A sustentabilidade em foco, na Rota do Enxaimel

A Rota do Enxaimel é conhecida por sua rica tradição cultural e arquitetura enxaimel, mas recentemente tem ganhado destaque por suas ações voltadas à sustentabilidade.

Reconhecida como um dos “100 destinos Stories” pela Green Destinations, a rota tem se destacado mundialmente pelas boas práticas em responsabilidade ambiental e preservação do meio ambiente. Um dos exemplos mais recentes e significativos dessas práticas é a adoção de sacolas compostáveis por diversos estabelecimentos que compõem o roteiro turístico.

Essa iniciativa começou após ideia de Albert Sabin em conjunto com Ivan Blumenchein, que decidiram fazer com que a Rota do Enxaimel, pudesse ser reconhecida como um roteiro modelo de sustentabilidade nacional e internacional, já que o local conta natureza abundante.

A partir dessa ação, a Associação da Rota do Enxaimel viu uma oportunidade de expandir a ideia para outros comerciantes e criar uma sacola personalizada com a marca da rota. O objetivo é que todos os associados passem a utilizar esse modelo de sacola, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e o turismo responsável. Essa ação coletiva fortaleceu a imagem da Rota do Enxaimel como um destino que integra turismo cultural e preservação ambiental.

Entre os comerciantes que aderiram à iniciativa está Eleonora Pein, uma figura conhecida na região por seu trabalho com bolachas artesanais. Eleonora, que tem mais de 30 anos de experiência na produção de bolachas, agora utiliza as sacolas compostáveis em seu negócio, atraindo a atenção de ações podem fazer a diferença no cuidado com o meio ambiente. “Os clientes estão gostando muito da ideia, principalmente, os turistas de cidade grande, que ficam curiosos quando a gente embala em nossa sacola compostável. Quando trouxeram essa ideia, fiquei muito interessada em trazer este material sustentável para meu estabelecimento. É uma forma da gente cuidar do nosso meio-ambiente,” relata Eleonora, mostrando como o público tem recebido a novidade de maneira positiva.

O impacto das sacolas compostáveis vai muito além de sua utilidade prática. Ao adotá-las, os comerciantes da Rota do Enxaimel estão contribuindo para a redução de resíduos plásticos e, ao mesmo tempo, oferecendo aos turistas um exemplo claro de como práticas sustentáveis podem ser aplicadas no dia a dia. A escolha por sacolas compostáveis, fabricadas a partir de materiais de fontes renováveis, demonstra um cuidado com o ciclo de vida dos produtos e sua destinação final.

Essas sacolas são fabricadas a partir de insumos como milho, mandioca, batata e beterraba, o que permite que sejam degradadas em um ambiente de compostagem em um período de 12 semanas a 60 graus Celsius. Segundo o Prof. Dr. Joel Dias da Silva, Coordenador do Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental da FURB (PPGEA/FURB), essas sacolas oferecem uma alternativa eficiente e menos danosa ao meio ambiente do que as tradicionais sacolas plásticas.

Eleonora Pein utiliza sacolas compostáveis em seu estabelecimento. (Foto: Raphael Carrasco / JP)

“As sacolas compostáveis são fabricadas para se degradarem em 12 semanas a 60 graus Celsius, e poderão ser descartadas juntamente com os resíduos orgânicos, pois são feitas de fontes renováveis a partir do milho, mandioca, batata, beterraba, entre outros. Logo, se houver alguma unidade de compostagem, estas sacolas poderão ser encaminhadas para lá, sem separação prévia. Já as sacolas tradicionais são feitas a partir de matérias-primas não petroquímicas, trazendo como impacto maior a esgotabilidade da matéria-prima e tempo de decomposição estimado em décadas e até centena de anos”, explica o professor, enfatizando os benefícios ambientais dessas sacolas.

Além de destacar a eficiência das sacolas compostáveis, o professor Joel também explica o processo de compostagem, que é o destino ideal para esse tipo de material. “A compostagem é um processo de transformação de resíduos orgânicos em adubo natural, também chamado de composto orgânico. Há unidades especificamente projetadas para que o processo ocorra eficientemente. Este é um processo biológico, onde microrganismos farão a decomposição de sobras de culturas, frutas, verduras, esterco, folhas e restos de comida e transformam no composto orgânico, um adubo natural e rico em nutrientes, que pode ser usado na agricultura ou em jardins”, detalha.

De acordo com Rogério Siewert, presidente da Associação, com a implementação das sacolas compostáveis, a Rota do Enxaimel reforça seu compromisso com o turismo sustentável, criando um ciclo virtuoso que beneficia tanto os moradores locais quanto os visitantes. Para os turistas, essa ação oferece um novo olhar sobre a forma como as pequenas escolhas de consumo podem impactar positivamente o meio ambiente. Já para os comerciantes, como Eleonora Pein, a iniciativa representa uma maneira de alinhar seus negócios aos princípios da sustentabilidade, atraindo um público mais consciente e preocupado com o futuro do planeta.

“O reconhecimento da Green Destinations não veio por acaso. A Rota do Enxaimel tem mostrado que é possível conciliar tradição cultural com práticas modernas e ambientalmente responsáveis. O uso de sacolas compostáveis é apenas um dos exemplos de como essa comunidade está engajada em promover um turismo mais consciente, onde a preservação dos recursos naturais é parte fundamental da experiência turística. O esforço coletivo dos comerciantes, somado à consciência ecológica da comunidade, tem sido um diferencial que atrai a atenção de turistas de todo o mundo”, ressalta Siewert.

Green Destinations

Fundada em 2014, a Green Destinations apoia destinos e empresas a adotarem práticas mais responsáveis, por meio de um programa abrangente de certificação, relatórios de avaliação e ferramentas de suporte. No Brasil, o Instituto DEL é o parceiro responsável pela operação desse programa e pela promoção do turismo sustentável no país.
Para entrar na lista, a Rota do Enxaimel passou por uma avaliação rigorosa. Foram analisados 15 critérios essenciais de sustentabilidade, com base nas diretrizes do Conselho Global de Turismo Sustentável (GSTC).

Ao todo, foram mais de 170 inscrições de 45 diferentes países. Os critérios de seleção consideraram elementos como a qualidade da história, aplicabilidade, nível de inovação e presença de todos os pilares da sustentabilidade.