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“A intenção dele era matar os pais enquanto estivessem dormindo”: Polícia Civil revela detalhes do caso do filho que planejou a morte dos pais, em Indaial

Em coletiva de imprensa, Polícia Civil detalha crime que chocou o Vale do Itajaí

2 de fevereiro de 2024

Foto: Raphael Carrasco / JP

Na manhã desta sexta-feira, 02 de fevereiro, a Polícia Civil realizou uma coletiva de imprensa para detalhar o caso do filho que planejou a morte dos pais, em Indaial. O crime ocorreu na segunda-feira, 29 de janeiro, e o pai foi morto.

De acordo com o delegado de Polícia Civil de Indaial, Filipe M. A. Pereira, o planejamento do crime teria começado há cerca de dois meses, segundo a confissão do filho do casal atacado. O comportamento do filho e alguns sinais iniciais na casa despertaram a suspeita da Polícia.

“Inicialmente, o caso nos despertou estranheza, pois a casa era repleta de câmeras, mas quando a Polícia começa a analisar as imagens, não consegue identificar ninguém, algo que nos chamou atenção. Quando chegamos à residência, após o ocorrido, soubemos que três pessoas moravam na casa, mas a terceira pessoa, no caso o filho, não estava no local e chega depois. E em um primeiro momento já apresenta uma narrativa inconsistente”, explicou o delegado.

Ainda segundo o delegado Pereira, na análise das imagens e nas primeiras entrevistas, já era possível saber que os autores do crime conheciam o layout, o que aumentou as suspeitas da Polícia Civil.

“Nós realizamos as primeiras oitivas, para iniciar a investigação e, na primeira conversa com o filho do casal, ele afirma inicialmente que estaria na casa de um amigo no momento do crime. Quando começamos a checar, percebemos algumas divergências. O álibi citado pelo filho cria um outro álibi, e, na nossa checagem percebemos que não coincidiam. Então, por fim, ainda nas oitivas, um amigo dele afirma que recebeu uma proposta que se executasse o crime receberia R$ 50 mil e um carro. A namorada deste amigo confirmou que houve esta proposta e que, ele teria começado a orquestrar o crime há cerca de dois meses, o que também foi dito por este amigo”, conta o delegado.

 

A cronologia do crime

Segundo a Polícia Civil, na análise das imagens das câmeras da casa, é possível ver que o filho do casal sai de casa de forma sorrateira após os pais irem dormir, por volta das 22h50min e deixou a porta dos fundos e uma janela abertas.

O crime ocorreu por volta da 0h20min e, em novo interrogatório do filho, ele confessou como tudo aconteceu. “Uma outra testemunha ouvida por nós afirmou que o filho queria participar do crime. Ele informou ao amigo o layout das câmeras da casa, o que dificultou nossos primeiros passos. Na confissão, ele contou que foi para a casa do amigo, os dois trocaram de roupa e voltaram à casa das vítimas. Durante o percurso, o filho perde a arma do crime, pois passaram região de mata, e depois a Polícia encontra uma imagem de uma pessoa entrando na cozinha no momento do crime, com camisa no rosto. Com essa imagem comparamos o jeito de andar e estatura coincida com ele, e um familiar o identifica. Também na confissão, ele afirma que o plano era que o filho mataria o pai e o amigo mataria a mãe”, disse o delegado.

Segundo o delegado Filipe Pereira, houve um fato que alterou o andamento do plano. Quando o filho e o amigo estavam dentro da casa, o pai ouviu e saiu do quarto. Neste momento o amigo golpeia o pai no pescoço, entram em luta corporal.

Durante a luta, o pai teria dado um chute no filho, sem saber, e logo depois a mãe acorda e também sai do quarto. Sem identificar o filho, ela vai naquela direção e o filho a golpeia na região do tórax, de seis a sete vezes, segundo a confissão. Depois que o amigo neutraliza o pai, vai para cima da mãe, golpeia nas costas e na região da têmpora. Neste momento, os dois acham que o casal está morto e fogem. A dupla segue para o local onde disseram que estariam, tomam banho e trocam de roupa. O filho, segundo o delegado, colocou a roupa com a qual saiu de casa, para tentar não levantar suspeitas.

 

A confirmação da suspeita e prisão

Ainda de acordo com o delegado da Polícia Civil de Indaial, com base nas primeiras oitivas, elementos obtidos e na apreensão dos celulares, representou-se pela prisão do filho do casal e do amigo dele. Em novo interrogatório, que durou duas horas, ao perceber que estava sem saída, o filho confessou o crime e o planejamento.

“A intenção dele era matar os pais enquanto estivessem dormindo. O filho aparentou ter um ódio, revolta grande dos pais, por questões do dia a dia, pois trabalhava como pai na empresa dele, uma pequena metalúrgica. Segundo o filho, ele era tratado mesmo dentro de casa como funcionário, o que o fez tomar a decisão de matar os pais”, afirmou o delegado.

O agente de Polícia Civil de Indaial, Bruno Montero, disse que, quando o filho chegou ao local e foi informado do que houve, se assustou mais ao saber que a mãe estava viva.

“A reação dele ao saber que a mãe estava viva foi de surpresa. Isso nos causou estranheza e despertou uma suspeita inicial. Mas respeitamos o momento de suposto luto e deixamos para fazer a oitiva dele posteriormente”.

“O filho não tinha reações compatíveis com alguém que acabou de perder o pai e que tinha a mãe hospitalizada. Em geral, ele não esboçava muitas reações”, complementa o delegado de Indaial.

Ainda, na confissão, o jovem, de 18 anos, afirmou que venderia o carro e outros pertences, após o crime e que daria uma parte do dinheiro ao amigo. Segundo o delegado de Indaial, havia a intenção de comprar uma chácara e produzir maconha, pois já havia certo envolvimento dele com drogas.

“Agora estamos tentando esgotar as possibilidades de participação de mais pessoas, como coautores ou que tenham participado de alguma forma. A investigação continua e vamos apurar todas as informações acerca do consumo de drogas e se a família sabia ou não”, afirma o delegado.

A mãe do autor do crime segue hospitalizada. Também participaram da coletiva o delegado de Indaial Romildo Parno e a delegada Regional de Polícia Civil, Juliana Tridapalli.

Confira a entrevista coletiva, na íntegra:

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