Musicoterapia: auxiliando no desenvolvimento pessoal
Veja como a musicoterapia pode auxiliar em diversos aspectos, especialmente com crianças

Foto: Isadora Brehmer/JP
A musicoterapia é um campo de conhecimento que pode ser aplicada em diversos contextos, como hospitais, clínicas, escolas (ainda não muito utilizada no Brasil), centros comunitários, empresas e com diferentes públicos como crianças, adolescente, idosos, dependentes químicos e vários outros grupos e situações.
Ou seja, é considerada uma disciplina da saúde muito ampla, com muitas especificidades. No Brasil está em atuação desde o início dos anos 80, mas somente nos últimos 10 anos ganhou maior visibilidade.
Em Pomerode, o musicoterapeuta André Brito oferece as sessões para crianças de seis meses até seis ou sete anos, visando estimular o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, sendo que sua especialidade é a estimulação precoce.
“O principal benefício da musicoterapia é a melhora na interação social das pessoas que fazem a musicoterapia, independentemente da faixa etária, da idade, da condição neurológica. O segundo aspecto que mais melhora é a comunicação social, o que percebemos conforme os pais relatam, tanto em casa, como na escola. Além disso, a musicoterapia auxilia na melhor compreensão emocional de si mesmo, ajuda no autoconhecimento”, explica o musicoterapeuta.
A musicoterapia pode ser uma aliada importante para as crianças que apresentam alguma questão neurológica, como o autismo, por exemplo.
É o caso dos gêmeos Lorenzo e Luca Jung Uber, de cinco anos, que têm sessões de musicoterapia com o André e que já apresentaram uma evolução significativa desde o início de suas sessões, há cerca de dois anos.

Foto: Isadora Brehmer/JP
O profissional explica que, antes do início das sessões, o primeiro passo é fazer uma entrevista com os pais, para que seja feita a avaliação inicial. “Esta primeira etapa é importante para que possamos conhecer a criança, saber em quais marcos de conhecimento ela está, como é sua alimentação, seu dia a dia em casa, como é na escola. A partir daí, é feita a avaliação da criança e este processo leva em torno de um mês”, esclarece.
Nesta avaliação, são analisados todos os marcos de desenvolvimento desta criança, segundo Brito, como por exemplo o motor, o comunicacional, interacional, cognitivo e o emocional. “Neste início, é importante sempre deixar bem claro que não é uma aula de música. São usados os instrumentos musicais, mas também vários outros elementos do som, além da música. É repassado aos pais o que foi percebido na avaliação e qual a ideia para as sessões. É o que chamamos de meta terapêutica”.
Cada criança que faz as sessões da musicoterapia tem um objetivo próprio, uma meta terapêutica planejada de acordo com as suas particularidades e necessidades. No caso dos gêmeos Lorenzo e Luca, mesmo que sejam irmãos, são atendidos separadamente, pois possuem metas diferenciadas.
“Por exemplo, com o Luca, neste momento, estão sendo trabalhadas algumas questões cognitivas e de interação social, mais do que com o irmão, Lorenzo, que, por sua vez, chegará na escola praticamente escrevendo. Por outro lado, com o Lorenzo é trabalhada a questão das telas, formas de uso para que o desenvolvimento cognitivo dele continue bem”, pondera.
Ainda segundo o musicoterapeuta, também a partir da meta terapêutica definida, são definidos quais os materiais a serem usados em cada sessão, se haverá mais imagens, mais sons e quais atividades serão feitas. Conforme o paciente vai evoluindo, a cada dois, três ou seis meses, as metas são modificadas.
Normalmente, as sessões com crianças pequenas variam entre 40 e 45 minutos, embora haja pacientes que têm sessões de apenas 30 minutos. Segundo Brito, o tempo varia de acordo com a avaliação inicial de cada criança e seu tempo de motivação.

Foto: Isadora Brehmer/JP
“É cientificamente comprovado que, para casos de autismo, a música ajuda a desenvolver muito a comunicação, tanto a verbal como a não verbal. Há crianças que, no início, nem dirigem o olhar para a família e, com o tempo, começam utilizar esta interação, depois para algumas palavras, até chegar à formação de frases inteiras e diálogos. Para a escola, também ajuda, pois não é trabalhada apenas a questão da fala, mas também da escrita, então a melhora na comunicação acaba sendo um dos principais benefícios”, ressalta o musicoterapeuta.
Tatiana Jung, mãe de Lorenzo e Luca, comenta que a intenção de proporcionar a musicoterapia aos filhos surgiu a partir do interesse natural deles pela música, o que facilitaria o estímulo. Ela também garante que já é possível notar a evolução nos dois meninos.
“Eles melhoraram a verbalização, a fala, através da música se tornou mais espontânea, aumentou o vocabulário deles. E, conforme é orientado também pelo musicoterapeuta, eu canto em casa com eles, ajudando neste desenvolvimento. Além disso, a musicoterapia trabalha a questão motora, com terapia ocupacional, e vem ajudando em habilidades necessárias no dia a dia e para o desenvolvimento deles, de forma geral”, afirma.
A musicoterapia também é uma aliada para o desenvolvimento da interação social. Na fase inicial da vida, é normal que a criança seja um pouco individualista, traço que pode ser potencializado em casos de autismo. Por isso, é importante estimular o desenvolvimento da interação social.
“Tentamos acelerar este processo, para que as crianças possam compartilhar, brincar de forma coletiva, aprender a ouvir um ‘não’, aprender a dividir, a pedir permissão, esperar que o outro termine de usar um brinquedo ou objeto. Tudo isso é trabalhado, também. Além disso, a musicoterapia é interativa, complementar a outras terapias, com o que é trabalhado pela fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional, por exemplo, para, assim, conseguirmos auxiliar no desenvolvimento de uma criança, de forma completa”, frisa Brito.
A musicoterapia é considerada uma das 25 práticas baseadas em evidências cientificas com resultados comprovados que promovem o desenvolvimento pleno, a qualidade de vida e a promoção da saúde, não somente de crianças com transtorno de neurodesenvolvimento, mas de qualquer pessoa.
O musicoterapeuta atende no Instituto Integra, no Centro de Pomerode, na Rua dos Atiradores, 116.