Esporte

Um jogo, muitos personagens, apenas um herói

Ter em seu currículo uma conquista importante, em que você é considerado um dos protagonistas, é algo que fica marcado.

5 de julho de 2020

Ter em seu currículo uma conquista importante, em que você é considerado um dos protagonistas, é algo que fica marcado, para sempre. E esse sentimento está presente na memória e no coração de Sérgio Waldemar Manske, o popular Serginho. Estamos falando da decisão do 8º Campeonato Municipal de Futsal Masculino – Divisão Especial, realizada no dia 07 de setembro de 2013 e que reuniu Caramuru e Inter / Porto Aço. Hoje, o metalúrgico de 49 anos relembra, com carinho, de todos os meandros que aquele jogo tomou, tanto que ele foi definido apenas no início da madrugada do dia 08.

Na oportunidade, o goleiro era, também, o capitão do Bugre e comenta que a partida tomou diferentes rumos, ao longo dos 50 minutos em que foi disputada. “Quando se conquista um título e, principalmente, nas condições que aquele jogo proporcionou, é muito difícil de se esquecer, pois saímos perdendo, buscamos a virada e, no finalzinho do 2° tempo, o Inter empatou, levando a partida para a prorrogação”.

Serginho lembra que o vestiário foi marcado pelas cobranças e pela tensão. “O professor Jelson nos cobrava muito, pois confiava na nossa equipe. E, como tínhamos cedido o empate no final, a ideia era corrigir os erros cometidos e entrar na prorrogação totalmente diferentes. Entre os próprios jogadores havia essa cobrança. No entanto, quando ela começou, parecia que a história iria se repetir, afinal, nada estava dando certo e, em poucos instantes, já estávamos perdendo de 3 a 0. Olhávamos para o placar e não acreditávamos, o nosso adversário estava ‘passeando’ em quadra”, relembra.

 

(Foto: Arquivo JP)

Só que na volta do intervalo, o time colocou a cabeça no lugar e conseguiu superar as adversidades. “Fizemos o primeiro gol e, em seguida, o segundo e o terceiro, e assim foi indo. Só que eles marcaram mais uma vez, faltando um minuto. Foi meio que um balde de água fria, mas seguimos acreditando e eu chamei a responsabilidade. Tentei a primeira e a bola passou perto do gol. Mas, na segunda, faltando 16 segundos, veio o lance que marcou a minha vida, o gol de empate, que levou o jogo para as penalidades máximas. Foi muita alegria, pois foi o meu primeiro e, até hoje, o único gol que marquei atuando como goleiro (risos). Esse sentimento é único, raro, inimaginável. Todos nós precisamos ter ‘estrela’, e minha brilhou naquele biquinho de ponta do tênis, onde a bola passou por dois adversários e pelo goleiro Glédson, que também, diga-se de passagem, fez grandes defesas naquela partida. Tanto que, depois, a equipe do Inter sentiu e nos respeitou, pois faltando oito segundos, eles seguraram a bola na quadra deles e ninguém atacou ninguém, estávamos todos exaustos. E isso que, ainda, teríamos a emoção das penalidades”, destaca o herói daquela decisão.

 

Jogadores comemoram com Serginho, após o fim da prorrogação (Foto: Arquivo JP)

As penalidades máximas

Como se não bastasse tudo isso, Serginho ainda teve que enfrentar a pressão psicológica de uma decisão por pênaltis. “As traves do gol no Futsal são menores, consequentemente, o batedor tem que usar mais da força. E eu sabia, sim, onde, pelo menos, dois jogadores deles batiam constantemente. E também sabia que, se eu esperasse até o limite, poderia desconcentrar o batedor. Isso foi fundamental para o sucesso de nossa equipe, pois defendi três pênaltis e um foi chutado para fora”, relembra. “Em nenhum momento deixei de acreditar que venceríamos aquele jogo, mesmo quando estávamos perdendo por 3 a 0, no início da prorrogação. Única coisa que eu queria era que aquele primeiro tempo acabasse logo, pois nada estava dando certo”, acrescenta.

