Esporte

Papelão: um ex-goleiro apaixonado pelo futebol

Dieter Jandre fala sobre suas conquistas e de como o esporte fez com que colecionasse boas atuações, amizades e títulos.

25 de julho de 2021

O apelido pode até ser considerado, por muitos, algo pejorativo. Mas isso nunca foi problema para ele, afinal, dentro de sua atuação no futebol, foi querido pelas pessoas e campeão por onde passou. Então, pode-se dizer a carreira de Dieter Jandre não teve nada de “Papelão”.

O ex-goleiro, hoje com recém-completos 67 anos de idade, revela que nunca soube a origem da alcunha. “Realmente, não sei como surgiu, só sei que foi no meio futebolístico. Talvez por ter ‘aprontado’ algumas vezes, dentro de campo, ou, então, tomado alguns ‘frangos’ (risos). Mas isso nunca foi um problema para mim, nunca fiquei bravo e atendo até hoje quando me chamam assim. Até mesmo porque, praticamente, todos têm apelidos dentro do futebol”, ressalta.

Ele pode até ter cometido alguns ‘deslizes’, mas enquanto esteve debaixo das metas, pelos times que passou, sempre colecionou amizades, boas atuações e títulos. “Apesar de ser baixo para o padrão do futebol, com 1,72m, atuei em diversas equipes de Pomerode, como a Firma Weege, Vasco da Gama e Caramuru. Mas foi no Floresta onde me consolidei e conquistei meus principais títulos, tanto nas categorias de base, quanto no time principal e até no veterano. Então, foi uma honra poder ter defendido as cores do Verdão da Avenida”, conta Papelão.

A sua paixão pelo futebol iniciou muito cedo e sempre contou com o apoio de grande parte da família, apesar de algumas frustrações. “Sempre fui goleiro, na escola e na minha rua, onde ficava o campo do Weege. Lembro que ia todo dia jogar, assim que saía da aula, jogava o material num canto e só queria saber de futebol. E como não poderia deixar de ser, tinha o sonho de ser jogador profissional e atuar em alguma equipe do Rio de Janeiro, nem precisava ser no Botafogo”, conta, com bom humor. “Eu tinha um tio que morava lá, mas não tive o apoio necessário, pois ele falava que ‘futebol não era para alemão’ e que eu era muito baixo para jogar no gol”, completa.

 

Uma das equipes do Floresta, da qual Papelão foi o goleiro, na década de 1970  |  Foto: Divulgação


 

Mas nem essa negativa frustrou os sonhos do garoto. “Então, me dediquei a jogar pelo Floresta, sendo reserva do Marcos Oerding, o popular ‘Macaco’, para mim, o melhor goleiro que vi jogar por aqui. Treinava à noite, toda terças e quinta-feira, depois do trabalho, com o Álvaro Pajenkamp, que era o preparador de goleiros da equipe. Por algum tempo, fui reserva, mas quando assumi a titularidade, foi uma felicidade muito grande. Meu pai, Victor, era fanático pelo Floresta e sempre me acompanhava, ficando atrás do gol, me orientando. E se eu fosse mal, à noite ele me dava uma bronca (risos). Ele era fantástico, não perdia um jogo meu, não importa onde fosse, lá estava ele, me apoiando”, relata Jandre, emocionado.

Além do apoio da família, outro ponto foi fundamental para a passagem de sucesso. “Felizmente, nunca tive dificuldades para poder fazer aquilo que eu gostava. Eu morava perto do Floresta e sempre tive condições. Além disso, fazia com muito prazer e não ganhava pago. Era, realmente, amor à camisa. Tanto que no ano de 1973, eu servi o Exército, em Blumenau. E nos fins de semana, eu pedia folga ou trocava as minhas escalas, para poder vir jogar”.

 

Foto: Bob Gonçalves / Jornal de Pomerode


 

Destaque na cidade

Uma das passagens mais marcantes para Papelão, foi quando assumiu a titularidade, no Floresta. “Me lembro de ter feito boas defesas, contra times qualificados das cidades de Timbó, Blumenau, Indaial e Gaspar. Eu tinha uma baixa estatura, mas compensava na agilidade e me posicionada bem, além de ter bons zagueiros que sempre me protegiam. É uma das passagens, dentro do futebol, que mais me traz boas lembranças. Além dos torneios que participávamos, nos quais, também chegávamos entre os primeiros”.

E essa notoriedade, o ex-goleiro também conseguiu levar para outros ambientes. “Atuei, também, em competições internas pela Teka. Nosso time da expedição era imbatível, sempre éramos campeões. E no Futsal, atuei pela CME de Pomerode. Em 1977, nos classificamos para Jogos Abertos de Santa Catarina, em Florianópolis. Nos regionais, ficamos em primeiro lugar, pois tínhamos um grande time. Foi uma experiência muito bacana. E posso contar um segredo? Gostava mais do Futsal, me dei melhor ali, por conta da minha altura”.

 

Atuando pela CME de Pomerode, no Ginásio Ralf Knaesel  |  Foto: Divulgação


 

Ele só tem uma frustração, dentro do futebol pomerodense. “Como sou torcedor do Botafogo, do Rio de Janeiro, sempre tive vontade de jogar no Alvinegro daqui da nossa cidade. Infelizmente, nunca tive essa oportunidade”, relata.

Com tantos anos dedicados ao futebol, não seria novidade se esse esporte representasse muita coisa na vida de Jandre. “Não tem um fim de semana ou uma quarta-feira que eu não assista futebol, não importa qual jogo seja. Todos sabem que sou botafoguense, mas gosto de assistir, é o meu passatempo preferido. Se, por algum motivo, alguma semana não tenha nenhuma partida, eu fico muito frustrado. Afinal, esse esporte me deu muita coisa e eu sou extremamente grato por tudo que conquistei”, finaliza Papelão.

 

Foto: Divulgação


 

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