Saúde

Um olhar mais apurado para a alimentação

Trabalho de Conclusão de Curso analisa consumo de carne dos pomerodenses

5 de setembro de 2021

A alimentação é um dos fatores que influenciam na saúde de uma pessoa. Por isso, analisar os hábitos alimentares de alguém pode ser um dos caminhos para melhorar a qualidade de vida do indivíduo. 

Este foi um dos objetivos da estudante de nutrição Júlia Blank, ao realizar o seu Trabalho de Conclusão de Curso, que foi uma análise do consumo de carne dos pomerodenses, baseado na primeira onde de coleta do estudo Vida e Saúde em Pomerode – SHIP Brazil. O SHIP-Brazil é conduzido pela Universidade Regional de Blumenau, com apoio financeiro da FAPESC – Fundação de Amparo a Pesquisa de Santa Catarin a(FURB) e o projeto foi desenvolvido em parceria com a Universidade de Greifswald, na Alemanha, e com a Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com a estudante, a ideia partiu de uma professora, que é responsável pelo setor da Nutrição no Projeto. Ela propôs analisar o consumo de carne entre os participantes do projeto, uma vez que ele está associado à saúde e ao aparecimento de doenças crônicas, cardiovasculares, diabetes e hipertensão. 

 

 

A estudante, então, avaliou o consumo de carne total, de acordo com a origem (bovina, suína, aves, peixes), o processamento, a característica sociodemográfica (idade, sexo, raça/cor, situação conjugal, escolaridade, classe econômica de consumo), e o fator cultural, se há a cultura germânica (prática do idioma, participação em clubes e associações).

“Minha pesquisa começou com a elaboração do projeto, que enviei para o comitê do Ship e para o comitê de ética, por ser uma pesquisa com seres humanos. Com a aprovação destes, os dados do Projeto Ship foram liberados para mim. Ao todo, foi necessário um semestre para a elaboração do Trabalho”, relata Júlia.

No Projeto Vida e Saúde, na parte relacionada à alimentação, foram necessários quatro anos de coleta de dados (2014-2018), com 2.488 pessoas entrevistadas, de 18 a 79 anos, que morassem há pelo menos seis meses na cidade. Para o trabalho de Júlia, foram analisadas as entrevistas de 1.941 pessoas, nas quais era possível avaliar o consumo de carne.

Segundo a estudante, a média de idade das pessoas analisadas é de 43,5 anos, sendo a maioria casada, com os hábitos da cultura germânica em casa, classe econômica B, cor da pele branca. “Em relação à quantidade consumida, a média de consumo de carne total ao dia era de 250g, sendo em primeiro lugar a carne branca, depois a vermelha (não processada) e em terceiro lugar a carne processada”, afirma Júlia.

Entre os tipos de carnes, a mais consumida pelos pomerodenses que tiveram as suas entrevistas analisadas, a mais consumida é a carne de aves, depois de gado, seguido de pescados e suínos, tendo por fim as vísceras e miúdos.

“Com os resultados pudemos analisar que os homens consumiam maior quantidade do que as mulheres de alguns destes grupos, os jovens consumiam mais carne do que os idosos, que comem mais vísceras e miúdos. Os indivíduos com nove ou mais anos de escolaridade consumiram mais carne, e quem pertence às classes econômicas A e B consumiram mais carne processada e de gado, mas não mais carne no geral, ou seja, escolhem mais estas duas”, destaca a estudante.

Também de acordo com a sua pesquisa, outro ponto interessante é que dois terços da pessoas consomem carne em excesso, ou seja, comem mais do que 500g por semana, que é limite recomendado. A média foi de 102,9g diários, quando o ideal seria cerca de 71g. As pessoas que mais apresentaram consumo excessivo foram homens, de 20 a 39 anos, de nove a 11 anos de escolaridade, da classe economica A.

Ainda segundo a estudante, há vários aspectos que podem ser levados em conta para justificar o elevado consumo de carne, que é uma realidade em todo o País. O alimento faz parte da dieta típica brasileira, além de o Brasil ser um dos maiores produtores do mundo. 

“Quanto ao grande consumo de carne branca, de aves principalmente, este foi um aspecto diferente de outros estudos feitos no País. Entre os entrevistados analisados no meu trabalho, a carne branca foi a mais consumida e o que pode justificar este alto consumo é a acessibilidade e a qualidade deste carne, que é considerada saudável e uma tendência no Brasil e no mundo”, pondera Júlia.

Por fim, ela ressalta a importância de estudos relacionados à alimentação, para a preservação da saúde. 

“Existem dois lados. Por muito tempo, as pessoas apresentavam doenças de caráter de deficiência nutricional, falta de alguns nutrientes e, com o desenvolvimento economico e mais acesso a alimentos, e às carnes, as pessoas deixaram de ter este tipo de doença para ter outras doenças, ligadas ao excesso do consumo, principalmente da carne vermelha e processada. Estudos já comprovam que a carne processada, as que passaram por qualquer processo, é considerada cancerígena para humanos e a vermelha é potencial. Portanto, é importante estudar alimentação, pois está ligada à saúde, a longo prazo”, finaliza.

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