O goleiro destaca, também, que este foi o título mais emocionante da sua carreira. “Tive momentos maravilhosos dentro do futebol, mas posso garantir, com certeza, que esse foi o mais emocionante, o mais difícil, o mais marcante, devido a todas as adversidades impostas, nessa partida que começou no dia 07 de setembro e terminou na madrugada do dia 08”.

 

Comemorando, após o pênalti decisivo (Foto: Arquivo JP)

O capitão daquele time também destaca que o diferencial para a conquista foi a união. “Ela representou a coroação de todo o grupo. Quando o Elton Belz veio procurar a mim e ao William, ele expôs, muito bem, o que ele queria. Tanto que conseguiu uma quadra para treinar e buscou trazer um grupo que, em sua maioria, nunca tinha levantado esse título. E conseguiu transformar isso tudo em realidade. Nosso grupo deu tão certo, que tínhamos 16 atletas e treinávamos uma vez por semana, no horário das 22h, durante a semana. O mais incrível era que todos vinham e todos queriam ganhar aquele troféu”.

 

A relação com seu filho

Na campanha vitoriosa daquele ano de 2013, Serginho teve o privilégio de dividir a posição com seu filho William, o que, para ele, também foi motivo de orgulho e satisfação. “Somente para quem vive esse momento tão raro, sabe o que vou falar aqui. É coisa de Deus, colocar você lado a lado com seu filho. A vida nos proporciona momentos incríveis e eu poder estar na mesma posição do meu filho e ainda ser campeão, é algo emocionante”, frisa.

Outro ponto de destaque foi o número que o goleiro utilizou aquele ano: 2, algo bastante incomum para a posição de goleiro. “Não sei bem o porquê, mas, na época, o então goleiro da Malwee, Tiago, jogava na Seleção Brasileira com esse número. E como gostei da ideia, pedi para que o Elton fizesse a minha camisa com o número 2, e ele não hesitou. Consequentemente, o William ficou com a camisa 1”, relembra.

 

Pai e filho foram os responsáveis pela meta do Caramuru, naquele ano (Foto: Arquivo JP)

Só que o fardamento ainda teve outra passagem, muito emocionante, como conta o goleiro. “Após aquele jogo épico, um torcedor veio me parabenizar e me pediu uma lembrança. Não hesitei em lhe entregar essa raridade, com muito carinho. Ele, emocionado, me agradeceu e falou que iria guardar, com muito carinho. Ainda sobre a partida final, a bola acabou ficando comigo e, novamente, pude fazer alguém feliz com esse fato. Um dirigente também veio me parabenizar pela atuação na final e pediu se eu não poderia ajudar, de certa forma, o seu projeto dele. Ele me contou brevemente e, diante disso, não tive dúvidas: lhe entreguei aquela bola, como gesto de reconhecimento e de poder ajudá-lo”, destaca, emocionado.

Por tudo isso, Serginho agradece a todos que estiveram envolvidos naquele título de 2013. “Queria deixar algumas considerações ao Caramuru, em especial, ao Elton, que acreditou naquele grupo, e às demais pessoas ligadas ao Caramuru, como o Banana, que sempre vestiu essa camisa; ao professor Jelson e a todos os atletas daquela seleção fantástica, que conquistou esse título, graças à união do grupo e dos esforços de cada um, em busca deste título importante na vida de todos”, finaliza.

 

Com a medalha, conquistada há quase sete anos (Foto: Bob Gonçalves / Jornal de Pomerode)

A final

As comemorações do Dia da Independência trouxeram um bom público ao Ginásio Ralf Knaesel, no dia 07 de setembro de 2013, quando foram disputadas as partidas finais das duas divisões do 8º Campeonato Municipal de Futsal Masculino. Em quadra, muitos gols, polêmicas e ânimos acirrados, ingredientes que não podem faltar em uma decisão.

