A beleza da cerâmica, com personalidade e delicadeza

Peças únicas, exclusivas e com personalidade, feitas a partir da argila. Esta é a proposta do Pequena Alemanha Ateliê de Cerâmica, localizado à Rua Frederico Weege, 363 e que reúne trabalhos das ceramistas Walquíria Schuster e Juliana Silva.

Walquíria conta que teve o primeiro contato coma cerâmica aos 19 anos, quando fez a sua primeira faculdade de Artes, em Blumenau. “Eu fiquei encantada, porque eu pensava como é possível a gente modelar uma peça, dar forma, conseguir criar do zero algo com a argila. Aquilo me encantou. Eu já fui empresária, sou arquiteta de formação, mas a cerâmica me completa mais do que todas as outras coisas que eu fiz, então sempre foi uma grande paixão”, conta.

Quando Walquíria e seu marido, Klaus Liesenberg, resolveram construir a casa em Pomerode, surgiu a ideia de fazer um ateliê de cerâmica na parte da frente da casa. Depois de um tempo, se uniu à também ceramista Juliana Silva.

“Eu cresci dentro do ateliê de cerâmica do meu pai, Sr. Evaldo, ceramista há 50 anos, que ensinou o oficio a mim e a meu irmão. Nesta realidade, fiz minhas primeiras peças com 13 anos. Trabalhei com meu pai até os 20, quando fui para São Paulo, onde morei por 12 anos, trabalhando com outras coisas. Mas sempre que retornava a Blumenau, eu produzia algumas peças no torno. Na pandemia eu passei por uma ressignificação e senti que era com a cerâmica que eu deveria trabalhar. A partir daí tudo começou a dar certo. Eu tive meu ateliê em São Paulo por questão de trabalho mesmo, pois lá há muitas oportunidades de aprender técnicas, há muitas coisas diferentes, que aqui eu não tinha acesso”, relembra Juliana.

“Eu já estava com o ateliê montado há oito meses e eu não dava conta sozinha. Então, como eu fazia algumas coisas com o pai da Juliana e assim começou a nossa parceria. Hoje, trabalhamos de segunda a sábado, sempre nos adaptando conforme a demanda”, completa Walquíria.

Personalidade na cerâmica

Walquíria e Juliana comentam que cada peça produzida por elas é pensada e planejada nos mínimos detalhes.

“Sempre fazemos um estudo, um planejamento, antes de começar a preparar a peça. Nós criamos uma história para tudo e este é um dos segredos, pois é desta forma que as peças passam a ter personalidade. E quando os clientes nos visitam se encantam com as peças pois se identificam com elas, pois existe uma conexão”, reforçam.

Por terem raízes alemãs na história da família, esta é uma das inspirações para as peças criadas, que tem conexão com histórias e tradições da cultura alemã. “Talvez essa seja uma das diferenças também, que destacam nossas peças. Tentamos ter cuidado com os mínimos detalhes, com o selo de Pomerode, a nossa logomarca, tudo isso para que as pessoas se lembrem de nós e de Pomerode, ao verem a peça”, afirmam.

Foto: Isadora Brehmer / JP

Além de elementos da cultura alemã, as peças produzidas por Juliana e Walquíria têm elementos tipicamente pomerodenses, além de inspirações na natureza, com cores que lembram a terra, flores, água e animais.

Trabalho de paciência e dedicação

Apesar de o resultado final parecer mágica, Walquíria e Juliana afirmam que o sucesso em produzir belas peças passa por muito estudo sobre materiais e técnicas, além de prática e tentativas.

“Vamos aprendendo com o tempo e com a experiência. A arte em cerâmica não é uma fórmula mágica, pode acontecer de moldarmos a peça e, ao colocar no forno, rachar e perder todo o trabalho de semanas. Com estas experiências vamos aprendendo e melhorando os processos, para ter peças cada vez mais belas e também resistentes, algo pelo qual também primamos”, destacam.

O processo, em resumo, parece simples. A peça é modelada ou torneada, depois precisa secar completamente antes de ir para a sua primeira queima a 950°C depois é feita pintura e esmaltação das peças e em uma segunda etapa aonde é nela que as peças se tornam resistentes e prontas para uso utilitário a queima atinge 1240ºC.

Foto: Isadora Brehmer / JP

O resultado são belas canecas, pratos, objetos de decoração, inclusive agora no Natal, com árvores e coroas do advento.

O visitante que escolher visitar o Pequena Alemanha ateliê de cerâmica poderá também ter a sorte de acompanhar alguns dos processos, a modelagem, pintura e finalização das peças. O ateliê está aberto de segunda a sexta-feira, das 10h ás 18h, e aos sábados das 10h às 17h. Hoje o ateliê também é associado à Rota Raízes Germânicas e à Associação Visite Pomerode (Avip).

Foto: Isadora Brehmer / JP

Walquíria modela algumas flores à mão. (Foto: Isadora Brehmer / JP)

Juliana modela as peças com um torno. (Foto: Isadora Brehmer / JP)

Foto: Isadora Brehmer / JP