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Um alambique com os traços da cultura alemã

Morador de Pomerode produz bebidas, na parte externa de residência com mais de 100 anos de existência

9 de agosto de 2020

Pomerode é uma cidade que possui o maior número de residências enxaimel fora da Europa. São mais de 230 casas que utilizam essa técnica de construção herdada dos colonizadores europeus, que passaram por nossa região. Uma delas, na Rua dos Atiradores, em Testo Central Alto, abriga um alambique que produz bebidas de uma maneira artesanal e, também, é claro, seguindo todas as exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O Alambique Enxaimel foi idealizado por Francisco Roberto Piancó Junior, que adquiriu juntamente com sua esposa, Marciana Weidner Piancó, a residência centenária, construída em 1917 e tombada pelo Iphan, como Patrimônio Artístico Nacional. Aos fundos, Roberto resolveu montar uma pequena cachaçaria. 

A produção começa com o melado de cana-de-açúcar, adquirido de colonos da região. Após isso, o melado passa por uma homogeneização e, quando misturado, é transferido para uma dorna superior, espécie de reservatório. Depois, com a gravidade, o líquido do melado desce para um outro reservatório onde fica o fermento, que irá converter o açúcar em álcool.

 

 

Após este processo, o líquido é transferido para um destilador, que funciona como uma panela de pressão. Após o processo de destilação, o álcool passa por um filtro para que apenas a cachaça limpa possa passar. Logo depois, todo o líquido é colocado em uma espécie de tonel de aço, onde ela ficará “descansando” por algumas horas para, depois, ser transferido aos barris de carvalho, onde irão ganhar mais sabor e cor, tudo de forma natural e sem corantes.

Além das cachaças, são fabricados no local bitter’s e licores, além de todo ambiente aconchegante e rústico que a residência proporciona. De acordo com Piancó, o sonho de montar um alambique se concretizou e leva isto como um hobby.

“Temos uma empresa de consultoria na área têxtil, há mais de 12 anos, trabalhei por mais de 20 no Grupo Malwee e era um sonho de fazer um empreendimento deste. Há muitos anos produzimos cerveja e, de vez em quando, apreciava uma cachaça. Então, comecei a correr atrás, estudar um pouco sobre a bebida e acabou virando uma paixão. Quando tivemos a ideia de comprar esta casa, pensamos em montar um alambique e registrar a marca. Agora, o sonho está se concretizando”, comenta.

 

Francisco resolveu montar um Alambique nos fundos da residência. (Foto: Raphael Carrasco / Jornal de Pomerode)

Ainda, de acordo com o proprietário, o local mantém a estrutura enxaimel que é vista na arquitetura da residência, mas, na produção, utiliza métodos, equipamentos e tecnologia específicos para a produção de cachaça.

“Procuramos respeitar o que a norma do MAPA exige, em termos de tecnologia. É um trabalho dedicado, baseado em estudos científicos para ter um padrão de qualidade. Mas, na estrutura e na arquitetura, resolvemos manter a técnica do enxaimel para deixar o nosso ambiente com a cara de Pomerode”, finaliza.

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