Esporte

Mergulhando em busca do objetivo

Executivo de multinacional deixa a vida corporativa para se dedicar a uma modalidade, que busca a superação e o autoconhecimento.

6 de dezembro de 2020

Ele largou a vida de Executivo em uma grande multinacional, na cidade de Pomerode, para vivenciar uma experiência, da qual, teve contato pela primeira vez, na sua adolescência. Dono de quatro recordes nacionais, em sua modalidade, Carlos Diezel, de 40 anos, poderá fechar o ano de 2020 no Top 10 do mundo no Freediving, ou Mergulho Livre.

Formado em Engenharia Mecânica, o hoje atleta e instrutor teve sua primeira experiência na modalidade meio por acaso, durante uma viagem de férias em Bali, ainda na virada de 2011 para 2012. “Apesar de ter feito, já aos 15 anos, um curso de Mergulho Autônomo – com cilindros de ar comprimido –  e de sempre ter tido uma atração pelo oceano, nunca tinha ouvido falar do tal “Freediving”. Fiquei muito interessado ao topar com uma descrição de um curso no guia de viagens, onde li que, em três dias, eu poderia chegar a 12m de profundidade, apenas com o ar dos meus pulmões. Aquilo me fascinou tanto que, após um treinamento extra, pude atingir 30m. Não é exagero dizer que aquela experiência mudou minha vida e eu tinha certeza que queria aprender e me desenvolver muito mais no Mergulho em Apneia, assim que pudesse”.

 

Tudo mudou quando sofri um simples acidente de bicicleta, no qual, fraturei a clavícula e precisei implantar uma placa de titânio. Ali percebi que a vida é muito frágil e que adiar os sonhos pode significar cancelá-los para sempre. 

 

Logo após, Diezel foi transferido para a cidade mais alemã do Brasil e a dificuldade para adaptar a sua rotina de trabalho com a paixão, o impediam de mergulhar com regularidade. “Tudo mudou quando sofri um simples acidente de bicicleta, no qual, fraturei a clavícula e precisei implantar uma placa de titânio. Ali percebi que a vida é muito frágil e que adiar os sonhos pode significar cancelá-los para sempre. Portanto, apesar de termos uma vida confortável em Pomerode, eu e minha esposa decidimos seguir esse sonho meio maluco: eu tomaria um período sabático de cinco meses, na segunda metade de 2018, e iríamos todos para Dahab, uma cidadezinha no Mar Vermelho, no Egito com ótimas condições para o Freediving”, ressalta.

Lá, o atleta finalizou o curso de instrutor, em duas agências certificadoras internacionais, e começou a ministrar e participar de competições. “Consegui um recorde brasileiro já na minha segunda participação e, a essa altura, ficou claro para mim que voltar a trabalhar no mundo corporativo significaria abrir mão de um sonho que já estava acontecendo na vida real. Apesar da ótima relação que eu tinha com a minha empresa, eu seguiria me desenvolvendo como Instrutor e Atleta de Mergulho Livre”.

 

Carlos Diezel é dono de diversos recordes no mergulho  |  Foto: Alice Cattaneo


 

Além disso, por meio da modalidade, Diezel também alcançou algo muito importante na vida atual: autoconhecimento. “Quando você começa a se desenvolver no esporte, uma das coisas mais interessantes é que temos que conseguir um nível altíssimo de relaxamento para podermos ir mais fundo. Para desempenhos mais avançados, um alto nível de autoconhecimento acaba sendo chave e é justamente isso que me fascina. No fim das contas, se trata de um grande mergulho em si mesmo”, enfatiza.

Depois de algum tempo atuando como Instrutor em Dahab, Diezel fui convidado para se tornar sócio de uma das escolas de Mergulho Livre mais reconhecidas do mundo: a Dahab Freedivers. “Apesar de estar bastante ocupado com essa nova profissão, sigo treinando com muita regularidade, para melhorar minhas marcas pessoais. Depois do meu primeiro recorde brasileiro, em 2019, consegui mais outros três, no mês de setembro, agora, em outra disciplina: sem uso de nadadeiras, na qual, atingi 60m de profundidade, tendo sido o vencedor em uma competição internacional realizada em Sharm el-Sheikh, também no Egito. Devo fechar 2020 com a oitava melhor marca do mundo nessa disciplina”.

 

O que me motiva é poder mostrar aos meus dois filhos – Luna, de 10 anos, e Gael, de oito – que podemos, sim, realizar sonhos e fazer aquilo que amamos. 

 

Diante deste desempenho, o mergulhador tem importantes objetivos para o próximo ano: melhorar as marcas nas diversas categorias, quebrar o Recorde Sul-Americano na modalidade sem nadadeiras e participar do Campeonato Mundial em 2021, se acontecer, por conta da pandemia. “O que me motiva é poder mostrar aos meus dois filhos – Luna, de 10 anos, e Gael, de oito – que podemos, sim, realizar sonhos e fazer aquilo que amamos. Eles estão tendo a experiência especial de viver em outra cultura e tenho certeza que isso acrescentará muito à formação humana deles. Ficaremos mais alguns anos em Dahab, mas, depois disso, não descarto sairmos de lá para ensinar e praticar o esporte em outro lugar, se acharmos que isso é o melhor para nossa família”, finaliza Diezel.

 

Com os filhos, Luna e Gael  |  Foto: Livio Fakeye


 

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