Esporte

Botafogo também pode abdicar de vaga na LPD

O Campeonato Regional da LPD teve, na semana passada, mais uma baixa. Depois do Vera Cruz anunciar,
oficialmente, a sua desistência da competição, outro time tradicional resolveu seguir pelo mesmo caminho.

1 de junho de 2015

O Campeonato Regional da LPD teve, na semana passada, mais uma baixa. Depois do Vera Cruz anunciar, oficialmente, a sua desistência da competição, outro time tradicional resolveu seguir pelo mesmo caminho. Trata-se do Botafogo, atual campeão, que teve no fator financeiro o principal motivo para a tomada dessa decisão. Foi o momento mais difícil para mim, que estou há 27 anos como dirigente de futebol amador de Pomerode, sendo quatro no Floresta e 23 no Botafogo, principalmente pelo fato de a equipe ser a atual campeã e também comemorar o seu cinquentenário em 2014, enfatiza o presidente da agremiação, Jürgen König.
Ele se baseia nos preços que estão sendo praticados no mercado futebolístico. Para montar uma equipe competitiva, o clube gasta entre R$ 70 mil e R$ 100 mil. Além disso, está cada vez mais dificultoso buscar parcerias, pois muitas empresas não têm mais interesse em investir no esporte, ressalta. Segundo König, em 2013, o Botafogo gastava entre R$ 6 mil e R$ 6,5 mil por partida. Para este ano, mantendo-se a mesma média, em 14 jogos (sem a final), o valor chegaria a R$ 84 mil. Com a taxa de arbitragem, segurança, materiais e despesas de registros de atletas, o valor ficaria próximo de R$ 96,6 mil. Considerando o patrocínio, receita com bilheteria e lucro do bar, teríamos um déficit de quase R$ 48 mil, o que torna inviável a nossa participação, complementa. O clube tem até o dia 31 de janeiro, sexta-feira, para oficializar a desistência, mas segundo o presidente, depois que foi anunciada a saída do campeonato, houve alguns jogadores que aceitaram participar em condições bem diferentes que as normais praticadas.
Para o mandatário do Botafogo, o mercado da bola está inflacionado em nosso município e os principais fatores para esta alta seriam os dirigentes dos clubes de Pomerode, nível histórico dos Campeonatos da LPD, além da rivalidade esportiva entre as equipes participantes. Por exemplo, há jogadores na LPD ganhando entre R$ 600 e R$ 800 por jogo. Inclusive, já levantei em reunião dos dirigentes na LPD que deveríamos estabelecer um teto para pagamento de, no máximo, R$ 300. Com certeza, fui criticado por muitos, mas acredito que essa seria uma das soluções para que essa situação seja minimizada, relata. Ele acrescenta também o fato de o Poder Público não auxiliar nas despesas da arbitragem, que passaram a ser de responsabilidade dos clubes. Tudo é válido e ajuda amenizar os custos. Ano passado, houve uma alteração expressiva, na minha concepção, em relação à taxa de arbitragem, que há muitos anos era paga por convênio com a Prefeitura Municipal de Pomerode. Só que agora, nós temos que ‘desembolsar mais R$ 800 por jogo para a LPD, o que também contribui para desfasar, ainda mais, o nosso caixa.
Com certeza, quem vai perder com isso são os torcedores, que não poderão ir ao Estádio torcer pelo seu clube de coração, além da própria competição, que perderá uma de suas principais equipes. Desde o dia 15 de dezembro de 1995, quando inauguramos a nova sede, é a primeira vez que não participaremos de competição promovida pela LPD. Acredito que muitos torcedores nem saibam ainda, já outros estão tristes, como também aqueles que já nos parabenizaram pela atitude corajosa, considerando os valores elevados envolvidos para montar uma equipe competitiva. Nós, dirigentes, temos que ter coragem de falar e assumir o que pensamos. Se não repensarmos, urgentemente, nosso jeito de fazer futebol, financeiramente falando, afirmo que o Campeonato Regional da LPD acabará, no futuro, enaltece König. Ele se refere ao fato de outras competições se tornarem mais atrativas para os clubes, como na cidade de Blumenau, onde as despesas não são custeadas pelas agremiações.
Algumas ações estão sendo programadas para movimentar a sociedade neste período, como fortalecer o time de Veteranos, que joga uma a duas vezes por mês, além de viabilizar a participação da equipe no Campeonato Municipal. Vai sobrar tempo e espaço para definir outras atividades esportivas daqui para frente, diz, acrescentando que a sua grande preocupação é a questão da continuidade e do retorno da modalidade, porque há muitos que gostam de futebol de qualidade e esse sai carro. Além disso, existem outros fatores que podem influenciar na minha continuidade ou não à frente do Botafogo. Sou presidente desde julho de 1991, fiquei fora por um período de cinco anos, quando fui Diretor de Futebol e também atuei como vereador. Em fevereiro, teremos eleições e nesse momento ainda não tenho convicção de ser candidato à reeleição, pois por mais que a gente se dedique ao clube, trabalhe incansavelmente aos fins de semana, muitas vezes somos incompreendidos. Quando isso acontece, baixa a empolgação e a motivação, aí entendo melhor deixar para aqueles que possam realizar um trabalho melhor, finaliza König.
Quem também não irá participar da competição regional é o Aza Branca, de Apiúna, que havia pré-confirmado a sua participação na reunião realizada no dia 19 de dezembro de 2013. Segundo o diretor de futebol da equipe, Volmir Meneghelli, a desistência se deu pela taxa de arbitragem de R$ 800. Na outra competição que iremos participar, o Campeonato Amador da LBF (Liga Blumenauense de Futebol), não haverá a cobrança, pois vai haver o patrocínio de uma grande empresa. Temos um orçamento já definido e ele não cobriria nossas despesas caso participássemos em Pomerode. Por isso, em reunião, resolvemos abdicar da nossa vaga, ressalta.

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