Polícia

Corretor é preso suspeito de vender o mesmo imóvel para vários clientes, em Navegantes

De acordo com a Polícia Civil, Daniel Sorriso, como ele é conhecido, teve R$ 540 mil bloqueados de contas bancárias pela Justiça

18 de março de 2025

Foto: Reprodução/PCSC

Na última sexta-feira, 14 de março, um corretor de imóveis que atuava em Navegantes, no Litoral Norte catarinense, foi preso preventivamente suspeito de vender o mesmo imóvel para diferentes pessoas, além de se apropriar de valores que deveriam ser repassados aos proprietários. A confirmação da prisão foi divulgada na segunda-feira (17) pela Polícia Civil.

O corretor, Daniel Neves da Silva, conhecido como Daniel Sorriso, foi indiciado por estelionato e apropriação indébita. Uma das vítimas do crime, segundo a Polícia Civil, relatou prejuízo de R$ 212 mil.

O delegado Osnei de Oliveira, responsável pela investigação, informou que um valor de R$ 540 mil foi bloqueado das contas do suspeito, com o objetivo de ressarcir as vítimas dos prejuízos causados. Segundo ele, as investigações tiveram início em dezembro de 2024, quando as primeiras vítimas registraram boletins de ocorrência.

“Sete vítimas registraram o boletim de ocorrência. Só que como tem vários imóveis que ele vendeu e estava recolhendo os valores sem esses imóveis serem entregues, agora estão em situação de construção, então tem muita gente que está pagando e acreditando que vai receber”, explicou o delegado.

Durante as investigações, a polícia identificou uma série de evidências que indicam que o corretor também se apropriava de valores destinados aos proprietários dos imóveis. Entre esses valores estão as arras (garantia do contrato) e os pagamentos de aluguel, além de enganar as vítimas com promessas de pagamento de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), recebendo dinheiro para custos que não eram de fato devidos.

“Ele pegava um contrato ou uma autorização para venda e aí fazia essa venda e recebia na conta dele, sem que o verdadeiro proprietário recebesse. E também pedia dinheiro para supostamente regularizar, fazer o adiantamento de pagamento de IPTU. Alguns ali eram financiados ou parcelados, ele informava que teria um desconto caso tivesse a quitação. E as vítimas acabam fazendo o adiantamento dos pagamentos”, completou o delegado.

O suspeito possuía uma empresa, a qual foi fechada após lesar várias pessoas. No entanto, ele continuou suas atividades criminosas em outro empreendimento. Recentemente, constituiu uma nova empresa no ramo imobiliário, registrada em nome de sua esposa, com o intuito de dar continuidade à prática de crimes no mercado.

Durante a operação, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão, resultando na apreensão de diversos documentos que serão analisados. O Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santa Catarina (Creci-SC) foi envolvido na investigação, colaborando com a Polícia Civil.

Em nota, o Creci informou que “colaborou com a Polícia Civil em diversas etapas da operação”, e que “ouviu os relatos de consumidores, recebeu as denúncias e orientou que fizessem boletins de ocorrência na Polícia Civil e denúncias formais”.

Leia a nota na íntegra:

A prisão preventiva do corretor de imóveis D.N. em Navegantes, na última sexta-feira (14), é mais uma demonstração do excelente trabalho da Polícia Civil de Santa Catarina e da atitude firme do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de SC (CRECI-SC) em defesa dos interesses da sociedade, bem como dos profissionais que desempenham de forma correta suas atividades.

O CRECI-SC colaborou com a Polícia Civil em diversas etapas da operação, que culminou com a prisão preventiva de D. N., acusado pelos crimes de estelionato e apropriação indébita, que lesaram diversas vítimas.

Em dezembro de 2024, o Conselho levou sua unidade móvel para Navegantes, onde ouviu os relatos de consumidores, recebeu as denúncias e orientou que fizessem Boletins de Ocorrência na Polícia Civil e denúncias formais no CRECI-SC.

No mês de janeiro, em reunião entre o delegado da Polícia Civil Osnei Valdir de Oliveira e representantes do CRECI-SC, foi definida uma atuação conjunta na operação. Por iniciativa do Conselho, houve cooperação com a Polícia Civil, inclusive com fornecimento de documentos. O resultado desse trabalho em parceria visa inclusive o ressarcimento das vítimas, com a decisão judicial de sequestro de bens do acusado, no valor de mais de R$ 500 mil.

Para o CRECI-SC, esse foi um passo fundamental para a construção de um mercado imobiliário com mais credibilidade. Ganha a sociedade, com a punição dos maus profissionais, maior confiança na fiscalização realizada pelo Conselho, na atuação da Polícia e na Justiça; e ganham os corretores de imóveis que trabalham de forma honesta.

O caso, contudo, não se encerra com essa prisão. Terá continuidade na Justiça e também no CRECI-SC. Ainda nesta segunda-feira (17), o Conselho recebe mais informações sobre o processo, para dar sequência na suspensão cautelar do registro do referido corretor de imóveis, a exemplo de outros casos semelhantes, em que foram constatadas ilegalidades.

O CRECI-SC está à disposição para receber denúncias de irregularidades. Envie documentos comprobatórios (fotos, vídeos e relato detalhado) para o e-mail [email protected] ou WhatsApp (48) 3203-9223.

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