Bombeiros

Fogo: o primeiro cão de SC certificado em técnica de busca por odor específico

O cão do Corpo de Bombeiros de Blumenau foi o primeiro do estado a receber esta certificação; Santa Catarina já é referência em técnica de varredura, com cães

15 de julho de 2023

Foto: Isadora Brehmer / Jornal de Pomerode

É da região do Vale do Itajaí o primeiro cão bombeiro certificado na técnica de rastreamento por odor específico em Santa Catarina. Fogo, cão da raça Rastreador Brasileiro, é do 3º Batalhão dos Bombeiros Militares, de Blumenau, e forma o binômio com o Sargento Romão.

Com a certificação, o Fogo se tornou apto a auxiliar em casos de buscas por pessoas desaparecidas, trazendo uma nova forma de procurar a vítima em questão, por meio da técnica de rastreamento por odor específico. Ela consiste em apresentar algum objeto com o cheiro da vítima que precisa ser encontrada, para que o cão “colete” este odor e depois sinalize o exato caminho que a pessoa possa ter seguido.

Ele conquistou a certificação no fim do mês abril, após cerca de dois anos de treinamento. O cão foi certificado pela Liga dos Bombeiros do Brasil (Liga Bom) após passar por uma prova com várias etapas, conforme explica o Sargento Romão.

“O Fogo passou por uma prova de obediência e destreza, com uma parte de busca positiva, que possui uma trilha a qual o cão precisa executar com perfeição e localizar a vítima; e a prova negativa, na qual pode haver ou não uma pessoa na trilha e o cão deve sinalizar se há ou não uma vítima naquela trilha ou se foi retirada. O Fogo conseguiu cumprir todas estas etapas da prova de certificação e, agora, é considerado apto a atuar em casos reais”, explica o condutor do cão.

O Sargento Romão também explica que, até então, o Corpo de Bombeiros de Santa Catarina contava apenas com cães certificados na técnica de varredura de área, e agora passa a ter mais possibilidades de buscas, para ajudar a localizar pessoas desaparecidas.

Foto: Divulgação / CMBSC

“Precisávamos aumentar o plantel da nossa atividade, com cães de busca, trazendo esta nova técnica. Desta forma, poderemos ajudar mais em casos de pessoas desparecidas, podendo ter os dois cães à disposição, dependendo da necessidade que a ocorrência apresentar. A técnica de odor específico será fundamental em casos nos quais não se sabe o caminho que a possível vítima seguiu e o cão treinado nesta técnica, como é o caso do Fogo, vai nos mostrar este caminho, com a trilha completa. Além de Blumenau, ele poderá atender a ocorrências em toda a região do Vale do Itajaí, incluindo Pomerode”, afirma.

O Fogo passou a fazer parte do quadro de cães do Corpo de Bombeiros Militar em 2021 e foi selecionado por ser de uma raça ideal para esta técnica de busca. O Rastreador Brasileiro tem características ideais para o trabalho e para a região, como gostar muito de brincar com pessoas, ter alta resistência tanto para frio, quanto para calor, ser mais atlético e não possuir tantas doenças nos olhos e mucosas.

O Sargento Romão, que forma o binômio com o Fogo, é um dos cinotécnicos, bombeiros especialistas na atividade com cães, que estão aptos para treinar animais que sejam adequados para o trabalho de buscas e sigam o padrão da atividade.

 

Referência na América Latina

Por mais que a certificação em odor específico seja uma novidade no trabalho com cães de busca do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, a atuação dos cães e seus parceiros é tida como referência na América Latina, graças aos bons resultados com a técnica de buscas utilizada até então, que é por varredura de área.

Nela, o cão procura micropartículas de células mortas das pessoas que estão desaparecidas, só que em um ambiente onde pode encontrar vários outros odores, por exemplo, em casos de tragédias naturais, como as já ocorridas no estado.

A técnica de odor específico, por outro lado, não pode ser empregada pra grandes tragédias, porque nestes casos a gente não sabe o odor da vítima que a gente quer procurar. A busca por odor específico funciona com o odor da vítima que precisa ser encontrada sendo apresentado ao cão, o que pode ser através de um pedaço de roupa, ou algum lugar que ele tocou, do celular dele, qualquer coisa com a qual a vítima teve contato, e assim o cão busca por esta pessoa

Hoje, o 3º Batalhão de Bombeiros Militares, de Blumenau, que atende a toda a região do Vale do Itajaí com a atuação dos cães de busca, possui dois cachorros habilitados para atuação. Um deles é o Fogo e o outro é o Bravo, um labrador que está há oito anos com os Bombeiros.

O Bravo é habilitado na técnica de varredura de área, na qual os cães eles trabalham livres, sob comando de voz, varrendo determinado local, para identificar se há ou não vítimas. Em caso positivo, segundo o Sargento Romão, o cão irá parar ao lado do local onde ela está e latir, sinalizando que o bombeiro deve ir ao local ver se é a vítima ou não.

“Em nossa região, o Bravo já atuou nas ocorrências relacionadas à chuva em Presidente Getúlio e Rodeio, que foram de mais gravidade. Além destas, em Petrópolis, Pernambuco e Brumadinho, no rompimento da barragem, que talvez tenha sido a mais séria que ele já atuou”, comenta o Sargento.

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