Educação

Combate ao racismo diariamente, na escola: conheça o projeto 365 Dias de Consciência Negra

Projeto 365 Dias de Consciência Negra visa lutar contra pensamentos e práticas racistas, ainda intrínsecas em nosso dia a dia

18 de novembro de 2023

Projeto 365 Dias de Consciência Negra é desenvolvido com alunos da Escola Básica Municipal Hermann Guenther e da Escola de Educação Básica Municipal Prof. Curt Brandes. (Foto: Isadora Brehmer / JP)

Combater o racismo desde cedo, começando pela maneira de falar e pela extinção de expressões racistas. Este é o principal objetivo do Projeto 365 Dias de Consciência Negra, desenvolvido com alunos da Escola Básica Municipal Hermann Guenther e da Escola de Educação Básica Municipal Prof. Curt Brandes.

A iniciativa surgiu pelas mãos da professora de Língua Portuguesa, Jocasta Paz Barcellos, que atua nas duas instituições. Ela explica que o projeto prevê diversas ações, como instalação de cartazes, produção de conteúdos para redes sociais, desenhos, criação de personagens e elaboração de poemas, que trabalham a temática da consciência negra e do combate ao racismo.

“O Projeto foi iniciado no começo deste ano, com o propósito de combater o racismo, promover a reeducação linguística, corrigir vocabulários racistas e incentivar a representatividade dos alunos negros em atividades ao longo do ano. A primeira ação desenvolvida foi a criação de cartazes ‘lambe-lambe’, que está prevista no currículo de língua portuguesa e que tem a intenção de espalhar uma mensagem. Estes cartazes foram colados em pontos estratégicos do município, como a Escola, o Posto de Saúde da nossa comunidade, Prefeitura e Câmara de Vereadores, e falam sobre expressões consideradas racistas, que precisam ser combatidas”, afirma.

Estão envolvidas no Projeto 365 Dias da Consciência Negra as turmas do 7º e 8º anos da Escola Curt Brandes e 6º, 8º e 9º da Escola Hermann Guenther.

A professora Jocasta explica que a ideia de criar o projeto surgiu a partir do momento em que percebeu o quanto seria cansativo para uma pessoa, sozinha, corrigir determinadas falas e expressões racistas, no dia a dia, e que deveria haver uma forma de disseminar este conhecimento.

Cartazes de conscientização foram produzidos e espalhados na cidade, pelos alunos. (Foto: Divulgação)

 

“Eu pensei em como poderia incentivar que mais pessoas passassem por esta reeducação de vocabulário e que ajudassem a difundir esta mudança, para que fosse mais abrangente. Foi quando me dei conta de que, por estar na Escola, poderia contar com um batalhão de pessoas que poderiam ser aliadas nisso. Então trouxe a temática para a sala de aula e para os alunos, já que também é nosso papel formá-los enquanto cidadãos empáticos, para a sociedade”, destaca.

A iniciativa teve início com a produção dos cartazes, conscientizando a respeito da necessidade da extinção de certas expressões racistas e mais produções artísticas com o tema serão desenvolvidos. Como “resultado final” será realizado o Sarau Literário da Cultura Negra, no dia 20 de novembro, das 17h às 20h, na Biblioteca Municipal de Pomerode.

 

Objetivo é expansão

Segundo Jocasta, ao observar a sociedade no cotidiano é possível perceber que o racismo acontece diariamente, por isso, precisa ser combatido todos os dias, da mesma forma. E é pensando nisso que a professora destaca que existe o desejo de perpetuar o Projeto 365 Dias de Consciência Negra para as outras escolas do município.

“Espero que no ano que vem mais escolas consigam implementar o projeto, porque é muito possível que todos os professores consigam trabalhar algumas ações relacionadas. Desta forma, conseguiremos expandir este pensamento mais aberto, coibindo expressões e atitudes racistas, dia após dia”, complementa.

Ainda segundo a professora, após meses de realização do projeto, já é possível perceber algumas mudanças no comportamento dos alunos e da comunidade, o que é muito positivo, em sua avaliação.

“O racismo é uma realidade que não pode ser ignorada e é muito cansativo lutar contra ele sozinho e a Língua Portuguesa está profundamente ligada a racismo, pelos vocabulários, principalmente. Por isso, precisamos unir os alunos, a Escola e a comunidade para promover a educação e a conscientização racial. Cada um de nós tem um papel importante neste processo. Inclusive para estimular a representatividade. Para este fim, também estamos criando um personagem negro, a fim de fazer as crianças negras se enxergarem nele e se sentirem representadas”, comenta.

A bibliotecária Clauciane Conceição dos Reis, que também participa das ações do Projeto, comenta sobre a importância de falar sobre o racismo.

Foto: Divulgação

 

“É um assunto que incomoda, então sabemos que vai trazer um resultado. Vemos que as pessoas precisam ser provocadas para sair do comodismo e do senso que é normal e que certas pessoas não pertencem àquela sociedade. Quando eu era criança, acreditava que algumas coisas eram normais, e hoje eu vejo que precisamos tirar esse pensamento das crianças, para não aceitar algumas situações. A escola é o principal lugar para começar esta mudança, pois as vezes vemos que é mais fácil mostrar a uma criança, adolescente, do que convencer a um adulto destes conceitos. Crianças e adolescentes recebem melhor”, declara.

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