e o mais importante é ver que o bandoneon não vai morrer ou ser esquecido, e sim vai se perpetuar por vários anos, já que crianças e jovens já estão interessados em aprender a tocar o instrumento. A música também me proporcionou conhecer diversos lugares e ter várias experiências, em Santa Catarina e no Brasil, como Roraima e Acre. É algo que a música me proporcionou e que, se eu estivesse em outra profissão, talvez não tivesse a chance de viver”.
Quais são as memórias mais especiais relacionadas à música?
“Uma coisa que me marcou muito e que me emociona é ter tido a oportunidade de aprender a tocar bandoneon com o senhor Alfredo, já que eu ouvia músicas dele e depois pude conhecê-lo. O senhor Alfredo deu aulas durante toda a sua vida, por mais de 80 anos, e eu fui seu último aluno. Como ele não teve filhos, ele me tratava como se fosse um, então lembrar dele, das músicas dele, é algo que sempre me traz muita emoção”.