A partida que valeu o título da Divisão Especial, entre Caramuru e Inter / Porto Aço, com certeza, ficará para a história, como uma das mais fantásticas do esporte pomerodense. Muitos, durante o confronto, se “candidataram” a herói do título, mas apenas um pôde usufruir desta denominação, ao final das penalidades máximas.

O primeiro tempo, como não poderia deixar de ser, foi bastante “pegado”, com as duas equipes buscando o gol, fazendo com que os goleiros Serginho (Caramuru) e Binho (Inter) fizessem grandes defesas. Só que os artilheiros estavam inspirados e o placar terminou 4 a 3, com gols de Novinho (duas vezes), Luizinho e Wellington, para os colorados; Júlio (duas vezes) e Adriano, para o bugre.

 

(Foto: Arquivo JP)

Na segunda etapa, o panorama da partida não mudou, no entanto, quem foi mais feliz nos arremates foi o Caramuru, que fez dois gols, por meio de Júlio, e pulou na frente no placar. Só que, faltando menos de um minuto para o término do jogo, Gabriel buscou o gol de empate, levando a decisão para a prorrogação de 10 minutos.

No tempo suplementar, a primeira etapa mostrou o ímpeto do time colorado, que abriu 3 a 0, com Luizinho, Wellington e Novinho. A torcida já fazia muita festa e o título, para muitos era apenas questão de tempo. Só que estamos falando de Futsal e, nesta modalidade, qualquer segundo é uma eternidade.

Isso ficou provado na segunda etapa, uma vez que o Caramuru não se abateu e partiu com tudo para o ataque. Em menos de dois minutos, Jotinha (duas vezes) e Pelé igualaram o marcador, tanto que, naquela altura, era impossível saber quem seria o campeão. Luizinho, faltando um minuto, colocou o Inter / Porto Aço na frente novamente, com o sentimento de que o título estava muito perto. Só que, neste momento, começou a brilhar a estrela do herói Serginho. Partindo ao ataque, praticamente como goleiro-linha, o camisa 2 tentou a primeira vez, com a bola passando muito perto da meta de Binho. Na segunda, no entanto, após um drible no marcador, o chute de pé esquerdo morreu no fundo das redes, a poucos segundos do fim, decretando novo empate. Com isso, o campeão de 2013 seria decidido nas penalidades máximas.

 

(Foto: Arquivo JP)

Na decisão por pênaltis, Júlio abriu a série para o Bugre, fazendo 1 a 0. Novinho empatou para o Inter, na sequência. Binho defendeu a cobrança de Pelé e Gabriel chutou a bola para fora, na segunda série. Júnior e Luizinho também perderam suas cobranças. No quarto chute, Nena colocou o bugre na frente, uma vez que Serginho defendeu a cobrança de Wellington. Na sequência, Gil também desperdiçou o seu chute e o título estava nas mãos de Serginho. Caso Rodrigo convertesse, seria iniciada a série alternada. Só que o arqueiro do Caramuru conseguiu praticar a defesa e o placar fechou em 2 a 1 para o time de Testo Alto. O título inédito estava garantido, pelos pés e pelas mãos do goleiro, que teve o seu momento de consagração.

 

(Foto: Arquivo JP)

Após o jogo decisivo, aconteceu o cerimonial de premiação, com a presença de autoridades e do homenageado, o professor Luiz Carlos Cristiano Heidrich (Luli). O Caramuru garantiu o título inédito, com o Inter / Porto Aço ficando em segundo lugar, e o Pomaroda Loida completando os três primeiros, que também receberam troféus e medalhas. O artilheiro foi Novinho (Inter), com 18 gols marcados. O time também levou as premiações de defesa menos vazada, dos goleiros Binho e Jorge Dietrich, além do Troféu Disciplina.

 

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